Em 1890
fixa-se no Rio de Janeiro, onde se une ao grupo de poetas simbolistas, publica
um livro de versos e colabora na imprensa. Vive de um modesto emprego na
Estrada de Ferro Central do Brasil. Casa-se em 1893 e seu lar é entristecido
pela loucura da esposa. O poeta, minado pela tuberculose, morre alguns anos
depois, em Minas, longe de seus filhos.
Cruz e
Sousa, o Cisne Negro, é a figura central do simbolismo brasileiro. Impugnado
pelos contemporâneos, teve a glorificação dos pósteros. Traduziu em versos
frementes toda a angústia e revolta de sua alma sofredora, opressa pelo estigma
da raça.
São os
seguintes os livros em verso do poeta negro: Broquéis (1893), Faróis (1900),
Últimos Sonetos (1907) e O Livro Derradeiro (1961.
Em prosa
escreveu Tropos de Fantasias, Missal,
Evocações.
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ACROBATA DA DOR
Gargalha, ri, um riso de tormenta,
Como um palhaço, que desengonçado,
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
De uma ironia e de uma dor violenta.
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
Agita os guizos, e convulsionado
Salta, gravoche, salta, clown, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta...
Pedem-te bis e um bis não se despreza!
Vamos! Retesa os músculos, retesa
Nessas macabras piruetas d ‘aço...
E embora caias sobre o chão, fremente,
Afogado em teu sangue estuoso e quente,
Ri! Coração, tristíssimo palhaço.
CRUZ E SOUSA – A LITERATURA BRASILEIRA ATRAVÉS DOS TEXTOS,
de Massaud Moisés, Ed. Cultrix, São Paulo, 1979. Pag. 300
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