1 de dezembro de 2018
Em dois meses, minha mãe completa 100 anos de vida e diz que
nunca viu nada igual ao que está testemunhando hoje.
Ela passou pela ditadura Vargas, pelas tentativas comunistas
de tomada do poder, a começar em novembro de 1935, depois por tantos governos
diferentes e tantos planos de salvação nacional, mas nunca viu uma reação como
agora, contra o estado de coisas em que enterraram o país. Uma reação popular e
pacífica, de uma maioria que cansou de ser enrolada, ludibriada, enganada –
desculpem usar tantos sinônimos para a mesma mentira.
Eu mesmo, em meus quase 80 anos de Brasil, nunca vi nada
igual.
Eu diria que se trata de uma revolução de ideias, tal a
força do que surgiu do cansaço de sermos enganados.
Mencionei a primeira tentativa comunista de tomada do poder,
há 83 anos. Naquele 1935, houve reação pelas armas. Nas outras tentativas, no
início dos anos 60, a reação veio das ruas, que atraiu as armas dos quartéis. A
última, veio pelo voto, na mesma linguagem desarmada, com que começou a sutil
tentativa tucana, para desaguar nos anos petistas, já com a tomada das escolas,
dos meios de informação, da cultura – com aquela conversa que todos conhecemos.
De repente, acordamos com a família destroçada, as escolas dominadas, os
brasileiros separados por cor e renda, a cultura nacional subjugada, a História
transformada. Mas acordamos.
Reagimos no voto, 57 milhões, mais alguns milhões que tão
descrentes estavam que nem sequer foram votar.
O candidato havia sido esfaqueado para morrer, nem fez
campanha, não tinha horário na TV, nem dinheiro para marqueteiro. Mas ficou à
frente do outro em 10 milhões de votos. Ainda não se recuperou da facada, a
nova intentona; precisa de mais uma cirurgia delicada, mas representou a reação
da maioria que não quer aquelas ideias que fracassaram no mundo inteiro, que
mataram milhões para se impor e ainda assim não se impuseram.
O que minha mãe nunca viu é que antes mesmo de o vitorioso
tomar posse, as ideias vencedoras da eleição já se impõem.
Policiais que tiram bandidos das ruas já são aplaudidos pela
população; juízes se sentem mais confiantes; pregadores do mal já percebem que
não são donos das consciências; as pessoas estão perdendo o medo da ditadura do
politicamente correto, a sociedade por si vai retomando os caminhos perdidos,
com a mesma iniciativa que teve na eleição de outubro, sem tutor, sem protetor,
sem condutor. Ela se conduz.
O exemplo mais claro desse movimento prévio ao novo governo
é a retirada cubana, no rompimento unilateral de um acordo fajuto, de seus
médicos, alugados como escravos ao Brasil.
Cuba “passou recibo” na malandragem e tratou de retirá-los
antes que assumisse o novo governo, na prática confessando uma imoralidade que
vai precisar ser investigada no Brasil, para apontar as responsabilidades, tal
como ainda precisam ser esclarecidos créditos do BNDES a ditaduras, doação de
instalações da Petrobras à Bolívia, compra de refinaria enferrujada no Texas, e
tantas outras falcatruas contra as quais a maioria dos brasileiros votou em
outubro.
(Texto do jornalista Alexandre Garcia)
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