25 de novembro de 2018
♦ Afonso
de Souza
Homenagem a Soror Caridade no antigo convento
das clarissas em Nuremberg
Em 1517, Martinho Lutero publicou suas 95 teses contra a
Igreja Católica. Excomungado em 1521, foi condenado como fora da lei por Carlos
V, Imperador do Sacro Império Romano Germânico. Mas não deixou de semear sua
pestilenta doutrina na Alemanha, levando quase dois terços do país à apostasia.
Nuremberg, ao norte da Baviera, aceitou em 1525 a pseudo-Reforma protestante e
passou a perseguir os católicos que não se curvavam ante a heresia.
Lutero, causa de muitas ruínas
Lutero na Dieta de Worms diante de Carlos V – Anton von Werner, 1877. Staatsgalerie Stuttgart, Alemanha.
Em Nuremberg — cidade que se destaca por sua arquitetura
medieval, em particular pelas fortificações e torres de pedra — havia um
convento de freiras clarissas com 60 religiosas. A começar pela priora, Bárbara
Pirckheimer, todas provinham de famílias da aristocracia local. Primogênita
entre 12 irmãos, a Irmã Bárbara decidira entrar para o convento aos 16 anos,
tomando o nome de Irmã Caridade. Recebeu a educação humanística em voga naquela
época, sobressaindo-se no latim. Seu irmão Willibald, seduzido infelizmente
pelas ideias de Lutero, estudou na Itália e se tornou um dos mais importantes
humanistas alemães.
Já em 1517 a doutrina de Lutero começara a conquistar
terreno em Nuremberg. Aos poucos, com a enorme apostasia que se seguiu, os
dirigentes da cidade começaram a fazer pressão sobre as freiras clarissas, para
que cedessem e aderissem ao luteranismo. Resistindo quase sozinhas à heresia,
lideradas pela Irmã Caridade, elas se opuseram firmemente a abandonar a
verdadeira fé. Foram cruelmente perseguidas de 1524 a 1528 pelo Conselho
herético da cidade, e registraram tudo na crônica “Fatos Memoráveis”, documento
de inestimável valor histórico e espiritual.
Essa valorosa superiora sabia bem o que as novas ideias
representavam, e afirmou: “A doutrina de Lutero tem sido a causa de muitas
ruínas. Cruéis discórdias têm desgarrado a Cristandade, as cerimônias das
igrejas foram mutiladas, e em muitos lugares se abandonou repentinamente o
próprio estado [religioso], pois se pregava a suposta liberdade cristã,
repetia-se que as leis da Igreja e os votos já não obrigavam a ninguém. A
consequência de tal argumentação foi que bom número de monges e monjas usaram
esta liberdade para abandonar o claustro e deixar seus hábitos. Muitos
inclusive se casaram, agindo apenas de acordo com sua fantasia”.
Na pintura ao lado: Retrato de mulher, do pintor Albert
Dürer, não assinado: os especialistas julgam que representa a Irmã Caridade
Pirckheimer.
Pressões para forçar apostasias
Representação de Nuremberg
poucos anos antes da apostasia,
quase geral, nas garras da heresia luterana
poucos anos antes da apostasia,
quase geral, nas garras da heresia luterana
Baldados os primeiros intentos, o Conselho municipal
recorreu aos familiares das religiosas, para que pressionassem suas filhas,
irmãs e sobrinhas a ceder. Durante toda a Quaresma de 1525 houve na cidade
contínuos debates entre os que aderiram à nova doutrina e alguns religiosos e
sacerdotes ainda fiéis. O Conselho anunciou então a intenção de retirar das
irmãs o atendimento espiritual proporcionado por esses sacerdotes,
substituindo-os por pastores da nova religião. Diz a Irmã Caridade: “Desde
esse dia fomos privadas da confissão, da comunhão e de todos os sacramentos,
inclusive em perigo de morte”.
A priora e suas freiras foram obrigadas a aceitar os
pregadores do Conselho local, mas rechaçaram seus confessores, preferindo
privar-se dos Sacramentos a ceder aos erros. Nesse sentido, ela declarou ao
Conselho: “O Conselho recordará certamente que temos sempre obedecido nas
coisas temporais. Mas, no que diz respeito às nossas almas, obedecemos apenas à
nossa consciência”.
As religiosas foram então submetidas a um verdadeiro
massacre moral. Os pregadores usavam com frequência um tom extremamente
agressivo. As freiras ouviram 111 pregações dessas, mas mantiveram-se
inabaláveis. Por fim, o Conselho desistiu de enviar novos delegados.
As ameaças chegaram enfim às privações econômicas. Na Semana
Santa de 1525, relata a Irmã Caridade: “Quando o curador viu que nunca
chegaria a vencer minha resistência, mudou de tema e falou-me de um
levantamento de camponeses que tinham se rebelado, em número muito
considerável, para saquear os conventos e expulsar ou condenar à morte todos os
religiosos e as religiosas; que no convento daquela cidade não deveria
permanecer uma só clarissa; que faríamos bem em refletir e não dar motivo a um
grande massacre”.
Enquanto isso, a situação em Nuremberg só piorava. Um dia
depois da Páscoa, todo culto católico foi proibido. Começaram as apostasias,
primeiro dos agostinianos, “que eram a fonte de todas as desgraças”, depois
dos carmelitas, dos cartuxos. Todos abandonavam seus hábitos, não cantavam mais
o Ofício Divino e rezavam os ofícios de acordo com sua fantasia subjetiva.
Muitos se casavam.
Em clima de tão geral apostasia, as pressões sobre as
clarissas chegaram ao auge. Diariamente eram ameaçadas de serem tiradas à força
do mosteiro, cujo claustro deveria ser demolido até os fundamentos. Relata a
Irmã Caridade: “Nós nos convertemos para todos, grandes e pequenos, em
objeto de desprezo. […] Somos objeto de maior desprezo que as mulheres
públicas, as quais nos dizem que valemos verdadeiramente menos do que elas. […]
Não querem que ninguém chame mais nossos conventos de ‘claustros’, mas de
hospícios, nem que as irmãs se chamem ‘cônegas’; que a abadessa e a priora
devem ser chamadas de ‘diretoras’, e não deve existir distinção alguma entre os
clérigos e os leigos”.
Resistência e o prêmio pela fidelidade
Essas lídimas seguidoras de Cristo permaneciam assim firmes
na Fé. E de tal maneira, que o próprio Felipe Melanchton, número dois de
Lutero, chegou a visitá-las pessoalmente, para tentar convencê-las. Mas nada
conseguiu, e saiu admirado pela firmeza da abadessa.
A vida continuou para elas, sempre na mesma resistência, até
que em 1532 a Irmã Caridade recebeu no Céu o prêmio de sua fidelidade a Cristo.
Foi sucedida por sua irmã Clara, e depois pela sobrinha Catarina. Desde o início
o Conselho havia proibido as clarissas de receber noviças, e as religiosas iam
morrendo sem deixar sucessoras. A última delas, Irmã Felicidade, faleceu aos 91
anos em 1591. O Conselho da cidade tomou então posse do convento dessas
heroicas resistentes da Santa Igreja.
Assim desapareceram aquelas 60 filhas de Santa Clara, que
haviam afirmado: “Sofreremos aquilo que Deus queira nos enviar. É melhor
sofrer por causa do mal do que consentir em fazer o mal”.
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Comentário:
Luiz Guilherme Winther de Castro
26 de novembro de 2018
E ainda há bispos e padres desejando união entre os
protestantes e católicos?
Nunca concordei com o tal ecumenismo em assuntos religiosos. Aceitar uma união de esforços para tratar de um assunto social, de caridade, de socorro, ou mesmo de uma convivência pacífica entre crenças e igrejas, uma vez que o país faz questão de ser laico, tudo bem! Cada um acreditando no que deseja acreditar e cada um na sua, desde que fazendo o bem e não o mal.
Quanto a Martinho Lutero, essa figura perniciosa, qual foi mesmo a famosa reforma protestante que ele fez? Reformou o que? Que eu saiba, ele criou uma outra igreja, uma outra crença, com suas ideias mirabolantes e não reformou nada.
A Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana continuou sendo a mesma, com seus dogmas e costumes e não sofreu reforma alguma. Quanto aos costumes e práticas religiosas, com a evolução dos tempos houve transformações sempre visando o melhor para o católico. A Igreja é santa, não erra. ela é a casa de Deus. Os homens que dela participam, estes sim, podem errar. e como erramos.
Portanto, a padre que queria casar-se, o tal de Martinho Lutero, não reformou coisa alguma, provocou uma tremenda cisão na Igreja e pelo que me consta, arrependeu-se no fim da vida e até mandou chamar um padre seu amigo para confessar-se. Seria verdade?
Nunca concordei com o tal ecumenismo em assuntos religiosos. Aceitar uma união de esforços para tratar de um assunto social, de caridade, de socorro, ou mesmo de uma convivência pacífica entre crenças e igrejas, uma vez que o país faz questão de ser laico, tudo bem! Cada um acreditando no que deseja acreditar e cada um na sua, desde que fazendo o bem e não o mal.
Quanto a Martinho Lutero, essa figura perniciosa, qual foi mesmo a famosa reforma protestante que ele fez? Reformou o que? Que eu saiba, ele criou uma outra igreja, uma outra crença, com suas ideias mirabolantes e não reformou nada.
A Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana continuou sendo a mesma, com seus dogmas e costumes e não sofreu reforma alguma. Quanto aos costumes e práticas religiosas, com a evolução dos tempos houve transformações sempre visando o melhor para o católico. A Igreja é santa, não erra. ela é a casa de Deus. Os homens que dela participam, estes sim, podem errar. e como erramos.
Portanto, a padre que queria casar-se, o tal de Martinho Lutero, não reformou coisa alguma, provocou uma tremenda cisão na Igreja e pelo que me consta, arrependeu-se no fim da vida e até mandou chamar um padre seu amigo para confessar-se. Seria verdade?
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