Se elas não sabem...
...imagine nós, homens. Falo por mim, que consulto a minha
sobre qualquer coisa importante. A atual indecisão das mulheres em relação às
eleições é recorde, e essa inapetência eleitoral explica muito do estado de
(des) ânimo geral. Afinal, elas são 52,5% do eleitorado, ou seja, a maioria que
determina o resultado final. O problema é que, segundo pesquisa do Datafolha,
80% das eleitoras ainda não escolheram um nome em quem votar: 54% estão em
dúvida, e 26% se declararam a favor do voto em branco ou nulo.
Não se trata de idiossincrasia feminina, não é uma questão
de gênero. Há motivos específicos de discordância, como a dissonância entre as
preocupações. A saúde, por exemplo, que para elas deve ser prioridade de
governo, não aparece entre os principais temas de que os candidatos prometem
cuidar.
Além disso, quem não está se sentindo confuso, desconfiado,
insatisfeito e descrente com o quadro atual? Quando me perguntam “o que você
acha que vai acontecer?”, respondo: “se souber, me fala que também não sei”.
Será que o eleitor petista entendeu a última jogada de Lula, desistindo junto
ao STF do recurso em que pedia sua liberdade? Alguém é capaz de descobrir qual
é a ideologia do centrão? Aliás, o que é mesmo esse ajuntamento de interesses
fisiológicos? E qual é a da bela Manuela D’Ávila, sendo tratada mais como miss
do que como vice, na verdade, vice de vice, isto é, de Haddad, que, segundo o
próprio Lula, tem “cara de tucano”? E o general do Bolsonaro, hein, à
extrema-direita do capitão?
A novidade é que, acreditando que a indefinição das mulheres
não é irreversível, os candidatos desenvolveram oportuna (ou oportunista)
estratégia para atraí-las, oferecendo-lhes o cargo de vice, mesmo sem
considerar se elas têm ou tiveram participação nas lutas femininas.
De qualquer maneira, segundo especialistas, o quadro tende a
se alterar com a propaganda no rádio e na TV, e com o acirramento da campanha
na reta final. Eles acham que as mulheres serão decisivas. Eu também.
O Globo, 08/08/2018
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Zuenir Ventura - Sétimo ocupante da Cadeira n.º 32 da ABL,
foi eleito no dia 30 de outubro de 2014, na sucessão do Acadêmico Ariano
Suassuna, e recebido no dia 6 de março de 2015, pela Acadêmica Cleonice
Berardinelli.
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