06 Junho 2018
Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Maria Gravina Ogata nasceu na cidade de Polignano a Mare, na
região da Puglia, no sul da Itália. Com dois anos de idade imigrou para o
Brasil, alguns anos após o término da Segunda Guerra Mundial. É brasileira
naturalizada, Geógrafa e Advogada, com Mestrado em Geografia Física e Doutorado
em Administração Pública.
Até 2008 atuou no setor público como funcionária de carreira
do governo do estado da Bahia nas áreas de planejamento territorial, recursos
naturais, recursos hídricos e meio ambiente, sempre publicando muitos trabalhos
técnicos. Atualmente mora em Cotia, São Paulo, Brasil e atua profissionalmente
como consultora jurídica na área de meio ambiente. Contudo, entrou no mundo
literário ao publicar o livro infantil “O amiguinho inesperado”, em 2016, publicado
pela Reino Editorial. “Os samurais Alagoanos e a Bambina Paulista: Migrar é
Preciso...”, que acabou de publicar, é a sua segunda aventura literária.
“Esses grandes movimentos nem sempre são direcionados por
desejos pessoais, mas principalmente em razão dos fatores históricos que
induzem as pessoas a saírem de seus lugares em busca de melhores oportunidades
de vida.”
Boa leitura!
Escritora Maria Gravina Ogata, é um prazer contarmos com a
sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a
escrever “Os Samurais Alagoanos e a Bambina Paulista - Migrar é Preciso”?
Maria Ogata - A ideia de escrever o livro surgiu a
partir do momento em que me interessei pela elaboração da árvore genealógica de
minha família. Verifiquei que demorou muito tempo para que houvesse uma efetiva
integração dos nossos imigrantes italianos e japoneses com os brasileiros. Isso
me intrigou, pois o Brasil é conhecido pela facilidade com que se dá a
miscigenação entre os povos que buscaram seu território para viver. No caso da
minha família italiana, levou três gerações, e no caso da família japonesa (do
meu marido) levou cinco gerações. Considero que houve muito tempo para se
efetivar a mistura de raças. Comecei a buscar as razões dessa demora, e nessa
busca fui me apaixonando pela temática.
Apresente-nos a obra.
Maria Ogata - A história migratória da minha família é
utilizada como matéria-prima para fazer algumas considerações sobre o movimento
dos imigrantes italianos e japoneses para o Brasil. Eu incluí essa
história no contexto da história do Brasil e dos três principais movimentos
migratórios mundiais. Por esta razão, ainda que retrate a vida dos meus
familiares, ela é a história de todos, pois relata mais de um século de eventos
que impactaram, e ainda impactam, nossas vidas. De forma resumida, o livro
trata da importância da família, do casamento e da educação como forma de
ascensão social do imigrante; da importância do Brasil em transformar todos em
brasileiros; e do poder das crianças, dentre muitos outros aspectos emocionais
que povoam a mente dos que imigram. O livro trata, também, da importância dos
Estados nacionais e das suas fronteiras.
Quem são os “Samurais Alagoanos”?
Maria Ogata - São meus netos Leonardo e Tiago que moram
em Maceió, na Região Nordeste do Brasil. São brasileiros nordestinos,
descendentes de italianos e de japoneses descendentes de samurais. Esse título
chama a atenção para a miscigenação de raças e culturas em terras do Novo Mundo
(América). Considerando que a minha família tem imigrantes italianos (eu sou a
própria imigrante que veio da Região da Puglia, no sul da Itália, para o
Brasil, com dois anos de idade), houve a necessidade de colocar algo que
revelasse essa origem. Por causa disso, incluí no título do livro a expressão
“...a bambina paulista”, que se refere à minha neta Ayumi.
Quais os principais desafios para escrita desta obra
literária?
Maria Ogata - O maior desafio é escrever o livro ao
mesmo tempo em que realizo minhas atividades profissionais, além das minhas atividades
pessoais, de rotina. É preciso ter muita disciplina para escrever nessas
condições, pois não sou escritora em tempo integral. Além disso, o tema
migratório foi, é, e sempre será um tema relevante para a história da
humanidade. No entanto, há muita dificuldade em se interpretar a história,
quando os fatos se encontram em curso. É difícil interpretar o que se encontra
em movimento. Esse é um grande desafio para qualquer escritor(a)!
O que mais chamou sua atenção enquanto redigia “Os Samurais
Alagoanos e a Bambina Paulista - Migrar é Preciso”?
Maria Ogata - O conteúdo do meu livro passou a tomar
outro rumo no momento em que vi a foto de um menino morto em uma das praias do
Mar Mediterrâneo, de cabeça para baixo, durante a travessia migratória
malsucedida. O mundo inteiro se sensibilizou com aquela foto. Percebi o quanto
o mundo é cruel com os imigrantes e passei a contemplar a minha história sob o
efeito dos grandes movimentos populacionais de massa. Esses grandes movimentos
nem sempre são direcionados por desejos pessoais, mas principalmente em razão
dos fatores históricos que induzem as pessoas a saírem de seus lugares em busca
de melhores oportunidades de vida.
A quem indica leitura?
Maria Ogata - Os destinatários dessa obra são todas as
pessoas que gostam de ler. O livro adota uma linguagem muito simples e de fácil
compreensão, mesmo tratando de tema tão complexo, que é a questão migratória.
Vale ressaltar que, pelo fato de o Brasil ser um país multirracial, a questão
migratória diz respeito a todos. Contudo, considero que meu livro atinge
profundamente as pessoas da minha geração (tenho 67 anos).
Onde podemos comprar seu livro?
a) por meio do meu e-mail pessoal: mgoconsult@yahoo.com.br (cujo
livro poderá ser enviado autografado, caso a pessoa tenha interesse);
b) pelo site da Scortecci Editora:
Quais os seus principais objetivos como escritora?
Maria Ogata - Expor ideias e fatos para que haja
reflexão sobre os temas que merecem ser debatidos. A questão migratória vem
revelando um descaso com as pessoas que migram sobre forte pressão política,
econômica e outras motivações, transformando todos em refugiados. É preciso dar
humanidade a esse tema. No meu caso pessoal, considero de extrema relevância
expor a saga dos antepassados em busca de uma vida melhor e explicitar a
importância da imigração na vida das pessoas e da humanidade.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom
conhecer melhor a escritora Maria Gravina Ogata. Agradecemos sua participação
na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?
Maria Ogata - Convido os leitores a conhecerem meu
livro “Os samurais Alagoanos e a Bambina Paulista: Migrar é Preciso…”,pois é
muito gratificante que o trabalho seja conhecido e que as pessoas interessadas
possam ter contato com o conteúdo que povoou minha mente durante 12 anos de
estudo e pesquisa. Além disso, é importante mostrar que o mundo capitalista
vive dos fluxos migratórios. Contudo, o fenômeno migratório vem sendo associado
ao desemprego, à criminalidade, à insegurança nacional, ao terrorismo e a
muitos outros problemas que têm feito as portas se fecharem para quem precisa
ou quer imigrar. Os movimentos populacionais trazem importantes mudanças de
ordem cultural, econômica e social, tanto para os imigrantes como para os
países que os recebem.
Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da Literatura
Contato:divulga@divulgaescritor.com
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