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segunda-feira, 25 de junho de 2018

UM MISTO DE CULTURA EM 'OS SAMURAIS ALAGOANOS E A BAMBINA PAULISTA - MIGRAR É PRECISO'


06 Junho 2018

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Maria Gravina Ogata nasceu na cidade de Polignano a Mare, na região da Puglia, no sul da Itália. Com dois anos de idade imigrou para o Brasil, alguns anos após o término da Segunda Guerra Mundial. É brasileira naturalizada, Geógrafa e Advogada, com Mestrado em Geografia Física e Doutorado em Administração Pública.
Até 2008 atuou no setor público como funcionária de carreira do governo do estado da Bahia nas áreas de planejamento territorial, recursos naturais, recursos hídricos e meio ambiente, sempre publicando muitos trabalhos técnicos. Atualmente mora em Cotia, São Paulo, Brasil e atua profissionalmente como consultora jurídica na área de meio ambiente. Contudo, entrou no mundo literário ao publicar o livro infantil “O amiguinho inesperado”, em 2016, publicado pela Reino Editorial. “Os samurais Alagoanos e a Bambina Paulista: Migrar é Preciso...”, que acabou de publicar, é a sua segunda aventura literária.

“Esses grandes movimentos nem sempre são direcionados por desejos pessoais, mas principalmente em razão dos fatores históricos que induzem as pessoas a saírem de seus lugares em busca de melhores oportunidades de vida.”

Boa leitura!


Escritora Maria Gravina Ogata, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a escrever “Os Samurais Alagoanos e a Bambina Paulista - Migrar é Preciso”?

Maria Ogata - A ideia de escrever o livro surgiu a partir do momento em que me interessei pela elaboração da árvore genealógica de minha família. Verifiquei que demorou muito tempo para que houvesse uma efetiva integração dos nossos imigrantes italianos e japoneses com os brasileiros. Isso me intrigou, pois o Brasil é conhecido pela facilidade com que se dá a miscigenação entre os povos que buscaram seu território para viver. No caso da minha família italiana, levou três gerações, e no caso da família japonesa (do meu marido) levou cinco gerações. Considero que houve muito tempo para se efetivar a mistura de raças. Comecei a buscar as razões dessa demora, e nessa busca fui me apaixonando pela temática.


Apresente-nos a obra.

Maria Ogata - A história migratória da minha família é utilizada como matéria-prima para fazer algumas considerações sobre o movimento dos imigrantes italianos e japoneses para o Brasil.  Eu incluí essa história no contexto da história do Brasil e dos três principais movimentos migratórios mundiais. Por esta razão, ainda que retrate a vida dos meus familiares, ela é a história de todos, pois relata mais de um século de eventos que impactaram, e ainda impactam, nossas vidas. De forma resumida, o livro trata da importância da família, do casamento e da educação como forma de ascensão social do imigrante; da importância do Brasil em transformar todos em brasileiros; e do poder das crianças, dentre muitos outros aspectos emocionais que povoam a mente dos que imigram. O livro trata, também, da importância dos Estados nacionais e das suas fronteiras.


Quem são os “Samurais Alagoanos”?

Maria Ogata - São meus netos Leonardo e Tiago que moram em Maceió, na Região Nordeste do Brasil. São brasileiros nordestinos, descendentes de italianos e de japoneses descendentes de samurais. Esse título chama a atenção para a miscigenação de raças e culturas em terras do Novo Mundo (América). Considerando que a minha família tem imigrantes italianos (eu sou a própria imigrante que veio da Região da Puglia, no sul da Itália, para o Brasil, com dois anos de idade), houve a necessidade de colocar algo que revelasse essa origem. Por causa disso, incluí no título do livro a expressão “...a bambina paulista”, que se refere à minha neta Ayumi.


Quais os principais desafios para escrita desta obra literária?

Maria Ogata - O maior desafio é escrever o livro ao mesmo tempo em que realizo minhas atividades profissionais, além das minhas atividades pessoais, de rotina. É preciso ter muita disciplina para escrever nessas condições, pois não sou escritora em tempo integral. Além disso, o tema migratório foi, é, e sempre será um tema relevante para a história da humanidade. No entanto, há muita dificuldade em se interpretar a história, quando os fatos se encontram em curso. É difícil interpretar o que se encontra em movimento. Esse é um grande desafio para qualquer escritor(a)!


O que mais chamou sua atenção enquanto redigia “Os Samurais Alagoanos e a Bambina Paulista - Migrar é Preciso”?

Maria Ogata - O conteúdo do meu livro passou a tomar outro rumo no momento em que vi a foto de um menino morto em uma das praias do Mar Mediterrâneo, de cabeça para baixo, durante a travessia migratória malsucedida. O mundo inteiro se sensibilizou com aquela foto. Percebi o quanto o mundo é cruel com os imigrantes e passei a contemplar a minha história sob o efeito dos grandes movimentos populacionais de massa. Esses grandes movimentos nem sempre são direcionados por desejos pessoais, mas principalmente em razão dos fatores históricos que induzem as pessoas a saírem de seus lugares em busca de melhores oportunidades de vida.


A quem indica leitura?

Maria Ogata - Os destinatários dessa obra são todas as pessoas que gostam de ler. O livro adota uma linguagem muito simples e de fácil compreensão, mesmo tratando de tema tão complexo, que é a questão migratória. Vale ressaltar que, pelo fato de o Brasil ser um país multirracial, a questão migratória diz respeito a todos. Contudo, considero que meu livro atinge profundamente as pessoas da minha geração (tenho 67 anos).


Onde podemos comprar seu livro?

a) por meio do meu e-mail pessoal: mgoconsult@yahoo.com.br (cujo livro poderá ser enviado autografado, caso a pessoa tenha interesse);
b) pelo site da Scortecci Editora:

Quais os seus principais objetivos como escritora?

Maria Ogata - Expor ideias e fatos para que haja reflexão sobre os temas que merecem ser debatidos. A questão migratória vem revelando um descaso com as pessoas que migram sobre forte pressão política, econômica e outras motivações, transformando todos em refugiados. É preciso dar humanidade a esse tema. No meu caso pessoal, considero de extrema relevância expor a saga dos antepassados em busca de uma vida melhor e explicitar a importância da imigração na vida das pessoas e da humanidade.


Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Maria Gravina Ogata. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Maria Ogata - Convido os leitores a conhecerem meu livro “Os samurais Alagoanos e a Bambina Paulista: Migrar é Preciso…”,pois é muito gratificante que o trabalho seja conhecido e que as pessoas interessadas possam ter contato com o conteúdo que povoou minha mente durante 12 anos de estudo e pesquisa. Além disso, é importante mostrar que o mundo capitalista vive dos fluxos migratórios. Contudo, o fenômeno migratório vem sendo associado ao desemprego, à criminalidade, à insegurança nacional, ao terrorismo e a muitos outros problemas que têm feito as portas se fecharem para quem precisa ou quer imigrar. Os movimentos populacionais trazem importantes mudanças de ordem cultural, econômica e social, tanto para os imigrantes como para os países que os recebem.

Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da Literatura


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