Publicado: 31 Maio 2018
Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Foto: Lumeah Brand Photography
Ilana Eleá, é carioca, doutora em Educação pela PUC-Rio,
trabalhou como coordenadora científica na The International Clearinghouse on
Children, Youth and Media, pela Nordicom (Nordic Information Centre for Media
and Communication), na Universidade de Gotemburgo, Suécia. Atualmente,
dedica-se à escrita ficcional.
É membro do Mulherio das Letras na Europa, escreve poesias e
cria vídeo poemas para seu canal no YouTube; livros infantis para a Bibliotek
Barnstugan, uma proposta inovadora e aberta ao público no jardim de sua casa,
com intenção de oferecer um espaço de convivência literária e encantamento por
livros às crianças e suas famílias. Ilana recebeu o prêmio Bättre Stadsdel como
Promotora de Cultura 2018 por ter criado uma biblioteca infantil no seu jardim
em Estocolmo, onde mora desde 2011. “Encontros de Neve e Sol”, publicado pela
editora e-galáxia, é seu livro de estreia no gênero autoficção.
“Sandra Espilotro, minha consultora literária pela editora
e-galáxia, assoprou esse novo título: “Encontros de Neve e Sol”, em
substituição ao que até poucas semanas antes do lançamento seria “Ela foi para
a Suécia”. Achei brilhante a síntese.”
Boa leitura!
Escritora Ilana Eleá, é um prazer contarmos com a sua
participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a escrever
o romance “Encontros de Neve e Sol”?
Ilana Eleá - Penso que ao mudar para um país
completamente diferente do seu, no qual se fala uma língua incompreensível,
onde as pessoas se comportam dentro de códigos estranhos, há uma voz incessante
pedindo samba: salve-se quem escrever.
Apresente-nos a obra. (sinopse)
Ilana Eleá - Não considero “Encontros de Neve e Sol”
uma obra: para mim é uma conversa em voz baixa, é um diálogo com vozes altas, é
uma roda com gente de perto e longe ouvindo uma narrativa reinventada sobre o
que e como se viveu uma paixão movedora entre duas pessoas de culturas
distintas. “Encontros” é um livro, um relato, um diário, uma página atrás da
outra na tela com fragmentos de memórias circundando meus primeiros seis meses
em Estocolmo, um aroma nostálgico, quase uma porção de banana frita com canela,
a água de coco na praia.
Qual o momento, enquanto escrevia o livro, que mais a
marcou?
Ilana Eleá - Escrevi o livro ao longo de sete anos, e a
cada capítulo uma marca, um talho na pele, um punhado de lágrimas ora de lago,
ora de riso. O que mais me marcou foi parar, porque eu precisava da
continuação.
Qual o cenário, espaço geográfico escolhido para a trama?
Ilana Eleá - Venha conhecer uma casa no alto da
montanha no subúrbio mais quente do Rio de Janeiro, em Bangu; ou passear de
bonde no Rio antigo; jogar futebol em Copacabana; o chope no Jobi, no Leblon;
os corredores da PUC-Rio, o samba na Lapa, Santa Teresa – e depois, saindo de
avião, pesando casacos de inverno, suba até o norte da Suécia e veja um
horizonte congelado em Åre – volte para Estocolmo e escute como a cidade se
apresentou.
Como foi a escolha do título?
Ilana Eleá - Sandra Espilotro, minha consultora
literária pela editora e-galáxia, assoprou esse novo título: “Encontros de Neve
e Sol”, em substituição ao que até poucas semanas antes do lançamento seria
“Ela foi para a Suécia”. Achei brilhante a síntese.
Qual a mensagem que deseja transmitir ao leitor por meio da
leitura desta obra literária?
Ilana Eleá - Espero não transmitir mensagem alguma,
espero poder ouvir o som da voz do leitor encontrando novos labirintos e fugas,
identificando-se, quem sabe, com a beleza de alguma frase ou imagem, os rios
passando pelas histórias minhas e deles, sem margens.
Você mora em Estocolmo. Como vem sendo a receptividade do
autor brasileiro na Suécia?
Ilana Eleá - A editora Tranan lançou uma coletânea de
contos maravilhosa: “Brasilien berättar: Ljud av steg — Trettiosju noveller och
mikronoveller”, com 37 histórias de autores do nosso país. Já perdi as contas
de quantas vezes escolhi esse como presente para os amigos suecos. Essa é uma
editora respeitada e de qualidade, responsável por traduções fantásticas feitas
para os livros de Clarice Lispector, Elvira Vigna e Guimarães Rosa. Em 2014, a
Bokmässa, feira do livro sueca, teve o Brasil como país homenageado, e pudemos
ter acesso a livros traduzidos de Andréa del Fuego e Michel Laub. A querida
Ulla Gabrielsson, poeta e tradutora, traz versos brasileiros para essa língua
nórdica, traduzindo Ferreira Gullar e Ana Luísa Amaral. Também posso dizer que
abri uma biblioteca infantil ao público no jardim da nossa casa, em uma
“casinha de brincar”. Pela Bibliotek Barnstugan recebi semana passada o prêmio
Bättre Stadsdel como Promotora de Cultura 2018, o que foi uma agradabilíssima
surpresa. O livro infantil “Tom”, escrito pelo maravilhoso André Neves,
premiado aqui na Suécia, foi traduzido para o sueco e é um dos favoritos do
nosso acervo e público.
Onde podemos comprar "Encontros de Neve e Sol"?
Ilana Eleá - O livro está disponível na Amazon,
Saraiva, Cultura, Kobo, Google Play: você escolhe a sua livraria digital
preferida, compra, baixa e lêno seu computador, celular ou Ipad. Não precisa
ter kindle para ler, embora muita gente pense que sim, o que tem se mostrado um
desafio. A parte deliciosa é saber que, uma vez iniciada a leitura em tela
digital, muita gente querida, adoradora de papel, reconhece que a leitura em
tela também tem sua vez, charme e voz.
Quais os seus principais objetivos como escritora?
Ilana Eleá - Escrever transforma trechos da pele e da
vida em versos e cenas para perto, muito perto, das palavras e cenários de
sentimentos. Espero continuar nesse transe de borboleta até os dedos cansarem
as avenidas da morte, aquelas que chegam sem parágrafo ou ponto-final.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom
conhecer melhor a escritora Ilana Eleá. Agradecemos sua participação na Revista
Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?
Ilana Eleá - Sintam-se à vontade para visitar meu canal
no YouTube. Ali, vocês podem ouvir trechos de “Encontros de Neve e Sol”,
conhecer meu videopoemas e ouvir poemas nórdicos traduzidos para o português. O
espaço é pequeno, uma floresta miúda e aconchegante. Na página www.ilanaelea.online tem
mais café, troncos longos de árvore, uma cesta de piquenique e conversa, como
olho no olho. Leiam também outras autoras mulheres, também as vivas; leiam
autoras estreantes, procurem saber sobre o Mulherio das Letras no Brasil e
mundo afora. Até logo! E se lerem “Encontros de Neve e Sol”, espero que a gente
consiga conversar mais sobre os textos e nervos, suas interpretações. A
primeira pessoa a me escrever vai ganhar um e-book de presente! Um beijo!
Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da Literatura
Contato:divulga@divulgaescritor.com
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