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quarta-feira, 23 de maio de 2018

TENTATIVA DE RESSURREIÇÃO DAS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE


23 de Maio de 2018

Teologia da Libertação e CEBs — a doutrina comunista infiltrada nos ambientes católicos
Fonte: Revista Catolicismo, Nº 809, maio/2018

Após o 14º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base(CEBs), realizado em Londrina (PR) entre 23 e 27 de janeiro, o público católico se surpreendeu com a reportagem de Bernardo Pires Küster [foto ao lado] via YouTube, na qual denunciava a reorganização da militância esquerdista nos meios eclesiásticos.

As CEBs pareciam semi-mortas desde as graves denúncias de Plinio Corrêa de Oliveira em 1982, no livro “As CEBs… das quais muito se fala, pouco se conhece — a TFP as descreve como são” (link no final), mas tentam agora sair das cinzas onde jaziam. O Prof. Plinio delineou claramente nesse livro o panorama brasileiro no qual se inscreve a atuação da CNBB, ponta de lança do esquerdismo no País e principal propulsora das Comunidades Eclesiais de Base. E na segunda parte os irmãos Gustavo Antonio Solimeo e Luís Sérgio Solimeo, dois sócios da TFP, revelaram ao público, com base em opulenta documentação, a intensa agitação promovida pelas CEBs no campo, na periferia das cidades e nas fábricas. Agitação que procurava levar o País, pela via das reformas, ao termo final da implantação do regime comunista. Dessa fermentação das CEBs surgiram o Partido dos Trabalhadores (PT), o MST e a maioria dos grupos de esquerda no Brasil.

Seis edições desse livro totalizaram 72 mil exemplares, divulgados em 1.950 cidades de todos os Estados brasileiros, mas a grande mídia “ignorou” o livro e as denúncias. Também o clero esquerdista fingiu não ter percebido o golpe certeiro e incômodo. Após as enormes manifestações que resultaram no impeachment de Dilma Rousseff e no julgamento, condenação e prisão do ex-presidente Lula, as esquerdas tentam se revitalizar através do acobertamento de entidades católicas e reativação das CEBs.

Segundo Bernardo Küster, o PT perdeu “capilaridade municipal. Os sindicatos também perderam dinheiro, e as CEBs constituiriam nova esperança de reorganização da militância política”.

Residente em Londrina, Bernardo Pires Küster, 30 anos, é pós-graduado em Administração de Empresas. Atua como jornalista, produtor e escritor. Esteve presente no evento das CEBs em Londrina, e os vídeos que produziu, alertando para o que aconteceu nesse encontro, tiveram larga divulgação, um deles com mais de 700 mil visualizações.

No dia 23 de abril, em visita à sede do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, na capital paulista, Küster concedeu ao nosso colaborador Nelson Ramos Barretto a entrevista abaixo.

*       *       *

Catolicismo — Qual é a sua principal crítica à Campanha da Fraternidade, lançada pela CNBB neste ano? Em vídeos recentes o senhor afirma que falta um controle das doações recebidas, parte das quais estaria indo para ONGs favoráveis ao aborto.

Bernardo Küster — O problema da Campanha da Fraternidade não diz respeito apenas às doações questionáveis feitas a ONGs, algumas favoráveis ao aborto, ao “casamento” homossexual, ao sexo livre e à Reforma Agrária socialista. Essas doações são provenientes dos 40% arrecadados no Brasil inteiro durante o Domingo de Ramos. Encontrei esta informação, pesquisando no próprio site da Campanha da Fraternidade.

O problema é que tal campanha, embora trate a cada ano de temas diferentes, é sempre politizada à esquerda. Creio não ter visto ao longo dos anos nenhuma Campanha da Fraternidade focada num aspecto doutrinário com implicação prática na vida do católico. Ou ainda, que aplique a doutrina social da Igreja. Pesquisei suas edições antigas, dos anos 60, 70, 80… Todas elas, sempre politizadas à esquerda.

No ano passado, a campanha intitulou-se Bioma e a defesa da vida, mas só foi tratado o problema do bioma, ficando de fora a defesa da vida humana. Não se combateu o aborto, a ideologia de gênero ou a eutanásia. O problema da Campanha da Fraternidade é esse. Sua edição deste ano, que trata da fraternidade e da superação da violência, é uma defesa aberta de grandes temas socialistas, como desarmamento civil e maior ingerência do Estado na vida social.

Tenho insistido nisso, pois há um apelo excessivo às funções sociais do Estado, como se ele fosse responsável pelas políticas públicas. O Estado, segundo a doutrina social da Igreja, deve atuar conforme o princípio de subsidiariedade, ou seja, não deve chamar a si todas as atribuições, mas deixar para as instâncias inferiores as que elas são capazes de realizar. Na Campanha da Fraternidade de 2018 há também um apelo à questão de gênero, com sugestões relacionadas ao aborto e ao feminismo.

Catolicismo — Na verdade, uma agenda revolucionária…

Bernardo Küster — Sim, uma agenda revolucionária na Campanha da Fraternidade. Essas são as minhas principais críticas. Por que não trata da violência contra os cristãos, contra o genocídio representado pelo aborto, contra a família que vem sendo dizimada pela imoralidade e pela ideologia de gênero? Por que não se refere à violência que o socialismo causa na China, na Nicarágua, na Venezuela, na Bolívia, na Coreia do Norte, em Cuba, no Brasil? Por quê?

Catolicismo — Suas denúncias repercutiram muito, tendo recebido apoio de muita gente. Mas também alguns críticos levantaram a objeção: um simples leigo não pode criticar a ação de Bispos. Como o senhor se defendeu?

Bernardo Küster — De fato, trata-se de uma questão espinhosa, mas a resposta é simples: Pode sim! E esta resposta está ancorada no próprio Catecismo da Igreja e no Código de Direito Canônico, onde se define que um leigo pode não apenas chamar a atenção da autoridade eclesiástica, mas em certas circunstâncias tem até mesmo esse dever, desde que o faça com o devido respeito.

Santo Tomás de Aquino, estudando o episódio em que São Paulo repreendeu São Pedro, escreve: “Aos prelados (foi dado exemplo) de humildade, para que não se recusem a aceitar repreensões da parte de seus inferiores e súditos; e aos súditos (foi dado) exemplo de zelo e liberdade, para que não receiem corrigir seus prelados, sobretudo quando o crime for público e redundar em perigo para muitos […].

“A repreensão foi justa e útil, e o seu motivo não foi leve: tratava-se de um perigo para a preservação da verdade evangélica […]. O modo como se deu a repreensão foi conveniente, pois foi público e manifesto. Por isso, São Paulo escreve: ‘Falei a Cefas’, isto é, a Pedro, ‘diante de todos’, pois a simulação praticada por São Pedro acarretava perigo para todos” (S. Tomás de Aquino, Suma Theol., II-II, 33, 4, 2. / S. Tomás de Aq., ad Gal., 2, 11-14, lect. III. n).

Portanto, quando há perigo para a Fé, o fiel pode repreender a autoridade eclesiástica. Se um bispo ensinar esse tipo de erro, nós temos o direito de denunciar.

Cena do Encontro das CEBs em Londrina
Catolicismo — O senhor percebeu esse perigo para a Fé, nas campanhas promovidas pela CNBB?

Bernardo Küster — O apoio da CNBB à esquerda pode ser constatado em vídeos, textos e tantos documentos. E esse apoio público representa não pequeno risco para a fé dos católicos, pois o comunismo é uma ideologia anticristã. A chamada Teologia da Libertação é anticristã na base, por ser marxista. Trata-se, portanto, de um perigo real para a Fé. Quando há perigo para a Fé e a Moral, temos o direito de denunciar.

É importante que a denúncia seja sustentada por provas, como fotografias, vídeos, áudios; documentos, enfim. Caso contrário, poderia ser invalidada como infundada ou fraudulenta, e se tornaria infrutífera. Deve também ser conduzida com o devido respeito, é claro. Eu desaprovo, desaconselho e condeno quem usa palavras vulgares contra um Bispo da Santa Igreja. Além de ser falta de respeito, não resolve nada. Só piora, pois desvia o foco da discussão.

Catolicismo — Tendo presenciado o encontro das CEBs em Londrina, em janeiro último, o que lhe pareceu mais grave?

Bernardo Küster — Vou enumerar do mais grave para o menos grave, do ponto de vista da doutrina católica. O mais grave, para mim, foi o abuso da liturgia. Tenho vontade de chorar, pelo que vi ser feito com o Corpo de Nosso Senhor na hóstia consagrada, naquele encontro em Londrina. Foi simplesmente abominável! Estavam presentes 60 bispos da Igreja Católica, entre eles o Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, que havia sido Arcebispo em Londrina, e trouxe o 14º Intereclesial das CEBs para a nossa cidade. Ele esteve presente e participou de tudo aquilo, servindo o Sangue de Cristo em jarra de suco. As hóstias pareciam pão árabe, colocadas em tacho de barro. Eles entravam dançando, distribuindo-as de qualquer jeito às pessoas. Quem entregava as hóstias enxugava o suor com a mão, em seguida pegava a hóstia e entregava aos presentes. Houve outros abusos litúrgicos, como danças de candomblé, deturpação das Escrituras. Estas foram para mim as partes mais graves, pois envolvem uma questão central da Igreja, que é a Fé.

O nível um tanto mais baixo foi a preocupação política, financeira e jurídica do evento, devido às seguintes razões: 1) a presidente Dilma sofrera impeachment em 31 de agosto de 2016; 2) os sindicatos, que são e sempre foram linhas auxiliares importantes para a agenda esquerdista, perderam a contribuição sindical obrigatória; 3) Lula seria preso, muito possivelmente, pois já estava condenado em 1ª e 2ª instâncias; 4) nas eleições de 2016, o PT perdeu 64% das prefeituras e das vereanças no Brasil; 5) o movimento conservador e liberal vem crescendo consideravelmente no Brasil.

Para uma análise da conjuntura, considerando esses cinco pontos, podemos colocar-nos no lugar de um petista, e constaremos que a situação é crítica. O que se faz numa situação crítica, quando a casa parece prestes a desabar? Deve-se voltar para os fundamentos. E qual é a pedra fundamental do PT? As CEBs.

Dom Paulo Evaristo Arns, Lula e Frei Betto: a esquerda católica nas orignes do PT.

Catolicismo — Quem foi o principal mentor dessa reunião das Comunidades Eclesiais de Base, e o que se conhece dele?

Bernardo Küster — Frei Betto, que foi também o mais constante mentor intelectual de Lula. Foi ele quem levou Lula a Cuba e o apresentou a Fidel Castro. Isso está relatado na biografia dele, onde conta como a esquerda conseguiu vencer em Cuba. Todo católico deveria ler essa biografia, para conhecer melhor o personagem e aumentar o repúdio a ele. Frei Betto descreve que teve a ideia de criar o PT com o Lula, por causa de uma conversa que tivera com Fernando Henrique Cardoso, Plinio de Arruda Sampaio e Almino Afonso. Fernando Henrique queria constituir um partido com as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), mas Frei Betto não aceitou. Foi então para o ABC Paulista e deu a sugestão a Lula. Um ano e meio depois, estava fundado o PT. O nome saiu da boca de Frei Tito, que era outro comunista. Esse Frei Tito chegou a ser preso pelo regime militar. Em 1974, cometeu suicídio quando já vivia na França.

Foi Frei Betto, portanto, quem teve a ideia de criar o PT. O mesmo Frei Betto que militou na Ação Libertadora Nacional, que teve a ideia de realizar o Foro de São Paulo, e que terminou de consolidar a infiltração comunista na Ordem Dominicana no Brasil (junto com Frei Ivo e Frei Fernando). Amigo pessoal de Marighela e de Fidel Castro, ajudou na revolução sandinista na Nicarágua e fez frequentes viagens ao mundo socialista, como relata no livro Paraíso perdido, viagens ao mundo socialista. Nesse livro ele conta que levava cartas de Dom Paulo Evaristo Arns a Fidel Castro e cartas de Brizola. Ali ele inclui uma frase de Fidel Castro para Dom Pedro Casaldáliga, que ele ouviu em 1985: “A Teologia da Libertação é mais importante que o marxismo para a revolução latino-americana”. Esse homem estava presente agora em Londrina, como o mentor e guru das CEBs, que ele sempre foi. O primeiro inter-eclesial foi lançado por ele em 1985, em Vitória, para poder capitalizar a Teologia da Libertação e a revolução no Brasil, como ele mesmo afirmou. Esse é o objetivo.

Catolicismo — Plinio Corrêa de Oliveira, fundador da TFP, denunciou com insistência a infiltração comunista nos ambientes católicos, inclusive como autor do mencionado livro sobre as CEBs. Muitos do seu tempo não lhe deram ouvidos, mas hoje a opinião pública está prestando mais atenção e reagindo diante de uma realidade que lhes penetra olhos adentro. Como o senhor avalia a reação que existe hoje diante dessa infiltração comunista?

Bernardo Küster — Com a perda de peso dos sindicatos, perda de prefeituras, impeachment de Dilma, condenação de Lula, o movimento conservador cresceu muito. Em parte esse crescimento se deve ao Dr. Plinio, que criou um ambiente cultural, um caldo de cultura junto à opinião pública para que isso fosse possível. Obviamente, outros também tiveram papel importante no trabalho de criar esse ambiente e furar a barreira da agenda da esquerda que se impunha.

O conhecimento que essas pessoas nos passaram permitiu que víssemos a perversidade, a perfídia dessa gente. O próprio Frei Betto escreveu que, quando ele participava da JEC (Juventude Estudantil Católica), o objetivo dela era a revolução. Desde os anos 70, esse pessoal entrava na Igreja Católica para fazer a revolução, e a leitura desses livros nos ajuda muito a confirmar isso.

Catolicismo — O senhor não teme ser perseguido, punido, como que “excomungado” pela CNBB em razão de suas denúncias?

Bernardo Küster — Sei que isso pode acontecer, como de fato está acontecendo, mas não temo. Ressalto e digo tudo publicamente, porque foram declarações públicas feitas por bispos da Igreja. Fui chamado de excomungado, verme, protestante, marxista, e também de católico reformado (em referência à reforma protestante). Nem menciono os xingamentos recebidos de padres, muitos de baixo calão. Mas argumento sério, que é o importante, nenhum. Quando o argumento cai, e permanece o ataque pessoal, é porque eles tentam esvaziar a mensagem e tirar a credibilidade do mensageiro. Mas diante de fatos contundentes, bem apresentados e de forma pedagógica, eles não têm o que dizer.

Sobre a questão que levantei, das doações da CNBB para a ABONG, ela emitiu nota dizendo: “O dinheiro não ficou com a ABONG”. No entanto, a própria ABONG divulgou nota no dia 26 de fevereiro, na qual afirma: “Nós mesmos administramos o dinheiro”. Portanto, a própria ABONG o confirmou! Por que a CNBB não se retratou? Porque não tem o que dizer. Eu poderia replicar, como Nosso Senhor Jesus Cristo fez diante dos que o insultavam e agrediam: “Se eu faço mal, por que não me dizem o mal que fiz? Se faço o bem, por que me batem e me criticam?”.

Se falei uma mentira, que eu seja desmentido. Se assim for feito, eu vou pedir perdão, sem nenhum problema. Mas se é verdade o que eu disse, corrijam-se, peçam perdão pelo erro cometido, e se proponham a reparar os danos praticados. Esta seria uma atitude de coerência e humildade cristã.

 Ion Mihai Pacepa
Catolicismo — O senhor poderia dizer aos nossos leitores o que pensa da Teologia da Libertação, descrever suas origens e seus objetivos?

Bernardo Küster — Sucintamente, a Teologia da Libertação, segundo afirmou o próprio Bento XVI, não pode ser chamada de heresia, pois a heresia pega apenas um ou dois pontos de doutrina, e ora os exalta demais, ora os apaga. Já a Teologia da Libertação é uma revisão total e absoluta do Cristianismo.

Segundo Ion Mihai Pacepa [foto ao lado], que foi chefe do serviço de espionagem romeno e braço da KGB, a origem da Teologia da Libertação estaria em Nikita Kruschev, sucessor de Stalin. Ele percebeu que na América Latina o comunismo só tinha entrado em Cuba através de Fidel Castro e Che Guevara, e no resto do continente eles tinham dificuldade de entrar. Kruschev percebeu que o comunismo não lograva êxito devido à existência do catolicismo. Desde o Padre Anchieta até os anos 60, o catolicismo imperou no Brasil e plasmou a nossa civilização. Também não era possível entrar na Bolívia e em outros países da América Latina, por causa do catolicismo. Se não conseguiam entrar devido ao catolicismo, a solução seria eles se infiltrarem no catolicismo e entrarem por meio dele.

Catolicismo — Quem financiou o evento das CEBS em Londrina?

Bernardo Küster — Boa parte foi financiada pela Fundação Adveniat, da Conferência dos Bispos alemães, que é muito progressista, a ponto de autorizar a comunhão para luteranos. O responsável dessa fundação no Brasil é Norbert Bout. Durante o 14º intereclesial das CEBs, ele se reuniu com Frei Betto e mais 60 bispos, cujos nomes tenho listados. Trataram de quê? Teria sido o assunto financiamento? Não foi divulgado. Uma parte, segundo me informaram, foi doada por dioceses, principalmente pela diocese de Londrina.
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