Houve um tempo de um mundo mais colorido, mas com outros
matizes. Eu e meus irmãos éramos crianças e tudo era muito diferente de
hoje. E nele (naquele tempo), a minha mãe nos colocava no banho e dizia:
"Vamos Sair." E então, ela caprichava escolhendo a roupa mais nova e
mandava-nos pentear o cabelo. Geralmente era ao entardecer e íamos, a família
inteira, visitar uma "casa de amigos". E COMO ERA CALOROSO
aquele "chegar de surpresa". Como eu me sentia bem
recebido...
E vale comentar aos mais novos, que nesse tempo que se
chegava era de surpresa mesmo! Pois telefone só tinha fixo, era caro e
praticamente não tinha em nenhuma casa. Carta avisando, só se fosse num local
muito, muito longe. Foi um tempo que televisão era coisa da capital,
e carro então, era um bem acessível a poucos. Mas isso não era problema.
Toda a família ia a pé, alegre e ansiosa pra chegar. As visitas eram
inesperadas, mas no final, tudo "funcionava feito um
reloginho". Lembro-me de ouvir a frase mágica da satisfação pela
visita: "O café está na mesa." E não era só café, tinha
bolo, pão de queijo, queijo fresco, pão de sal, manteiga, doces e até suco de
fruta colhida do pé.
Lembro-me de ouvir palavras que hoje estão em total desuso,
como "Comadre e Compadre". Essas palavras acompanhavam o
senso da felicidade das conversas animadas, e eram a solidez e a
estabilidade que o ambiente exalava. Recordo também da alegria de
recebermos visitas em nossa casa, de ver minha irmã mais velha preparando a
mesa e café.
Bem, esse tempo simplesmente já não existe mais. Foi-se
a época daquela cidadezinha pacata do interior, que todo mundo se conhecia e
que as portas e janelas ficavam abertas o dia todo. Tenho a lamentar é que esse
tempo passou... Foi-se a imagem da cidadezinha, das ruas, do coreto, da praça,
dos jardins e do flamboyant enorme florido. Foi-se também a imagem da menina
brejeira que se debruçava na janela, era ela que sonhei um dia namorar. Só
resta a foto do passado esmaecido na memória de um tempo que no seu bojo traz
uma infinita saudade, e que foi intensamente vivido e que jamais será
esquecido.
Hoje sinto que o meio em que vivo está tentando me
transformar em autodidata da solidão, com Cursos Intensivos de Televisão,
DVD, Netflix, Mídias Sociais ou outros meios de comunicação.
Mas, solidão é, definitivamente, o que eu não quero pra minha vida. Eu prefiro mesmo é uma conversa "tete-à-tete", à uma mensagem do WhatsApp. Quero manter para o resto de minha vida, o espírito da "visita de Surpresa". Quero ser alguém que interaja e que seja capaz de tocar o coração das pessoas. Por isso, sei que bem do fundo do meu coração, eu tenho uma imensa fome e sede de gente e de vida.
Mas, solidão é, definitivamente, o que eu não quero pra minha vida. Eu prefiro mesmo é uma conversa "tete-à-tete", à uma mensagem do WhatsApp. Quero manter para o resto de minha vida, o espírito da "visita de Surpresa". Quero ser alguém que interaja e que seja capaz de tocar o coração das pessoas. Por isso, sei que bem do fundo do meu coração, eu tenho uma imensa fome e sede de gente e de vida.
"Gotas de
Crystal" <ppscrystal@yahoo.com.br>
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