3 de Abril de 2018
Roberto de Mattei *
Na Semana da Paixão, o sangue europeu e cristão foi
novamente derramado, ao grito de Allah Akbar!, como aconteceu em Londres,
em Barcelona, em Berlim, em Nice, e agora em Carcassonne. Um grito que nos
recorda que a Europa está em guerra.
Essa guerra é religiosa e conduzida pelo Islã com todas as
armas, não necessariamente sangrentas: até a invasão migratória faz parte dessa
estratégia de conquista. O objetivo é o mesmo: a submissão da Europa e do
Ocidente ao Islã, uma palavra que etimologicamente significa submissão.
Não podemos escapar dessa guerra, mas a primeira diferença
fundamental entre nós e nossos inimigos é que a nossa guerra é defensiva, não
ofensiva: o Ocidente a sofre, não a declarou.
A segunda diferença é que nossa guerra não prevê o massacre,
mas a salvação dos inocentes. Nesse sentido, o Tenente-coronel da Gendarmeria,
Arnaud Beltrame [foto acima e abaixo], que em 23 de março de 2018 ofereceu
sua vida para salvar uma mulher refém de um terrorista, pode ser considerado um
herói francês, europeu e cristão.
Francês, porque cumpriu o dever de militar de seu país como
tenente-coronel da tropa de paraquedistas da Gendarmeria; europeu, porque foi
vítima de um conflito que se estende de um extremo a outro da Europa e que a
tem em situação de risco; cristão, porque foi certamente da fé cristã que o
coronel Beltrame extraiu o espírito de sacrifício de seu gesto, que aparece
como uma realização das palavras do Evangelho: “Não há maior amor do que dar a
vida pelos amigos” (Jo. 15,13).
O Coronel Beltrame cresceu em um ambiente laico e frequentou
a maçonaria, mas nos últimos anos aproximou-se da Igreja e sua conversão
ocorreu sob o signo da Tradição. Ele frequentava os cônegos da Mãe de Deus na
Abadia de Lagrasse, um dos lugares na França onde a Missa é celebrada de acordo
com o antigo rito romano.
Casado civilmente, o coronel se preparava para o casamento
religioso sob a orientação do Padre Jean-Baptiste, daquela abadia, e certamente
seu percurso de formação se deu de acordo com o ensinamento tradicional da
Igreja, e não com a nova moralidade introduzida pela exortação Amoris
laetitia. O referido sacerdote, na noite de 23 de março, ministrou ao coronel,
no hospital de Carcassonne, a extrema-unção e a bênção apostólica in
articulo mortis.
A misericórdia do Senhor abre as portas do Céu para aqueles
que sincera e coerentemente procuram o verdadeiro ensinamento da Igreja, mas
não nos iludamos de que as abra para aqueles que julgam encontrar um
compromisso entre o Evangelho e seu próprio prazer e egoísmo. O Coronel
Beltrame teve a graça de testemunhar que a vida do cristão é uma luta, até o
martírio. O Céu dos heróis certamente o acolherá.
Dos bispos, dos cardeais, do Papa, não esperamos apenas
palavras de louvor por seu brilhante exemplo. Esperamos que ao programa de
islamização da Europa, resumido no grito Allah Akbar!, se oponha a voz da
Igreja através de um firme e solene programa de reevangelização da Europa
expresso pelas palavras de São Paulo que ressoam na Semana Santa: “Em o
nome de Jesus todo joelho se dobre nos céus, na terra e no inferno; e toda
língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai” (Fil.
2, 9-11).
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(*) Fonte: “Corrispondenza romana”, 28-3-2018. Matéria
traduzida do original italiano por Hélio Dias Viana.
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