IV Conferência Geral
Em 12 de outubro de 1992, dia em que se abriu a IV
Conferência-Geral, na Igreja da América Latina iniciara-se a celebração dos 500
anos da chegada dos europeus e com eles a primeira evangelização.
O documento de Santo Domingo até último momento dos trabalhos
ficou indeciso e confuso. Dizem que quase na véspera de encerramento da
Conferência, Dom Luciano Mendes de Almeida, naquela época Arcebispo de Mariana,
passou a noite inteira trabalhando e de manhã apresentou o projeto da conclusão
dos trabalhos, dizendo que não vamos indicar prioridades, porque estes são
muitos, e priorizando muitos, não priorizamos nada. Sugeriu então que o
Documento saísse indicando LINHAS PASTORAIS. Esta sugestão agradou a
todos e assim saiu o documento. Indicou três principais linhas pastorais:
1. Uma nova evangelização
2. Promoção integral dos povos
3. A Evangelização inculturada.
Assim na IV Conferência-Geral, deu-se um passo
decisivo rumo à inculturação, a um evangelho inculturado, em nossas Igrejas.
Nesta apresentação das quatro Conferencias servi-me do
trabalho realizado pelo participante daquela Conferência, o Cardeal Dom Aloísio
Lorscheider, já falecido, arcebispo emérito de Aparecida.
Com a benção e oração. Boa e repousante noite de paz.
Dom Ceslau
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V Conferência
Latino Americana e Caribenha
16/03/2018
Estando em Aparecida, Santuário nacional, visitando os
monumentos lá existentes, nos deparamos entre a saída do Santuário e a entrada
a residência dos missionários redentoristas, com uma enorme pedra de granito,
pontiaguda, de aproximadamente 10 m de altura, só de um lado a metade polida. É
o monumento comemorativo da V Conferência Latino Americana e Caribenha.
A Conferência de Aparecida, foi inaugurada pelo Papa Bento XVI
no dia 13 de maio e encerrada no dia 31 de maio de 2007. O tema foi: “ Discípulos e Missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham
vida”, inspirado na passagem do Evangelho de João que narra “Eu sou o Caminho,
a Verdade e a Vida” (Jo 14,6).
A Conferência foi convocada pelo Papa João Paulo II e
confirmada pelo Papa Bento XVI. Foi organizada pelo Conselho Episcopal
Latino-Americano, sob a orientação da Pontifícia Comissão para a América
Latina. É o mais recente evento eclesial que nos trouxe a riqueza de
orientações pastorais e material de reflexão à luz da fé sobre a Igreja na
América Latina e Caribe. (Continuará).
Com o abraço fraterno e a benção com a oração. Uma
repousante noite.
Dom Ceslau.
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17/03/2018
O Papa Bento XVI na homilia de abertura da Conferencia
disse:
“Esta V Conferência
Geral celebra-se em continuidade as outras quatro que a precederam (...) . Com
o mesmo espírito que as animou, os pastores querem dar novo impulso à
evangelização, a fim de que estes povos sigam crescendo e amadurecendo em sua
fé, para serem luz do mundo e testemunhas de Jesus Cristo com a própria vida”.
E os bispos constataram, que desde a última conferência em
Santo Domingo muito mudou na sociedade. E a Igreja que participa das alegrias e
esperanças de seus filhos, quer caminhar ao seu lado neste período de tantos
desafios para infundir-lhes sempre esperança e consolo. (AP 16).
Acho que nestas
palavras poderíamos resumir o objetivo principal da Conferência nesta nossa
realidade da mudança da época. Novo impulso da evangelização e estar ao lado do
povo. Pensemos nisto. (continua).
Com a minha benção e oração. Um boa noite.
Dom Ceslau
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Cultura e inculturação na América
latina
19/03/2018
Antes de apresentar em linhas gerais a herança de Aparecida,
chamo a atenção a afirmação que o Papa Bento XVI, fez na abertura da
Conferência sobre a cultura e enculturação na América Latina.
O Papa refletiu sobre o que foi o encontro das duas culturas:
pré-colombiana e cristão. Será que foi um choque, ou a imposição? “Mas, que
significou a aceitação da fé cristã para os povos da América Latina e o
Caribe?
Para eles, significou conhecer e acolher Cristo, o Deus
desconhecido que seus antepassados sem saber, buscaram em suas ricas tradições
religiosas. Recebendo também o Espírito Santo para fecundar suas culturas,
purificando-as desenvolvendo os números germes e sementes que o Verbo encarnado
(Jesus Cristo) que havia posto neles, orientando-as assim pelos caminhos do
Evangelho.
O anuncio de Jesus e seu Evangelho não supôs, em nenhum
momento, uma alienação das culturas pré-colombianas, nem foi uma imposição de
uma cultura estranha.
E continua dizendo o Papa: As autenticas culturas não são
fechadas em si mesmas nem petrificadas num determinado ponto da história. Estão
abertas, buscam o encontro com as outras culturas, pelo diálogo com outras
formas de vida no respeito sempre a diversidades das expressões e de sua
realização concreta. Em última instância só a verdade unifica e sua prova é o
amor. Mais ou menos nestes termos falou o Papa sobre o encontro das duas
culturas.
Um abraço e a benção a todos com a humilde oração.
Dom Ceslau.
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20/03/2018
O Documento de Aparecida está dividido em três grandes
partes:
1ª A vida dos nossos povos;
2ª A Vida de Jesus Cristo nos discípulos missionários;
3ª A vida de Jesus Cristo para nossos povos.
Na primeira parte se considera, brevemente, a pessoa que
olha a realidade e que louva a Deus por todos os dons recebidos, em especial,
pela graça, a fé que o fez seguidor de Jesus e pela alegria de participar da
missão eclesial. Analisam-se vários processos históricos complexos e em curso
nos níveis sócio-cultural, econômico, sócio-político, étnico e ecológico, e se
discernem grandes desafios como a globalização, a injustiça estrutural, a crise
na transmissão da fé e outros. Nesse contexto, considera a difícil situação de
nossa Igreja nesta hora de desafios, fazendo um balanço de sinais positivos e
negativos. (continua).
Com uma benção e oração nesta última semana de quaresma. Um
boa noite.
Dom Ceslau.
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21/03/18
A segunda parte, a partir do olhar sobre a realidade da
América Latina e o Caribe, entra na essência do tema: A vida de Jesus Cristo
nos discípulos missionários. Indica a beleza da fé em Jesus Cristo como fonte
de vida para os homens e as mulheres que se unem a Ele e percorrem o caminho do
discipulado missionário.
Aqui são tratadas, dimensões relativas aos cristãos como
discípulos missionários de Jesus Cristo. A alegria de ser chamado para anunciar
o evangelho e suas repercussões na pessoa e na sociedade. (cap. 3); a vocação à
santidade que recebemos ao ser configurados com Cristo (cap.4); a comunhão de
todo o Povo de Deus e de todos no Povo de Deus, na perspectiva de discípulo e
missionário.
Os distintos membros da Igreja com suas vocações
específicas, e o diálogo ecumênico, o vínculo com o judaísmo e o diálogo
inter-religioso (cap. 5); No fim, se aborda o caminho dos discípulos
missionários, a sua riqueza espiritual na piedade popular católica, uma
espiritualidade trinitária, cristocêntrica e Mariana de estilo comunitário e
missionário (cap. 6) Aqui se encontra uma das novidades do documento:
revitalizar a vida dos batizados para que permaneçam e caminhem no seguimento
de Jesus. (continua).
Uma serena noite. Deus te abençoe. Com a minha oração.
Dom Ceslau
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22/03/18
A terceira parte
entra plenamente na missão atual da Igreja Latino-americana e Caribenha. Nesta
parte se considera as principais ações pastorais com um dinamismo missionário.
Vemos a grande opção da Conferência: converter a Igreja em uma comunidade mais
missionária. Com este fim, se fomenta a conversão pastoral e a renovação
missionária das Igrejas Particulares, das comunidades eclesiais e dos
organismos pastorais. Aqui se incentiva uma missão continental que teria por
agentes as dioceses e os episcopados.
Procura-se priorizar algumas áreas a serem evangelizadas; se
reconhece novos rostos dos pobres: os desempregados, migrantes, abandonados,
enfermos e outros. “A nossa fé proclama que Jesus Cristo é o rosto humano de
Deus e o rosto divino do homem” (Papa J.P. II) Por isso a opção preferencial
pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre
por nós, para nos enriquecer com a sua pobreza. (Bento XVI). Esta opção nasce
da nossa fé em Jesus Cristo, o Deus feito homem, que se fez o nosso
irmão. Opção, no entanto, não exclusiva, nem excludente” (Ap 392).
(Continua).
Com a benção e oração.
Dom Ceslau.
23/03/2018
Família
Sob o título Família, se promove uma cultura do amor no
matrimônio e na família, e uma cultura do respeito à vida na sociedade; ao
mesmo tempo, deseja-se acompanhar pastoralmente as pessoas em suas diferentes
condições: crianças, jovens, idosos, mulheres e homens, e se fomenta o cuidado
com o meio ambiente como casa comum (cap. 9).
No último capítulo, fala da evangelização da cultura e a
evangelização inculturada. Aponta os desafios pastorais na educação e na
comunicação, nos novos areópagos e centros de decisão, na pastoral das grandes
cidades e a presença dos cristãos na vida pública.
O Documento quer renovar em todos os membros da Igreja,
convocados a ser discípulos missionários de Cristo, “ a doce e confortadora
alegria de evangelizar” ( EN 80).
Com as palavras dos discípulos de Emaús e com a oração do
Papa em seu discurso inaugural, o Documento conclui com uma prece dirigida a
Jesus Cristo: ‘Fica conosco porque é tarde e o dia declina’ (Lc 24,29).
De todo o documento emana o novo espirito que envolve a
Igreja da América Latina e Caribe, que é: A EVANGELIZAÇÃO.
Eis a riqueza do Documento, aqui apresentado só como o “tira
gosto”, para animar-nos ao estudo, porque é o Documento de Magistério da
Igreja.
Com a benção e oração. Tenhamos uma Santa Semana Santa.
Dom Ceslau.
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Dom Ceslau Stanula – Bispo Emérito da Diocese de
Itabuna-BA, escritor, Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL
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