12 de Janeiro de 2018
Frederico Hosanan Sitonio
Nas últimas décadas, presidentes de vários países
republicanos passaram a pleitear a reeleição indefinida para o cargo que
ocupam. Quando necessário, eles chegam até a alterar a Constituição de seus
respectivos países — ou a recorrer ao Judiciário, cujos integrantes das mais
altas cortes são normalmente escolhidos por eles — para tentar perpetuar-se no
Poder.
Neste sentido, a Suprema Corte da Bolívia autorizou há pouco
Evo Morales a concorrer ao seu quarto mandato. Somado aos anteriores, serão 19
anos de reinado, digo, de presidência.
Isso não obstante 51% dos votantes daquele país lhe terem
negado, no plebiscito de janeiro de 2016, a possibilidade de reeleição. A
decisão da Suprema Corte boliviana é um exemplo de judicialização da
política, uma nova forma de impor “democraticamente”, goela abaixo, o que foi
rejeitado democraticamente.
Com isso, fica suficientemente exposta a manipulação do
sistema republicano. Os que defendem essa reeleição indefinida não querem os
Reis de antigamente, cujos governos são hereditários e avessos às demagogias,
mas querem aventureiros que sequestram o Estado pelo tempo que for conveniente
à ideologia que defendem.
Tais manobras jurídico-políticas visam levar os países onde
são praticadas a uma situação análoga à da Venezuela de Hugo Chávez e de seu
“delfim” Nicolás Maduro, cuja meta é Cuba, sequestrada por Fidel Castro, que
passou o poder ao seu irmão Raul; ou então a Coreia do Norte, com três gerações
de tiranos no poder, de pai para filho; ou ainda a Rússia, onde Putin tem a
pretensão de tornar-se um novo “czar”…
Ou seja, será uma caricatura grotesca da forma de governo
monárquica que eles tanto detestam. A corrupção da Monarquia, segundo
Santo Tomás, tem um nome: Tirania.
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Fonte: Revista Catolicismo, Nº 805, janeiro/2018.
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