Em visita de cinco dias ao país, Papa foi recebido por filho
de ex-refém das Farc nascido em cativeiro. Ele também saudou venezuelanos e
disse estar 'orando para que todos na nação possam promover caminhos de
solidariedade, justiça e concórdia'.
Por France Presse
06/09/2017
Foto distribuída pela presidência colombiana mostra o Papa
Francisco ao lado do presidente Juan Manuel Santos e da primeira-dama Maria
Clemencia Rodriguez, recebendo um presente de Emmanuel, filho da ex-refém das
Farc Clara Rojas, em sua chegada à Bogotá na quarta-feira (6) (Foto: Cesar
Carrion/Colombian Presidency/AFP)
O Papa Francisco pediu que promovam "caminhos de
solidariedade, justiça e concórdia" na Venezuela e aos colombianos que
"não percam a esperança" em sua chegada nesta quarta-feira (6) a um
país que tenta superar o último conflito armado do continente.
"Que ninguém os engane, não se deixem perder a
esperança", disse Francisco aos fiéis que se reuniram na nunciatura em
Bogotá antes de lhes dar a benção.
O papa foi recebido pelo presidente Juan Manuel Santos e
antes de iniciar seu primeiro percurso no papamóvel, saudou militares e
policiais feridos em combate.
No aeroporto, Emmanuel, o filho de uma ex-refém das Farc que
nasceu em cativeiro, lhe entregou a escultura de uma pomba, símbolo da paz.
"Depois de tantos anos, guerra e conflito, quem melhor
do que o Santo Padre para nos estimular a dar o primeiro passo à
reconciliação", afirmou Santos à imprensa.
"Não se deixem vencer"
Milhares de pessoas foram às ruas das as boas-vindas a
Francisco em sua chegada à Colômbia, que é o sétimo país com mais católicos no
mundo.
"Que viva a paz", gritavam os fiéis.
O pontífice argentino, de 80 anos, chegou às 16h36 locais
(18h36 de Brasília) ao aeroporto militar Catam, em Bogotá, para uma histórica
viagem de cinco dias, que contará com atos e missas em quatro cidades.
"Envio saudações cordiais à sua excelência (presidente
Nicolás Maduro) e a todas as pessoas da Venezuela. Orando para que todos na
nação possam promover caminhos de solidariedade, justiça e concórdia. Invoco
particularmente a benção de Deus para a paz a todos vocês", declarou o
pontífice.
O Papa pediu "uma oração para que possa haver diálogo
com todos" no país, que vive meses de protesto contra Maduro.
A visita do Papa, que inclui as cidades de Bogotá,
Villavicencio, Medellín e Cartagena, "é uma viagem especial (...) para
ajudar a Colômbia a seguir em frente em seu caminho de paz".
Primeira missa
Na quinta-feira, Francisco oficiará em Bogotá a primeira das
quatro missas na Colômbia e se reunirá cm hierarcas da Igreja católica na
Venezuela durante um encontro com o Conselho Episcopal Latino-americano.
Centenas de venezuelanos que migraram por causa da crise
política e econômica são esperados na cerimônia.
"Tudo o que o papa puder fazer é bem-vindo e deve ser
bem visto. Ele não é o responsável (pela situação), somos nós", disse à
AFP María Ramírez, uma venezuelana de 50 anos que chegou a Bogotá há dois anos
fugindo da insegurança e da escassez de produtos em seu país.
O Papa Francisco acena do Papamóvel ao chegar à Bogotá, na
Colômbia, na quarta-feira (6) (Foto: Pedro Ugarte/AFP)
Reconciliação
A 70 km de Bogotá, na cidade de Villavicencio, Francisco vai
liderar o ato mais relevante durante sua viagem de cinco dias.
Afetada pela violência da guerrilha e paramilitar, a região
receberá uma missa e um encontro de oração para reconciliar um país que, por
meio século, sofreu com um violento conflito armado. O evento contará com as
presenças de vítimas e de algozes arrependidos.
O confronto entre guerrilhas, paramilitares e forças do
Estado deixou 7,5 milhões de vítimas, entre mortos, desaparecidos e deslocados.
Nas missas e visitas de que Francisco participará nas quatro
cidades colombianas, um país de 48 milhões de habitantes e de maioria católica,
os organizadores calculam que serão dois milhões de fiéis em Bogotá; um milhão
em Medellín, assim como em Villavicencio; além de cerca de 750 mil presentes em
Cartagena.
As autoridades do Vaticano calculam que 700 mil pessoas
devem saudar o papa ao longo do percurso de 15 quilômetros entre o aeroporto de
Bogotá e a nunciatura.
Francisco dormirá todas as noites na sede da nunciatura
apostólica de Bogotá. A partir deste local seguirá a cada dia para diferentes
cidades.
A força pública colombiana se encarregará de velar pela
segurança de Francisco. Além disso, haverá 19.660 voluntários.
Na segunda-feira, Francisco enviou aos colombianos uma
mensagem: "Querido povo da Colômbia, dentro de poucos dias visitarei o
vosso país. Irei como peregrino de esperança e paz".
O Papa reconhece "a constância em busca da paz e da
harmonia" do povo colombiano e assegura que a paz que a Colômbia
"quer há muito tempo e trabalha para consegui-la" dever ser
"estável, duradoura, para nos vermos e nos tratarmos como irmãos, nunca
como inimigos".
Francisco chega ao país em um momento particularmente
positivo depois que a última guerrilha ativa do país, o ELN, anunciou um
cessar-fogo temporário.
O papa respaldou sem hesitação as negociações que permitiram
o desarmamento de 7 mil combatentes e a transformação da guerrilha das Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em partido político.
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