Ironias da vida!
Antonio Nunes de Souza
Afonso e Laura formavam um
casal lindo e maravilhoso, não pela beleza física completamente, mas, pelas
suas afetividades, felicidades e entendimentos desde o tempo de namorados.
Casados há cinco anos, ambos com 27 anos e, curiosamente, as mesmas profissões
de dentistas. Assim, interessantemente, pareciam que tinham vindo ao mundo já
programados para viverem eterna mente juntos e felizes!
Porém, por uma infelicidade,
graças a uma deficiência em seu organismo, Laura, mesmo depois de consultar os
melhores especialistas, chegou a triste conclusão que, infelizmente, jamais
poderia ter filhos!
Contudo, depois conversarem e
pensarem bem, decidiram fazer uma adoção, para completar a alegria da casa e a
felicidade deles próprios. E, mais que depressa, se inscreveram no departamento
judicial de adoções, ficando cadastrado, aguardando a aprovação e, ao mesmo
tempo, fazendo visitações em orfanatos para fazerem a escolha. Afonso desejava
um menino e Laura, por ser mulher, queria uma menina. E, com carinhos e beijos,
conseguiu que sua escolha fosse acolhida.
Passados dois meses, Laura
deparou com uma menina linda, meiga e, curiosamente, parecida com ela nos
traços fisionômicos, tendo também alguns pequenos detalhes da fisionomia de Afonso.
Mas, não era um bebê, ela tinha 7 anos. Pensaram, refletiram e, pela grande
ansiedade de Laura, resolveram que Dora (esse era o seu nome) seria a filha
deles!
Prepararam toda tramitação,
papeis prontos, aprovação jurídica, oficialização, etc., foram ao orfanato
buscar a menina, que já tinha o seu quarto arrumado todo em cor de rosa, a
espera da nova e sonhada moradora! Como tratava-se de uma garota já esperta,
combinou-se que eles seriam considerados e chamados de tios, para que não
houvesse traumas futuras por ela descobrir o desconfiar que eles não eram seus verdadeiros
pais.
Para ser menos longo, vou logo
contar o que veio pela frente. Dora transformou-se numa moça linda, charmosa e
super sedutora e, ironicamente, se apaixonou pelo seu tio, pois já havia também
notado que ele a olhava com um olhar de desejo, mesmo respeitando, não só sua
esposa, como também a afinidade filial que tinha com a moça. Mas, o instinto sexual
bateu muito mais forte e, um inesperado dia, aconteceu o que não era jamais
para acontecer. Eles transaram loucamente, esquecendo de todos os conceitos e
preconceitos culturais, sociais e jurídicos. E isso continuou as escondidas,
até que Lauro e Dora resolveram fugir de sua protetora tia, indo refazer a vida
em outro estado!
E assim fizeram, aproveitando
uma rápida viagem da tia e, praticamente, sua mãe, fugiram os dois, deixando
uma carta confessando seu grande pecado e pedindo milhões de perdões pela
atitude tomada!
Atualmente, Laura vive nos
sofás de psicólogos e analistas, sofredora de uma monstruosa depressão,
revoltada porque não deu ouvidos ao marido escolhendo um menino, enquanto Lauro
e Dora moram em Belém, com dois filhos, e ela terminando o curso de odontologia
para que juntos, abram uma nova clínica!
Essas ironias da vida e do
destino, certamente, não são obras traçadas pelas divindades. Imagino que sejam
pelas grandes liberdades existentes entre os seres humanos que, estupidamente,
usam e abusam do tão citado e divulgado “livre arbítrio”!
Antonio
Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL
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