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domingo, 7 de maio de 2017

ITABUNA CENTENÁRIA: UM POEMA - Paulo Bezerra

O Estro que Ilumina o Ser


O estro que ilumina o ser,
No lume da existência vã,
Anuncia um breve amanhecer
E dança no colo da manhã.

A sonoridade explêndida que vai
No ar, no ar, no ar, a se perder,
Nos assegura que tudo o que se esvai,
A eterna mão não cansa de suster.

Estro, dança, música infinda
Que as cordas do banjo mandam para o ar,
A atmosfera que estrelada está, ainda,
Saúda o dia que acaba de chegar.

Música envolvente, que nos enche a alma,
Mexendo nos recantos do aberto peito
E, no instante penetrante desta calma,
Nos levanta, para o dia, já refeitos.


(O ESTRO QUE ILUMINA O SER - 1ª Edição)
Paulo Bezerra

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PREFÁCIO 


            "Conheci Paulo, advogado, quando da realização  do primeiro Concurso para Juiz do Trabalho realizado pelo TRT de Alagoas, em 1992. Ansioso, esperançoso, nervoso, como todo candidato. Vinha da Bahia – terra de Carlos Coqueijo Costa, Orlando Gomes, J.J. Calmon de passos e José Augusto Rodrigues Pinto, trazendo, na bagagem, ao invés de roupas, livros, em busca de um ideal: ser juiz.

            Conheci Paulo, juiz, já em 1993. Vitorioso, realizado, feliz, pois como ele mesmo diria mais tarde, chegou a esta terra 'trazendo uma mala de esperança, de alegria e de luta'.

            De luta, porque estressado de uma maratona de 10 horas de estudos, durante dois anos inteiros.

            De alegria, porque finalmente, o filho de um caminhoneiro e de uma nordestina Severina, anualmente buchuda e doce por toda a vida, era Juiz. Esse nordestino também tão Severino.

            De esperança, porque todos os que se lançam em busca de algo e conseguem, se enchem de esperança para novos rumos.

            Conheci Paulo, poeta, em 1994, quando, ao receber o título de cidadão palmarino, deixou transparecer em seu discurso, inserido ao final  deste livro, o estro que lhe ia n’alma.

            Não é de admirar que um filho da terra de Castro Alves, Dorival Caymmi, Jorge Amado, Caetano Veloso e Dias Gomes, tenha percebido a poesia no ar, à sua volta, e dela sorvido.

            Um advogado, forma-se. Um juiz, instrui-se.

            Mas um poeta, nasce. Porque o poeta já trás no sangue, nos gens, a sensibilidade, a poesia.

            O poeta já nasce com olhos de poeta, com ouvidos de poeta, com alma de poeta.

            Paulo, poeta, certamente, herdou do seu pai, caminhoneiro, a beleza absorvida por este, nas muitas horas de solidão, quando vagava pelas paisagens das estradas.

            Paulo, poeta certamente herdou de sua mãe, doce por toda a vida, os cantos e encantos das muitas horas de suave colóquio, dela com o ser que lhe crescia no ventre.

            Não me cabem méritos nem reconhecimento público, para ser escolhido para prefaciar esta obra, a não ser o respeito e a admiração por esta mesma obra.

            É bom saber que, em tempos onde os homens andam cada vez mais esquecidos dos sentimentos, revela-se um novo poeta.

            É bom saber que, da mesma pena de onde brotam sentenças de direito trabalhista, brotam também poesias. Porque isto dá ao poeta a qualidade da poesia que não é mero sonho, mas trás a marca da experiência de vida.

            Dá ao juiz a qualidade de decidir, sem esquecer os valores mais sutis do sentimento, as questões mais humanas do ser humano. E dá ao leitor a oportunidade de ótimos momentos de reflexão, de devaneios, de divagação, enfim, da melhor poesia".

José Antônio Esteves Nunes

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