4 de abril de 2017
Padre David Francisquini (*)
Não deixa de ser curiosa a maneira como os meios de
comunicação costumam tratar das modas. Via de regra, eles se utilizam de uma
linguagem evasiva como “Você já conhece as tendências da moda?”; “Fique de
olho nos desfiles e descubra qual será a tendência…”; “Tendências que vão
bombar no próximo verão…”.
O dicionário define tendência como uma disposição
natural que leva algo ou alguém a se mover em direção a outra coisa ou a outra
pessoa. Afirma-se também que os estilistas se baseiam em tendências universais.
Como nos encontramos num processo revolucionário várias
vezes secular, todo ele feito por etapas, que tem por origem última em
determinadas tendências desordenadas; lutando por realizar-se, elas começam
sempre por modificar as mentalidades, as expressões artísticas e os costumes.
Com efeito, tais tendências têm muito de natural, mas
considerando o processo revolucionário como o descreve Plinio Corrêa de
Oliveira na sua obra-prima Revolução e Contra-Revolução, elas podem ser
facilmente induzidas, o que facilita a compreensão de onde elas vêm e para onde
vão.
Afinal, quem dita tendências na moda? — As grandes grifes mundiais,
ou seja, agentes revolucionários, com desígnios escusos, na pretensão de abalar
convicções, costumes, modos de ser e de agir das pessoas que ainda prezam e
vivem valores herdados da civilização cristã.
Ainda que tais grifes quisessem apenas vender, mas
o que é a publicidade moderna senão a exploração de um ou mais vícios capitais?
Com tal objetivo, tais agentes avaliam o panorama das psicologias das almas,
com suas tendências, contando sempre com o mecanismo dos vícios e das
tendências desordenadas.
Com que objetivo? — Destronar Nosso Senhor e colocar Satanás
em um trono; liquidar a boa ordem das coisas e preparar os gostos, os pendores,
os humores para os vícios.
Modificar o estado temperamental, para que as
pessoas vão se habituando à cacofonia, ao mau gosto, a tudo quanto é
desordenado; estimular os hábitos imoderados e tendenciosos na maneira de se
vestir, cores extravagantes sem harmonia e beleza, bem como a minimização das
vestes rumo à nudez.
Trata-se de uma ofensiva que, muitas vezes, tenta
transtornar a ordem espiritual, com desregramentos morais, para assim golpear a
boa ordem no âmbito temporal. Ofensiva satânica visando atacar a glória de
Deus, tentando destruir a ordem espiritual e temporal, sugerindo concessões ao
mal.
Tudo isso é feito por meio de devotados agentes que atuam de
maneira inversa à dos evangelizadores que edificaram a civilização cristã. É
deprimente notar o descaso com que as modas indecentes vão penetrando e se
avolumando rumo ao nudismo, em detrimento dos modos de se vestir do passado. [bons
exemplos na foto ao lado].
Mais triste ainda é o desdém, a indiferença e a omissão cada
vez maiores por parte daqueles que deveriam ser o sal da terra e a luz do
mundo, que permitem pessoas indecorosas nos recintos sagrados e até mesmo
aproximarem-se da mesa eucarística.
Tudo isso leva crer na existência de uma ação junto àqueles
que deveriam ser o baluarte da fé e da ortodoxia a fim de conduzi-los a um
pacto com o mundo, permitindo a contaminação dos ambientes católicos com os
erros modernos ao cerrar os olhos para o uso de roupas masculinas pelas
mulheres, alegando que não se deve incomodar com essas “ninharias”…
Porventura, não sabem eles, com base em Santo Ambrósio e São
Tomás de Aquino, ser o próprio Deus quem vestiu as aves e os animais, com penas
e pelos? E que Ele mesmo diferenciou o sexo de cada um?
Assim, Deus pôs no homem um princípio inteligente e
volitivo, estabeleceu a diferenciação entre homem e mulher e que cada um deve
regrar seus atos de acordo com essa diferença, vestindo-se convenientemente,
conforme a natureza de cada sexo.
Diz Santo Ambrósio: “Não se conserva a castidade quando
não se guarda a distinção dos sexos”. Isto faz parte de um princípio,
estabelecido pelo próprio Deus, que tem como base a própria natureza racional
do homem e da mulher.
Lemos nas Escrituras que é abominável o homem que se veste
como mulher e a mulher como homem, porque é a transgressão da própria natureza.
Faz parte da boa ordenação das coisas que o homem ao atingir
um grau de civilização e de progresso se dignifique em toda a sua plenitude na
maneira de se vestir, nos hábitos comportamentais condizentes ao seu fim nesta
Terra, qual seja conhecer, amar e servir a Deus, preparando-se para a vida
eterna.
O que as ditas modas introduzem é uma depravação do próprio
homem em sua dignidade de ser racional e ontológico. Prepara-o para todas as
aberrações conduzindo-o ao caos, visto que semelhante conduta reflete a negação
do próprio Deus.
Quando nossos primeiros pais, por desobediência a Deus,
pecaram no Paraíso terrestre, esconderam-se confusos e envergonhados devido à
nudez. Deus Pai, com a sua bondade, teceu-lhes vestes e os cobriu, como quem
cobre as aves de penas, e os animais de pelos, e os campos de vegetação.
No ambiente de permissivismo moral, a distinção de um sexo
do outro, vai se atenuando de tal forma que hoje se chega a fazer justificação
da Ideologia de Gênero, escancarando a negação da evidência que a natureza
se encarregou de estabelecer entre homem e mulher.
Afirma São Tomás de Aquino:
“Que o vestuário exterior deve corresponder à condição da
pessoa, de conformidade do uso comum. Por isso, em si mesmo é pecaminoso uma
mulher trazer trajes viris ou inversamente. Sobretudo por que pode ser causa de
lascívia.
O que a lei antiga expressamente proibia, porque os gentios usavam
desses travestimentos pela superstição da idolatria.”
O igualitarismo constitui uma das características dominantes
de hoje. Em nome da igualdade vai se impondo ao homem o sentimento anticristão.
A igualdade entre os sexos representa uma das inúmeras manifestações de
igualitarismo que leva a negação de Deus e da religião, afastando as pessoas de
sua própria identidade.
Uma instrução da Santa Sé, de 12-1-1930, afirma:
“Muitas vezes, dada a oportunidade, o Sumo Pontífice
reprovou e condenou acerbamente a maneira insolente de se vestir que se vai
introduzindo entre as senhoras e jovens católicas.
Esse modo de vestir, não só ofende o decoro feminino e a
modéstia, mas, o que é mais grave, causa sério prejuízo a essas mesmas
mulheres. E pior, leva miseravelmente outros homens à condenação eterna.
Nada mais lógico e forçoso que os bispos, assim como convém
aos ministros de Cristo, como se fossem uma só voz, oponham toda barreira a
essa audácia e libertinagem da moda, suportando com serenidade e coragem as
zombarias e insultos que receberem de espíritos malévolos por essa tomada de
posição.
Os párocos e pregadores, nas ocasiões que se oferecerem,
conforme recomenda São Paulo, ‘insistam, expliquem, increpem, exortem’ para que
as mulheres usem vestes que irradiem o pudor e que sejam o ornamento e defesa
da virtude; e admoestem aos pais para que não deixem suas filhas usar vestes
indecorosas.
Os pais conscientes da obrigação gravíssima que têm de
cuidar, em primeiro lugar, da educação religiosa e moral dos filhos, fomentem,
em seu espírito, por todos os meios, quer pela palavra, quer pelo exemplo, o
amor da virtude, da modéstia e da castidade”.
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(*) Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria –
Cardoso Moreira (RJ) – o Revmo. Pe. David Francisquini é colaborador da Agência
Boa Imprensa (ABIM).
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