Mais uma de Dantinhas
No ano 1991 foi publicada entrevista com o historiador JOSÉ DANTAS DE ANDRADE, intitulada “Dantinhas: Alegria de Itabuna está de Volta”.
ITABUNA CENTENÁRIA posta esta entrevista adquirida das mãos da filha do historiador, Maruse Dantas Xavier, através de um recorte de jornal que, infelizmente, não o identifica. Deixa, portanto, o tal jornal à vontade para reivindicar seus créditos.
DANTINHAS: ALEGRIA DE ITABUNA ESTÁ DE VOLTA
Aos 81 anos de idade, José Dantas de Andrade, o “Zé das
Antas”, pioneiro das letras em Itabuna, com livros e artigos publicados sobre
história e humorismo, está relançando “Troças das ruas e das roças”, uma
coletânea de seus melhores “causos”, trovas e piadas. Ao lado do escritor,
conviveu (está aposentado, “recolhido” à estância de Olivença) o homem prático:
presidente da LIDA, funcionário ( e gerente) do Banco Rural durante mais de 40
anos e figura pública de Itabuna, lugar que escolheu para morar em 1927.
Como era a Itabuna dos anos 20?
“Em 1927, quando eu cheguei, só existia os bairros da
Mangabinha, Berilo e Jaqueira, mais nada. A cidade era Tabocas. Para você ter
uma ideia, para chegar ao trabalho eu atravessava um ribeirão que ficava bem no
meio da atual Praça Camacã. Eu botava a calça na cabeça e lá vamos nós...”
O Senhor sempre foi ligado aos jornais...
“Eu acompanhei o progresso de Itabuna e acho que contribuí
com esse progresso, tanto no banco quanto nos esportes e também no jornalismo,
publicando crônicas. Naquele tempo, só havia o Jornal de Itabuna, O
Intransigente e O Gladiador. Só mais tarde, em 1946, começaram a surgir outros
jornais”.
E como era a luta política da época?
“Era o tempo do coronelismo. É notável o período em que as
paixões se dividiam entre Firmino Alves e Henrique Alves. Mas havia respeito
entre os opositores. Tanto assim que quando Firmino Alves morreu, seu rival
Henrique Alves compareceu ao enterro, levando condolências à família. Não havia
as brigas de hoje, quando os homens públicos parecem que perderam o respeito
entre si”.
E Dantinhas escritor, como surgiu?
“Meu primeiro livro chamava-se “Espírito da Roça” e foi
publicado em 1937. Depois vieram “Arranca Toco” e “Estica Toco”. Em 1968, reuni
tudo que havia escrito e fiz uma coletânea com o título de “Troças da rua e da
roça”, o que vai ser reeditado agora”.
Como surgiu esta vontade de escrever?
“Eu não sei bem qual a minha influência. Acho que já nasci
assim brincalhão. Quando chegava um circo na cidade, eu bancava o palhaço,
participava dos ‘dramas’, subia no picadeiro. Às vezes, o público me preferia
ao palhaço. Quase cheguei a desempregar um palhaço uma vez, porque eu fui mais
engraçado do que ele, segundo a opinião do público do circo”.
E seu humor já fez algum inimigo?
“Só me lembro que ficou meu inimigo foi o ex-prefeito Félix
Mendonça, devido a uma crítica que eu fiz a ele: Numa ocasião, ele mandou o
comércio enfeitar as lojas para o Natal e construiu na Praça Adami uma árvore
de Natal. Os operários da Prefeitura, com má vontade, pegaram um mastro e
encheram de gambiarras, armando uma árvore de Natal bastante estranha. Na minha
coluna ‘Beliscando’, que eu assinava no jornal, contei que um menino perguntou
ao seu pai o que era aquela armação na praça e o pai respondeu:
‘Nem no norte nem no sul
Eu nunca vi coisa igual
Pau de sebo iluminado
Como árvore de Natal’.
Quando Félix soube, mandou consertar a tal árvore, mas foi
pior: o encarregado da obra tirou as gambiarras e deixou o pau, sem as
lâmpadas, sem mais nada. Foi aí que um engraçado escreveu este verso à máquina
e pregou lá:
‘O povo não gostou
Do meu pau iluminado
Tirei a luz do meu pau
Deixei o meu pau pelado’.
Assinado Félix Mendonça, prefeito da cidade.
Félix mandou me chamar, me deu um esporro desgraçado e ficou
meu inimigo”.
* * *
eu não fiz comentarios nesta postagem?
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