A profissão de Jupará
Jupará foi um dos tipos mais esquisitos da cidade, que se tornou bastante conhecido pela sua mania de prestar serviços relacionados com as pessoas falecidas como sejam: transportar caixões mortuários, capelas, vestir e velar o cadáver.
O seu tipo de débil mental, alto, magro e feio, sempre metido nas roupas folgadas que ‘herdava’ dos mortos, causava medo às crianças e já estava se tornando numa verdadeira superstição sua passagem pela rua ou porta de uma casa onde houvesse uma pessoa doente. Era um agouro, diziam logo: - Fulano não escapa, quando Jupará aparece o doente falece...
Efetivamente, Jupará vagava pelas ruas da cidade, principalmente à noite, “farejando” um defunto, uma sentinela, quando encontrava, se oferecia logo para ir buscar o caixão e se a família do morto lhe permitisse, ele ficava na cabeceira do defunto, sacudindo as moscas, acendendo velas, sempre pronto para qualquer serviço.
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Contam que certa noite lhe encarregaram de levar um caixão no lugar “Surubim”,
na Estrada de Ferradas, porém ele na ansiedade de fazer o serviço, não prestou
bem atenção ao que lhe recomendaram e levou o caixão para o “Salobrinho”, na
estrada de Ilhéus.
Enquanto a família do morto, lá no Surubim aguardava a chegada de Jupará, este vagava, altas horas da noite, pela localidade de Salobrinho, com o ‘envelope’ na cabeça, batendo de porta em porta e indagando: - Foi aqui que morreu um defunto?...
Perto do amanhecer, cansado, botou o caixão no chão, deitou-se no mesmo e adormeceu.
Pela manhã, houve assombração no Salobrinho. Muita gente correu, quando Jupará, acordando levantou-se do caixão...
DOCUMENTÁRIO HISTÓRICO ILUSTRADO DE ITABUNA, 1ª Edição -1968
- José Dantas de Andrade
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