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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

ITABUNA CENTENÁRIA SORRINDO...

O Menino Esquecido

Era uma vez um menino que teve a incumbência de comprar sangue (sangue coalhado) no açougue público de sua pacata cidade para preparar uma das guloseimas do sertanejo: o famoso sarapatel. Como já era um pouco tarde, a noite prestes a cair e o pai temendo não encontrar mais o sangue mandou o garoto se apressar, sob pena de se chegar lá e não encontrar a encomenda, levar uma baita surra.
Assim saiu o garoto sempre resmungando a frase, ou seja, pra não esquecer, tendo em vista o açougue ser um pouco longe:
--Tomara que haja sangue! Tomara que haja sangue! Tomara que haja sangue (repedidas vezes)
No trajeto , eis que encontra dois irmãos brigando. E o garoto continuava sua frase decorada pra não esquecer o que o pai lhes ordenara comprar: Tomara que haja sangue! Tomara que haja sangue...
O pai dos irmãos brigando, ao ouvir aquilo ficou impaciente e meteu-lhe um tabefe na orelha e disse:
--Não diga isso menino! Diga assim:
--Tomara que se apartem!
O menino prosseguiu a caminho do açougue: Tomara que se apartem! Tomara que se apartem! Tomara que se apartem!...
Nisso foi passando em frente a uma Igreja e estava saindo um casal que acabara de se casar. E o menino repetindo inúmeras vezes:
Tomara que se apartem! Tomara que se apartem! Tomara que se apartem!
O pai da noiva, ao ouvir aquela insistente frase, repreendeu-lhe dizendo: Não digas isto, nunca mais! Diga assim: Tomara que saia mais!
E o menino saiu repetindo insistentemente:
----Tomara que saia mais! Tomara que saia mais! Tomara que saia mais!...
Ao dobrar uma esquina, no itinerário do açougue, defrontou-se com um velório saindo de uma residência: E o menino... Tomara que saia mais! Tomara que saia mais! Tomara que saia mais!...
Um dos parentes do falecido, ao ouvir aquelas frases ficou indignado e repreendeu-o bravamente. Ô menino, diga assim:
--Tomara que não saia mais nenhum!
O menino saiu repetindo:
---Tomara que não saia mais nenhum! Tomara que não saia mais nenhum! Tomara que não saia mais nenhum!
Mais a frente no trajeto, ao atravessar a rua olhou numa ponte e percebeu que havia dois cachorrinhos se afogando e ele continuava dizendo: Tomara que não saia mais nenhum! Tomara que não saia mais nenhum! Tomara que não saia mais nenhum!...
A dona dos cachorrinhos que estava por perto, o repreendeu com uma cacetada de vassoura na cabeça fazendo-o cair sangrando todo o rosto. Assim o menino passando a mão no rosto e todo ensanguentado lembrou-se do que tinha ido comprar.


(Recebi sem menção de autoria)
* * *

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