Casas na Ilha Terceira
A escrita insular
Região homenageada pela 62ª Feira do Livro de Porto
Alegre, o Arquipélago dos Açores guarda um passado e uma cultura cuja
familiaridade aos porto-alegrenses transcende os livros de História.
Isolamento,
melancolia e identidade. Questões de natureza pungente aproximam os povos
gaúcho e açoriano. Região homenageada pela 62ª Feira do Livro de Porto Alegre,
o Arquipélago dos Açores guarda um passado e uma cultura cuja familiaridade aos
porto-alegrenses transcende os livros de História e atinge o caráter mais
subjetivo de um povo. Lá, como cá, há preocupação com a identidade coletiva e a
forma como ela diferencia esse povo mais isolado daquele que habita o grande
centro (o Sudeste brasileiro aqui, o continente europeu lá).
A
melancolia provocada pela insularidade açoriana, sentimento próximo do
distanciamento cultural dos gaúchos em relação ao país localizado ao Norte do
Rio Mampituba, convida à reflexão sobre seu lugar no mundo. Essa perspectiva,
aliada a um isolamento forçado — geográfico para açorianos, cultural para os
gaúchos —, cria uma visão de mundo que será celebrada na 62ª Feira do Livro de
Porto Alegre.
Monte
Brasil em Angra do Heroísmo
Oito escritores
açorianos integram a programação especial do evento e apresentam para o público
gaúcho as tradicionais e as novas questões da literatura açoriana. Nuno Costa
Santos, Madalena San-Bento, Urbano Bettencourt, Joel Neto, Vasco Pereira da
Costa, Eduíno de Jesus, Francisco Cota Fagundes e Paula de Sousa Lima trazem
consigo, além das histórias de sujeitos que emigraram e partiram para o mundo,
o vigor da literatura açoriana. Autores que situam a moderna escrita do
arquipélago num lugar de dinamismo e contemporaneidade, compromissado com as
questões do sujeito e da literatura atual.
Diferentes
editoras da Região mostrarão, ainda, o melhor da literatura açoriana que inclui
alguns dos mais importantes nomes da cultura portuguesa, como Antero de
Quental, Vitorino Nemésio e Natália Correia, entre outros. E diferentes
momentos musicais, de dança e mostras, que decorrerão ao longo dos dias, trarão
à 62ª Feira do Livro de Porto Alegre um pouco mais de outras dimensões da rica
cultura açoriana.
Ilhéu
Maria Vaz em Ponta Delgada
Novo
velho destino
O
Brasil inexiste na perspectiva migratória do açoriano contemporâneo, embora
sejam muitos os movimentos, oficiais ou não, de aproximação às comunidades
açorianas existentes no Sul do nosso país. Há um esforço permanente de resgate
da História da geração que partiu para povoar tanto o Rio Grande do Sul no
século XVIII quanto muitas outras regiões em diferentes épocas.
Esse
movimento repete-se agora, em 2016. Na bagagem, a comitiva de escritores traz
consigo as impressões de um povo que olha para si e para o mundo e tenta
redescobrir sua identidade diante das novas fronteiras contemporâneas. O
instrumento dessa redescoberta é a escrita. Pela escrita, Porto Alegre e os
Açores se aproximam, se reconhecem e resgatam um vínculo nascido no século
XVIII. A 62ª Feira do Livro de Porto Alegre é o território desse novo
povoamento. Bem-vindo, Açores.
Ilhéus
das Cabras e Angra do Heroísmo.
Saiba mais: Região Autônoma dos Açores
É
um arquipélago formado por nove ilhas vulcânicas de perímetros distintos
(Corvo, Flores, Faial, Pico, São Jorge, Graciosa, Terceira, São Miguel e Santa
Maria) localizado no Atlântico Norte, entre 37º e 40º de latitude Norte e 25º e
31º de longitude Oeste — no meio do caminho entre o Velho e o Novo Mundo.
O
governo descentralizado espalha-se por diferentes ilhas, tendo a sua sede na
ilha de São Miguel, cidade de Ponta Delgada. A Assembleia Legislativa, com 57
deputados, situa-se na cidade da Horta, ilha do Faial, e a Diocese, com o Bispo
das Ilhas dos Açores, tem a sua sede em Angra do Heroísmo, cidade patrimônio
mundial, na ilha Terceira.
Oficialmente,
o arquipélago foi descoberto em inícios do século XV e ainda nesse século
começou a ser povoado por pequenos grupos de famílias provenientes de
diferentes partes do Reino de Portugal, da Bretanha e Flandres, bem como, em
menor número, de outros países europeus. Seus quase 250 mil habitantes
desfrutam, hoje, de uma economia estável, um alto índice de desenvolvimento
humano e de uma sociedade segura e igualitária. Os Açores são parte integrante
também da União Europeia e a sua Autonomia Política e Legislativa celebra este
ano o 40º aniversário da sua consagração na Constituição da República
Portuguesa de 1976.
Fotos:
visitazores.com e Governo dos Açores.
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