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Da preguiça mental à
loucura
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Existem dois tipos de loucos. Um é
o pobre coitado que, por uma deformidade cerebral, congênita ou adquirida, ou
mesmo pela idade avançada, perde a capacidade de se autogovernar. Merece ele nossa compaixão e ajuda em toda medida do possível.
Mas há outro tipo de louco, este
culposo. É aquele que, sem padecer de nenhuma anomalia cerebral, viciou-se em
agir de modo contrário à razão e ao bom senso. Peca contra a sabedoria, em
geral porque se entregou a alguma paixão desvairada que o tiraniza e lhe
impede o reto agir e pensar.
As subespécies deste tipo de
loucura são infindas. Exemplifiquemos.
Logo se poderá pensar na paixão da
sensualidade, com sua variante romântica, que cega o indivíduo e o faz
transgredir todas as normas da prudência e do bom senso, e por vezes também
da justiça, podendo facilmente chegar até o crime. Tudo para satisfazer um
impulso irracional que o escraviza e arrasta. É um louco.
Mas a sensualidade é apenas uma das
paixões que enlouquecem o homem. Poderíamos falar da ambição, do orgulho, da
inveja etc.
Pode parecer surpreendente, mas
talvez a preguiça, sobretudo a mental, seja a paixão mais frequente em
produzir mentecaptos. Habituando-se a não fazer esforço, a não querer
enfrentar o ambiente hostil que o rodeia, a nunca lutar — “dá trabalho”… “dá
preocupação”… “exige empenho”… “não é comigo”… — a pessoa acaba ficando meio
abobada e se deixa levar pela televisão, pela moda, pela opinião dos outros,
como uma folha seca que o vento carrega para qualquer lado e acaba por ser
pisada como inútil e desprezível. É um néscio, um idiota, um imbecil com o
qual não se pode contar para nada de sério ou racional.
A preguiça mental costuma exercer
forte tirania em relação aos seus escravos, a ponto de estes preferirem
qualquer coisa a terem que lutar ou fazer algum esforço. Disseram-me que o
colesterol é produzido por gorduras que aderem às faces internas das veias e
impedem o sangue de circular normalmente. A imagem me é muito cômoda para
exprimir esse “engorduramento” das veias do pensamento, que impede a
irrigação do cérebro pelo sangue vivo e borbulhante da reflexão bem feita, da
observação precisa, da análise objetiva da realidade. E, tudo isso, porque
pensar pode levar a conclusões desagradáveis, pode ser um convite à luta, ao
esforço, em suma, obriga a sair de entre os lençóis mentalmente
“engordurados” da preguiça para o campo de batalha. Se as evidências furam os
olhos, o melhor é fechá-los para não ver e não ter que sair das prazerosas
comodidades interiores da moleza.
Esse gosto mórbido da inação mental
explica que tenha sido possível aos arautos da esquerda ir introduzindo no
convívio social das nações, sem oposição proporcionada, as maiores aberrações
intelectuais, como a Ideologia de Gênero, a generalização da matança de
inocentes no ventre materno, os horrores da arte moderna; e, na Igreja, a
contestação de doutrinas evidentes, a demolição de cerimônias ancestrais
belíssimas, de costumes tocantes. São máquinas de opinião pública que vêm
despejando sobre as pessoas esses e outros horrores, como certos tubos
enormes despejam asfalto numa via de terra para se constituir ali uma
estrada, enquanto o “louco” olha para isso com olhar desagradado, mas
aparvalhado.
Alguém dirá: mas muitas pessoas não
estiveram de acordo com essas novidades malsãs!
Tudo isso é verdade, pode-se
ponderar, mas agora já é tarde, o mundo está entregue e muitos pastores se
transformaram em lobos. O que fazer?
Nossa Senhora prometeu em Fátima
que ao final de todo esse processo de horror e de pecado o seu Coração
Imaculado triunfaria. Comecemos nós a rezar e a lutar para que, quando esse
triunfo se der, ele encontre almas prontas a recebê-lo e a entusiasmar-se com
ele. E não almas modorrentas que só servem como palha para o fogo.
Triunfarão com a Santíssima Virgem
aqueles que agora, in extremis, se levantarem e lutarem por Ela. Surrexerunt
fili ejus, et beatissimam praedicaverunt (Prov 31,28) — Seus filhos se
levantaram e A proclamaram bem-aventurada.
Gregorio Vivanco Lopes é
advogado e colaborador da ABIM
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segunda-feira, 26 de setembro de 2016
DA PREGUIÇA MENTAL À LOUCURA- Gregorio Vivanco Lopes
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