21 de junho de 2018
Deus, o homem e o uso dos seres irracionais
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Marcos Machado
Iniciamos, no último artigo, considerações sobre um tema
tantas vezes focalizado de modo equivocado na mídia e em meios culturais
influenciados pela esquerda petista e não petista: os “direitos” de seres
irracionais.
Citamos o artigo de “O Globo” (1º-6-18), de Marlen
Couto: “Um rio pode entrar na Justiça para defender-se da poluição? […] a
Justiça Federal de Belo Horizonte analisa se aceita ou não uma ação movida em
novembro pela ONG Pachamama em que o próprio Rio Doce pede seu reconhecimento.
[…] a mudança de tratamento na lei, na avaliação de seus defensores, amplia a
proteção ambiental ao aproximar direitos de rios e animais, por exemplo, aos
garantidos aos humanos”.
Vimos que Deus, autor da Criação, criou o Homem à Sua Imagem
e Semelhança (inteligência, vontade) e o constituiu Rei de todos os
seres: “Crescei e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a, e
dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu, e sobre todos os
animais, que se movem sobre a terra”(Gen. I, 28).
Em consequência, os seres irracionais ficam submetidos ao
homem, que guiado pela Lei Natural e, mais ainda, pela Moral Católica, fará o
reto uso das leis da natureza em relação aos seres não inteligentes.
Queremos hoje tratar de mais um aspecto da questão.
A lei do pêndulo na História
Há uma lei histórica, que poderíamos denomina-la “lei do
pêndulo”, a qual nos mostra que um extremo de intemperança provoca um cansaço
na opinião pública e prepara com isso o ambiente para que ela aceite uma
intemperança oposta.
Deu-se isso, por exemplo, nos extremos de sangueira
provocados pelo comunismo e pelo nazismo na Segunda Guerra mundial, os quais
criaram as condições psicológicas ou a apetência de um pacifismo desenfreado no
pós- guerra.
A formulação corrente de que um extremo atrai outro extremo
é fundamentalmente errada. Um auge de virtude nunca gera um auge de mal. Mas um
extremo intemperante atrai outro extremo intemperante.
Assim, Nosso Senhor Jesus Cristo pregando e ensinando o
extremo do verdadeiro, do bom e do belo, jamais foi causa do extremo oposto, ou
seja, do errado, do mau ou do feio.
O mesmo se passa na sociedade humana: o reto progresso — que
é fundamentalmente afim com a Tradição — prepara para novos progressos. Nunca
um reto progresso cria condições para a barbárie.
A “lei do pêndulo” nos mostra, pelo contrário, que um
extremo desordenado causa um cansaço e prepara a opinião pública para o extremo
oposto.
O terreno fértil para o proselitismo ecológico vem
exatamente de um progresso sem tradição que norteou a chamada Revolução
Industrial, com seus excessos, sua poluição etc., Um abismo atrai outro abismo,
diz a Sagrada Escritura.
O homem deve completar a excelência da Criação
Comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “É desígnio
da Providência que, agindo segundo essa ordem [criada por Deus], a humanidade
complete de algum modo, com a obra de suas mãos, a excelência da criação.
Quando a técnica se deixa guiar inteiramente pela doutrina da Igreja, ela
concorre para produzir o verdadeiro progresso, muito diverso do imenso caos a
que nos conduziu o tecnicismo neopagão.”
Essa observação do Prof. Plinio é muito oportuna, porque a
ecologia coloca uma “camisa de força” na criatividade do homem e paralisa
nossos esforços na linha do reto progresso, da excelência da criação. “As
obras do homem são netas de Deus”, afirmou Dante Alighieri. Deus quer que o
homem aperfeiçoe a natureza.
Assim procedeu, por exemplo, o Aleijadinho, tomando a pedra
sabão e fazendo com ela a verdadeira maravilha que são os Profetas em Congonhas
do Campo [foto ao lado: estátua do Profeta Daniel].
O mesmo se diria do Cristo Redentor no Corcovado. O homem
intuiu que uma imagem do Salvador ficava bem ali, e então corou aquela
natureza, completando-a com um “possível de Deus” — ou seja, com algo que Deus
poderia ter feito, mas quis deixar para o homem fazer.
Prossegue o Prof. Plinio:
“Não é verdade que o universo seja um caos: ele é, pelo
contrário, uma obra ordenada e excelente de Deus; em consequência, o progresso
técnico em si mesmo não pode senão trazer benefícios para a humanidade.”
Voltando à raiz do problema e apontando a solução, ele
continua:
“Se, in concreto [o progresso técnico], não os trouxe,
e até concorreu para agravar imensamente os problemas humanos, deve-se atribuir
isto ao fato de que o progresso contemporâneo, sob muitos e muitos aspectos, não
é mais um progresso autêntico: ele se deixou inspirar e guiar por doutrinas
falsas, e assim passou a ser, não in totum, mas de várias maneiras, um
fator de deformação do homem e de agravamento de seus problemas”.
Portanto, corrijamos o desvio no homem e não caiamos no erro
crasso (dos ecologistas) de atribuir “direitos” a seres irracionais.
“Este dramático desvio do progresso foi possível porque
existe na humanidade um fator de desordem, causado pelo pecado original e pelos
pecados atuais. Este fator, pelo qual, como vimos, tantas vezes o progresso se
deixou dominar e corromper, não é obra de Deus, mas do homem”.
Terminamos com uma nota de esperança
“O remédio para este mal consiste em [voltar-se para] Jesus
Cristo, Filho de Deus e Salvador nosso. Se o homem não tivesse se afastado
d’Ele, o progresso não teria sofrido tão trágico desvio. Se o homem se voltar
para o seu Divino Salvador, o progresso se desenvencilhará de suas deturpações
e produzirá os frutos mais excelentes.”1
Fica, pois, apontada a verdadeira solução: voltarmo-nos para
o “Divino Salvador, e o progresso se desenvencilhará de suas deturpações e
produzirá os frutos mais excelentes”.
Para
isso nos ajudem Nossa Senhora Aparecida e o Cristo Redentor.
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