A Disputa
Cyro de
Mattos
A terra era fértil, o que se plantava vingava com
sobras. Quando havia disputa por um estirão
de terra, a contenda era feroz. “É meu!”, um dizia, “eu descobri primeiro!”,
outro alardeava. Os demais não aceitavam, todos se achavam o protagonista da
façanha.
A refrega começava, os ventos ficavam irascíveis, provocavam
assombros, escombros, feridos e mortos.
Os mais velhos diziam, somente um vai tirar a caça da mata,
quando encontra, abate-a, nem pode comemorar. Aparece muitos como o verdadeiro
caçador. A discussão começa, tomava o formato de disputa ferrenha.
Era sempre assim, depois de morta a caça aparecia era
caçador. O combate se fazia feroz, enquanto a caça apodrecia, e as garras do
ocaso a levavam para fazer reinar o entendimento entre eles.
E as trevas fossem
banidas do coração de cada um deles, em batimentos que levavam para a destruição
de todos os contendores na disputa feia.
Cyro de Mattos é jornalista, cronista, contista,
romancista, poeta e autor de livros para crianças. Membro efetivo da Academia
de Letras da Bahia, Academia de Letras de Ilhéus e Academia de Letras de
Itabuna. Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Santa Cruz.
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