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segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

O BEM E O MAL – Gibran Khalil Gibran

 


O Bem e o Mal

 

          E um dos anciãos da cidade disse: “Fala-nos do Bem e do Mal”.

           E ele respondeu:

            “Do bem que está em vós, poderei falar, mas não do mal.

            Pois que é o mal senão o próprio bem torturado por sua fome e sede?

            Em verdade, quando o bem sente fome, procura alimentos até nos antros escuros, e quando sente sede, desaltera-se até em águas estagnadas.

 

            Vós sois bons quando vos identificais com vós próprios.

            Porém, quando não vos identificais com vós próprios, não sois maus.

            Pois a casa que se divide não se torna antro de ladrões; é, apenas, uma casa dividida.

            E um navio sem leme pode vaguear sem rumo entre recifes perigosos, e não se afundar.

            Vós sois bons quando vos esforçais por dar de vós próprios.

            Porém, não sois maus quando vos limitais a procurar o lucro.

            Pois, quando lutais pelo lucro, sois simplesmente raízes que se agarram à terra e sugam seu seio.

            Certamente, a fruta não pode dizer à raiz: ‘Sê como eu, madura e plena, e sempre generosa de tua abundância’.

            Pois, para a fruta, dar é uma necessidade como, para a raiz, receber é uma necessidade.

            Vós sois bons quando falais plenamente acordados.

            Porém, não sois maus quando adormeceis enquanto vossa língua tartamudeia sem propósito.

            E mesmo um discurso gaguejante pode fortalecer uma língua débil.

            Vós sois bons quando andais rumo a vosso objetivo, firmemente e com passos intrépidos.

            Porém, não sois maus quando ides coxeando.

            Mesmo aqueles que coxeiam não andam para trás.

            Mas vós que sois fortes e velozes, guardai-vos de coxear por complacência na presença dos coxos.

            Vós sois bons de inumeráveis maneiras, e não sois maus quando não sois bons.

            Estais apenas ociosos e indolentes.

            Pena que as gazelas não possam ensinar a velocidade às tartarugas!

 

            Na vossa ânsia pelo vosso Eu-gigante está vossa bondade; e essa ânsia está em todos vós.

            Mas em alguns, essa ânsia é uma torrente que se precipita impetuosamente para o mar, carregando os segredos das colinas e as canções da floresta.

            Em outros, é uma corrente preguiçosa que se perde em meandros, e serpenteia, arrastando-se, antes de atingir a costa.

            Mas que aquele que muito deseja se guarde de dizer àquele que pouco deseja: ‘por que és lento e atrasado?’

            Pois o verdadeiramente bom não pergunta ao desnudo: ‘Onde está tua roupa?’ nem ao desabrigado: ‘Que aconteceu à tua casa?’ “

 

(O PROFETA)

Khalil Gibran Khalil

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Gibran Khalil Gibran - Poeta libanês, viveu na França e nos EUA. Também foi um aclamado pintor. Seus textos apresentam a beleza da alma humana e da Natureza, num estilo belo, místico, conseguindo com simplicidade explicar os segredos da vida, da alegria, da justiça, do amor, da verdade.

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ASAS PARTIDAS O PRIMEIRO AMOR DE GIBRAN

         

          Este romance, vivido e escrito por Gibran, é o romance de cada um de nós. O romance de nosso primeiro amor. O romance de nossas primeiras alegrias e sofrimentos.

          “Que jovem, pergunta o autor, não se lembra da primeira mulher que transformou o torpor de sua mocidade num despertar, ao mesmo tempo terrível e cheio de doçura?

          Para todo jovem, há uma Selma que surge na primavera de sua vida quando menos a espera e dá a seu isolamento um sentido poético e povoa sua solidão e enche suas noites de melodia.”

          Gibran e sua Eva foram expulsos do Paraíso.

          Mas a narração de seu amor e de sua expulsão constitui um deleite literário de permanente encantamento.

          Asas Partidas continuará a ser lido e amado enquanto houver amor e beleza neste mundo, enquanto o homem for sensível à primavera e ao luar, e enquanto o mal e a ganância prevalecerem às vezes contra jovens enamorados, sacrificando-lhes os sonhos de felicidade.

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