12 Poemas de Natal
Cyro de Mattos
É Natal!
Do céu dos céus
Uma estrela
Que anuncia
Só amores
Para iluminar
As pobrezas
Dessa terra.
Na manjedoura
Ondas embalam
O menino no berço
Feito de palha.
Cantam os anjos,
Tocam os pastores
Suas doces flautas.
Os reis magos
Estão sorrindo
De pura alegria.
Numa manjedoura
O bem afugenta o mal.
Os sinos tocam:
É Natal! É Natal!
***
O Pinheiro
Antes triste, no canto,
Só que de repente
Como por encanto
Aparece iluminado
Com estrelinhas do céu,
Não mais que de repente
Todo aceso de Deus.
***
Manjedoura
O que mais encanta
É nascer o menino
Na poeira desse chão
Onde os bichos andam
E até hoje esse menino
Com sua luz suave
Semear grãos azuis
De amor e de paz
Na manjedoura dos ares.
***
Árvore de Natal
Esse pequeno cofre
Para o papai Onofre,
Esse quadro com flores
Para a mamãe Dolores,
Esse cachimbo dourado
Para o vô Clodoaldo,
Essa coberta branquinha
Para a vó Vitorinha,
Essa camisa de linho
Para o tio Bernardinho,
Essa boneca que chora
Para a maninha Eudora,
Esse pião e o tambor
Para o meu primo Dodô.
Quem quiser a flautinha
Nem espere que é minha
***
O Amanhecer
Para Firmino Rocha,
em memória
A estrela desponta,
A nuvem se descobre,
O galo clarineta
E anuncia que em Belém
O menino já chegou
Na manhã mais bela.
A boa notícia corre
No fiozinho do rio
Que da montanha desce.
Segue no vento leve
Que sopra a flor sozinha
Na plantinha do brejo.
Vem com a borboleta
Que pousa na roseira
E fica brincando
Com os raios de sol.
***
Uma Oração Pequena
Pelo
Papai Noel
Que só aparece
Na televisão.
Pelo
Riozinho
De minha cidade
Cada vez pior
Com os despejos.
Pelo
Menino
Que na seca
Fez com os ossos
Do cachorro
Um carro
De brinquedo.
Pela
Professora
Que mal tem salário
Mas ensina
Um mundo.
Menino Jesus
Seja bem-vindo!
***
Esse Menino Jesus
Com o seu jeito
Amigo de dizer
Que pra vencer
O egoísmo
Dessa guerra
De cada um
Pensando em si
Basta querer
Sair por aí
De mãos dadas
E como criança
Espalhar
Num instante
Só ternura
Nessa terra.
***
Presépio
Virgem Maria: Seda do céu
Adorna o dia,
Pureza eterna
O amor de Maria.
São José: As mãos na enxó,
Plaina e formão
Talham a fé
Do constante coração.
Os Reis Magos:
Basta uma
palavra
E seremos salvos;
Não somos dignos
De tocar na palha.
O Burro: Nos meus cascos
Que não cansam
Venço a solidão.
O Galo: Amar a todos!
A Ovelha:
Não o egoísmo!
A Cabra: Cortar todo o mal!
A Vaca: E perdoar sempre!
A Estrela-Guia: Eu sou a luz
Que mostra
O caminho
Sem qualquer desvio
Onde com ternura
Somos todos irmãos.
O Menino: Minhas proezas
Numa só mesa
De todas as mãos
Os Anjos: Foi tanto balão
Que subiu ao céu,
Foi tanta canção
Que ventou ao léu
Que até hoje luz
Do menino a cruz.
***
Canção do Deus Menino
Alegre como passarinho
Lá vou eu pelo caminho
Cantando porque nasceu
Em Belém o Deus menino.
Esse menino que nasceu
Na manjedoura em Belém
Como estrela nos fascina
Na cidade ou na campina.
Quer os homens como irmãos
Convivendo em comunhão
Dentro de cada coração
Pelos ares ou no chão.
Quer os bichos sem matança,
A vida sem agressão,
A vida sem solidão,
A vida como uma dança.
Alegre como passarinho
Lá vou eu pelo caminho
Cantando porque nasceu
Em Belém o Deus Menino.
***
Presença de Natal
O canto do galo
Que fere a aurora
Dessa vez é belo.
Num sorriso silencioso,
A Virgem Maria sabe
Do amor de Deus no chão.
Abelhas de ouro zumbem,
A música que comove
Sai da flauta dos pastores.
Todos os anjos entoam
A cantiga que nos fala
Deste amor pelo mundo.
“Eu sou pobre, pobre, pobre
Desde que eu nasci;
Eu sou rico, rico, rico
Quando estou dentro de ti.”
***
Meu Sino de Natal
O sino de Raquel
Toca para o céu,
O sino de Raul
É quase sempre azul,
O de Josefina
Vai pela campina,
O de Graça Capinha
No País de Pero Vaz de Caminha,
O da professora Nelly
Como é bom ouvir!
O de Maria
Soa com alegria
E o de vovô
Dói de tanto ardor,
O de Jesuscristinho
Toca no Natal
E vem de Belém
Só pra me dizer
Que ele é o que mais
Vai me querer bem.
***
Louvemos Baixinho
Para Manuel Bandeira,
em memória
Nasceu numas palhas
O nosso reizinho,
Os matos cheiravam,
O vento embalava.
A Virgem Maria
Sentia como doía
O destino humano
Do filho de Deus.
Quando for um homem
Com o nome de Jesus
De tanto nos amar
Irá morrer na cruz.
Louvemos no Natal
O nosso reizinho
Enquanto ele dorme
Como um cordeirinho.
Cyro de Mattos é autor premiado no Brasil e exterior. Autor de 55 livros pessoais, de diversos gêneros.
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Celebrar o Natal com Poesia é como celebrar com orações!
ResponderExcluirO Natal nos inspira o melhor da Poesia.Parabens ao poetas e aos que as leem como orações!
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