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segunda-feira, 8 de novembro de 2021

O TEMPO – Gibran Khalil Gibran

 


O Tempo

 

E um astrônomo disse: “Mestre, que dizes do tempo?”

E ele respondeu:

“Gostaríeis de medir o tempo, o ilimitado e o incomensurável.

Gostaríeis de ajustar vosso comportamento e mesmo reger o curso de vossa alma de acordo com as horas e as estações.

Do tempo, gostaríeis de fazer um rio, na margem do qual vos sentaríeis para observar correr as águas.

          

 Contudo, o que em vós escapa ao tempo sabe que a vida também escapa ao tempo.

            E sabe que ontem é apenas a recordação de hoje e amanhã, o sonho de hoje.

            E aquilo que canta e medita em vós continua a morar dentro daquele primeiro momento em que as estrelas foram semeadas no espaço.

            Quem, dentre vós, não sente que seu poder de amar é ilimitado?

            E, porém, quem não sente esse amor, embora ilimitado, circunscrito dentro do seu próprio ser, e não se movendo de um pensamento amoroso a outro, e de uma ação amorosa a outra?

            E não é o tempo, exatamente como o amor, indivisível e insondável?

            Contudo, se em vossos pensamentos deveis dividir o tempo em estações, que cada estação envolva todas as outras estações,

            E que vosso presente abrace o passado com nostalgia e o futuro com ânsia e carinho.”

         


(O PROFETA)

GIBRAN KHALLIL GIBRAN


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O Jardim do Profeta: Um Livro de Ternura e Nostalgia

 

 Gibran estava trabalhando neste livro quando a morte chegou.

Nos seus planos, o livro fazia parte de uma trilogia, assim concebida:

O Profeta: As relações do homem com o homem.

O Jardim do Profeta: As relações do homem com a Natureza.

A Morte do Profeta: As relações do homem com Deus.

 

Deste último livro, Gibran deixou somente a ideia do epílogo. E é de uma amargura profunda: Al-Mustafa volta à cidade de Orfalese, e lá apedrejam-no na praça pública.

No Jardim do Profeta, pelo contrário, a ternura abrange até os seres inanimados: “Tu e a pedra não sois senão um só. A única diferença está no ritmo das pulsações do coração. Teu coração bate um pouco mais rapidamente.”

O Profeta termina com a partida de Al-Mustafa da cidade de Orfalese. O Jardim do Profeta abre-se com a chegada de Al-Mustafa à sua ilha natal, onde reencontra a casa que foi de seu pai e de sua mãe e aqueles que foram seus companheiros de infância. Dialoga com eles de mil assuntos da vida. Depois despede-se e se vai... “E seus pés eram rápidos e silenciosos; e, num momento, como uma folha levada pelo vento, encontrava-se muito longe deles, e eles viram como uma luz pálida subindo para as alturas.”

Um livro fresco e belo, cheio de conceitos profundos, de ternura e de nostalgia.

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