Total de visualizações de página

domingo, 12 de setembro de 2021

DERRAME DE DOR , por Cyro de Mattos

      


                    Derrame de Dor

                     Cyro de Mattos*

 

                  

                     Em memória dos que morreram

                     no ataque terrorista às Torres Gêmeas

                     de Nova York, em 11/09/2001.

 


Ceifados os sonhos pela fúria do insano matador,

Dor e tristeza soluçam pelos que morrem sem defesa.

Tantos e nada podem fazer para provar a inocência.

Nessas duas torres da agonia. Nesse trágico voo cego

Partilhado com o pânico. Por mais que eu saiba 

Os dias errantes e nefastos de duas guerras mundiais

Que se instalam com horror no inferno de nós mesmos.

Sinto de novo Guernica, Pearl Harbor, Hiroshima.

O quanto sou nos escombros. Todo esse peso terrestre

Levo nos ombros diluvianos. Inclino-me sem limites. 

Escrevo-me às avessas deslocando sem dó e lágrima

A eterna aurora para o mais profundo dos abismos.

Ó peleja de traumas. Arde sem trégua. Vaza gritos

Que ferem. Sufoca-me no terror do outro e o mundo.

Os ritmos latejam a manhã sem sol nas algemas do ego. 

Habito este som e não entendo. Este modo feito medo.

Os gemidos da noite. O embate da fúria repetindo negações. 

Contra o amor e o riso. Como dói. Como dói tudo isso.

 

*Cyro de Mattos é escritor e poeta, premiado no Brasil e exterior.

Autor de mais de 50 livros pessoais. É também editado em Portugal, Itália, França,  Alemanha, Espanha, Dinamarca, Rússia e Estados Unidos.


* * *

Nenhum comentário:

Postar um comentário