Derrame
de Dor
Cyro de Mattos*
Em
memória dos que morreram
no ataque terrorista às Torres Gêmeas
de Nova York, em 11/09/2001.
Ceifados os sonhos pela fúria do insano matador,
Dor e tristeza soluçam pelos que morrem sem defesa.
Tantos e nada podem fazer para provar a inocência.
Nessas duas torres da agonia. Nesse trágico voo cego
Partilhado com o pânico. Por mais que eu saiba
Os dias errantes e nefastos de duas guerras mundiais
Que se instalam com horror no inferno de nós mesmos.
Sinto de novo Guernica, Pearl Harbor, Hiroshima.
O quanto sou nos escombros. Todo esse peso terrestre
Levo nos ombros diluvianos. Inclino-me sem limites.
Escrevo-me às avessas deslocando sem dó e lágrima
A eterna aurora para o mais profundo dos abismos.
Ó peleja de traumas. Arde sem trégua. Vaza gritos
Que ferem. Sufoca-me no terror do outro e o mundo.
Os ritmos latejam a manhã sem sol nas algemas do ego.
Habito este som e não entendo. Este modo feito
medo.
Os gemidos da noite. O embate da fúria repetindo
negações.
Contra o amor e o riso. Como dói. Como dói tudo isso.
*Cyro de Mattos é escritor e poeta, premiado no Brasil e exterior.
Autor de mais de 50 livros pessoais. É também editado em Portugal, Itália, França, Alemanha, Espanha, Dinamarca, Rússia e Estados Unidos.
* * *
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