Pe. David Francisquini *
As grandes manifestações do dia 7 de setembro último — festa
de nossa Independência — ao mesmo tempo que deram muita esperança ao País de
sair do atual impasse a que foi submetido por forças nada ocultas, causaram
abatimento não pequeno nas hostes esquerdistas, incluindo os que sonhavam com a
dita terceira via, o que parece bom presságio.
Tenho o hábito, adquirido desde os anos de Seminário, de
recorrer às Sagradas Escrituras para preparar sermões e outros estudos,
entretendo-me ora com a sabedoria, ora com a ciência, ora com os conselhos ali
encontrados, ora com a linguagem grandiloquente e a beleza incomparável de suas
metáforas.
Do Novo Testamento, cito apenas a parábola dos lírios do
campo, que só poderia ter sido expressa por um Deus… Detenha-se comigo, leitor,
e admiremos uma vez mais a beleza da narração de São Mateus ao escrever as
palavras de Jesus Cristo quando tratou de nosso desapego aos bens terrenos:
As palavras inspiradas pelo Espírito Santo são portadoras de
grande carga simbólica. Quantos servos de Deus dedicaram as suas vidas a fim de
meditá-las, estudá-las, e assim se santificarem, tendo muitos deles deixado
consignadas grandes obras para o aproveitamento dos homens e regozijo dos
anjos, redundando tudo para a glória de Deus.
Ainda ontem, lendo e meditando o Livro do Eclesiastes,
que muitos atribuem a Salomão, refleti sobre o simbolismo das referências à
direita e esquerda, expressões hoje até muito bagatelizadas, mas que não deixam
de despertar curiosidade quando tomadas dos livros sagrados e aplicadas às
circunstâncias políticas como a que atravessamos no presente momento.
Com efeito, um embate bastante politizado vem ocorrendo no
Brasil, fenômeno pouco comum entre nós, pelo menos até o advento das redes
sociais, pois os grandes meios de comunicação imperavam de modo absoluto como
os únicos que sabiam e poderiam ‘pensar’ pelos brasileiros, impingindo suas
tendências, suas modas, suas ideias, enfim, sua filosofia de vida.
As grandes manifestações populares em defesa de nossas
antigas instituições — como a família, guardiã dos bons costumes, da boa ordem
social com o respeito ao próximo e ao seu patrimônio, resguardada por um Judiciário
que inspirava confiança não apenas imediata, mas perene — representam a
projeção do que a média dos brasileiros pensa sobre o que se convencionou
chamar de direita e esquerda em matéria política, aliás termos hauridos dos
tempos da Revolução Francesa.
Por oportuno, menciono uma passagem que me atraiu a atenção
do livro do Eclesiastes: “O coração do sábio está na sua mão direita, e o
coração do insensato na sua esquerda” (Ecl.10, 2). Ainda que o autor dessas
palavras não tivesse em vista o Brasil atual, nem nossa política, creio ser
válida a sua aplicação às circunstâncias de nossa situação.
Enganam-se os que pensam em conduzir o Brasil para as vias
propostas pela esquerda política, ou seja, o comunismo, o socialismo, o
bolivarianismo e tanto outros ismos, com tudo de desastroso que se encontra em
seu bojo. As manifestações públicas de 7 de setembro e aquelas que as
precederam a partir de 2013 demonstram a existência de um Brasil profundo a
bradar que sua bandeira jamais será comunista e que ele deve se manter nas vias
da civilização cristã.
Nesse sentido, sob a proteção maternal de Nossa Senhora
Aparecida, o Brasil se torna um luzeiro para o mundo, que parece estertorar-se
diante de tantos contratempos criados e alimentados pelos próprios homens. Com
efeito, tudo o que se tem procurado à guisa de solução vem fracassando ano após
ano, dia após dia. Por quê? Porque os homens não querem reconhecer o erro
cometido de terem rompido com a doutrina e a lei de Jesus Cristo.
Referi-me acima ao Eclesiastes, agora vejamos o que diz o
livro Eclesiástico, 10,7-8:
“A soberba é aborrecida por Deus e pelos homens e toda a
iniquidade das nações é execrável. O reino é transferido de uma nação à outra
por causa das injustiças, das violências, dos ultrajes e de toda sorte de
enganos.”
De uma coisa eu tenho certeza e os conclamo a colocar em
prática: rezar, confiar e esperar que o Brasil volte para o seu passado
cristão, a fim de que seja como uma cidade forte situada sobre um monte, imune
de ser ultrajado e violentado pela injustiça e de vir a depender de alguma
nação despótica.
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*Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso
Moreira (RJ)
https://www.abim.inf.br/dependentes-so-de-deus/
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