O conhecimento de si próprio
E um homem
disse: “Fala-nos do Conhecimento de Si Próprio”.
E ele
respondeu, dizendo:
“Vosso
coração conhece em silêncio os segredos dos dias e das noites.
Mas vossos
ouvidos anseiam por ouvir o que vosso coração sabe.
Desejais
conhecer em palavras aquilo que sempre conhecestes em pensamento.
Quereis tocar
com os dedos o corpo nu de vossos sonhos.
E é bom que
o desejeis.
A fonte
secreta de vossa alma precisa brotar e correr, murmurando, para o mar;
E o tesouro
de vossas profundezas ilimitadas precisa revelar-se a vossos olhos.
Mas não
useis balanças para pesar vossos tesouros desconhecidos;
E não
procureis explorar as profundidades de vosso conhecimento com uma vara ou uma
sonda.
Porque o Eu
é um mar sem limites e sem medidas.
Não digais:
‘Encontrei a verdade’. Dizei de preferência: ‘Encontrei uma verdade’.
Não digais:
‘Encontrei o caminho da alma’. Dizei de preferência: ‘Encontrei a alma andando
em meu caminho’.
Porque a
alma anda por todos os caminhos.
A alma não marcha numa linha reta nem cresce
como um caniço.
A alma
desabrocha, tal um lótus de inúmeras pétalas.”
(O PROFETA)
Gibran Khalil Gibran
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VIDA E OBRA DE GIBRAN (7)
1931- Gibran
morre em 10 de abril, no Hospital São Vicente, em Nova Iorque. Ele, que
escrevera tantas páginas profundas sobre a vida e a morte, agoniza entre
gemidos confusos, no decorrer de uma crise pulmonar que o deixara inconsciente.
O adeus que lhe proporcionaram os Estados
Unidos foi grandioso e comovente, e em 21 de agosto de 1931, os restos mortais
do maior e mais célebre escritor e pintor do Mundo Árabe contemporâneo,
chegaram a Beirute, e foram recebidos e acompanhados até Bicharre com
manifestações oficiais e populares de proporções inusitadas.
Foi
enterrado na vertente de uma colina de silêncio e de beleza, num velho convento
cavado na rocha, onde Gibran sonhava ir viver como anacoreta seus últimos anos.
Seu túmulo
transformou-se num lugar de peregrinação. Ao lado, o Comitê Nacional de Gibran
edificou um museu onde são expostos algumas das suas belas telas e os seus
livros em todas as línguas. Em cima do túmulo, esta simples inscrição: “Aqui
entre nós, dorme Gibran”.
Mas lá, na
verdade, dorme somente seu corpo. Sua alma, difundida nos seus livros, serve de
guia a milhões de leitores na mais fascinante de todas as viagens: a que leva o
homem das trevas do egoísmo e da cegueira ao esplendor do dom de si e da
compreensão.
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