Total de visualizações de página

quinta-feira, 8 de julho de 2021

O CONHECIMENTO DE SI PRÓPRIO – Gibran Khalil Gibran


                     O conhecimento de si próprio

 

          E um homem disse: “Fala-nos do Conhecimento de Si Próprio”.

          E ele respondeu, dizendo:

          “Vosso coração conhece em silêncio os segredos dos dias e das noites.

          Mas vossos ouvidos anseiam por ouvir o que vosso coração sabe.

          Desejais conhecer em palavras aquilo que sempre conhecestes em pensamento.

          Quereis tocar com os dedos o corpo nu de vossos sonhos.

          E é bom que o desejeis.

          A fonte secreta de vossa alma precisa brotar e correr, murmurando, para o mar;

          E o tesouro de vossas profundezas ilimitadas precisa revelar-se a vossos olhos.

          Mas não useis balanças para pesar vossos tesouros desconhecidos;

          E não procureis explorar as profundidades de vosso conhecimento com uma vara ou uma sonda.

          Porque o Eu é um mar sem limites e sem medidas.

 

          Não digais: ‘Encontrei a verdade’. Dizei de preferência: ‘Encontrei uma verdade’.

          Não digais: ‘Encontrei o caminho da alma’. Dizei de preferência: ‘Encontrei a alma andando em meu caminho’.

          Porque a alma anda por todos os caminhos.

          A alma não marcha numa linha reta nem cresce como um caniço.

          A alma desabrocha, tal um lótus de inúmeras pétalas.”

 

(O PROFETA)

Gibran Khalil Gibran

 

.............


VIDA E OBRA DE GIBRAN (7)


          1931- Gibran morre em 10 de abril, no Hospital São Vicente, em Nova Iorque. Ele, que escrevera tantas páginas profundas sobre a vida e a morte, agoniza entre gemidos confusos, no decorrer de uma crise pulmonar que o deixara inconsciente.

          O adeus que lhe proporcionaram os Estados Unidos foi grandioso e comovente, e em 21 de agosto de 1931, os restos mortais do maior e mais célebre escritor e pintor do Mundo Árabe contemporâneo, chegaram a Beirute, e foram recebidos e acompanhados até Bicharre com manifestações oficiais e populares de proporções inusitadas.

          Foi enterrado na vertente de uma colina de silêncio e de beleza, num velho convento cavado na rocha, onde Gibran sonhava ir viver como anacoreta seus últimos anos.

          Seu túmulo transformou-se num lugar de peregrinação. Ao lado, o Comitê Nacional de Gibran edificou um museu onde são expostos algumas das suas belas telas e os seus livros em todas as línguas. Em cima do túmulo, esta simples inscrição: “Aqui entre nós, dorme Gibran”.

          Mas lá, na verdade, dorme somente seu corpo. Sua alma, difundida nos seus livros, serve de guia a milhões de leitores na mais fascinante de todas as viagens: a que leva o homem das trevas do egoísmo e da cegueira ao esplendor do dom de si e da compreensão.

* * *

Nenhum comentário:

Postar um comentário