De uns tempos para cá temos visto alguns profissionais de comunicação cometendo um engano gramatical com o uso dos numerais masculinos “milhar”, “milhão”, “bilhão”, “trilhão”, etc.
Quando esses numerais vêm seguidos de complemento com
substantivo feminino, ouvimos frases equivocadas como a seguinte:
No Enem são corrigidas algumas milhares de redações.
Diante da presença do feminino “redações”, supõe o falante
que o numeral masculino “milhares” obriga o emprego da forma feminina
“algumas”, quando na verdade deveria ser: “alguns milhares de redações”. Este
raciocínio está se generalizando em nossos dias. Assim, temos visto construções
do tipo:
No cenário atual da pandemia, algumas milhares de
pessoas não respeitam o uso obrigatório da máscara. (em lugar da forma
correta: alguns milhares de pessoas)
As milhões de doses da vacina contra a covid-19
serão distribuídas por todo o país. (em vez da concordância
adequada: os milhões de doses)
Enganos dessa natureza têm origem e empregos analógicos,
como é o caso das expressões usadas pelo povo no jogo do bicho. Como ‘dezena’ e
‘centena’ são femininos é comum ouvirmos a palavra ‘milhar’ (substantivo
masculino) usada no feminino em expressão do tipo: ‘acertei na milhar’.
Trata-se de um raciocínio que contraria os princípios da norma padrão.
Ainda sobre numerais, atenção especial merecem entendimento
e leitura de certas expressões abreviadas de uso moderno na linguagem
jornalística e técnica:
1,4 milhão de pessoas (com 1 o numeral coletivo fica no
singular, então leia-se: “um milhão e quatrocentas mil pessoas”),
2,3 bilhões de pessoas (leia-se: “dois bilhões e trezentos
milhões de pessoas”)
2,5 bilhões de doses (“dois bilhões e quinhentos milhões de
doses” ou “dois bilhões e meio de doses”).
Cabe lembrar aqui, neste pequeno comentário gramatical, a
importância que têm essas pessoas públicas no cenário da comunicação, para o
respeito à norma culta da língua portuguesa.
Portal da ABL, 16/11/2020
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Evanildo Bechara - Quinto ocupante a Cadeira nº 33, eleito
em 11 de dezembro de 2000, na sucessão de Afrânio Coutinho e recebido em 25 de
maio de 2001 pelo Acadêmico Sergio Corrêa da Costa.
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