Finalmente Sós
Marília Benício dos Santos
Hoje amanheci
sedenta de Deus. Vou à missa. Voltar à fonte, pensei. “Estou descuidando-me dessa
prática”. Não tinha participando das missas durante a semana. E parti para a igreja. Fui pela praia, preparando-me
para o encontro com Jesus, na Eucaristia. Chego finalmente à igreja. Na porta
leio os horários das missas. Que pena, hoje só haverá missa à tarde. Mas
resolvi entrar para uma oração mais profunda. Gosto de ficar bem perto do Sacrário.
Encaminho-me para lá. Havia um grupo de senhoras rezando o terço. O primeiro
impulso foi de irritação, mas logo reagi e acompanhei o terço com aquelas
Senhoras; foi bom. Agradeci a Deus. Há quanto tempo não rezava o terço em
conjunto. Assim que acabou o terço, uma das senhores iniciou a Ladainha de
Nossa Senhora. Passivamente respondia às invocações: “Rogai por Nós!”. Após a
ladainha, outra senhora iniciou algumas orações; eu, pacientemente, acompanhei.
Em seguida outra começou a distribuir Ave-Marias: pela conversão dos pecadores,
por uma amiga que estava doente, por um padre que ia viajar, etc., etc.
Depois dos
cumprimentos, das despedidas, aquele grupo saiu da igreja. “Finalmente sós”, eu
e meu Deus. E comecei a refletir sobre a Trindade. Esse Triangulo de Amor: Pai,
Filho e Espírito Santo, a distribuir dentro de mim muita paz. O Pai, que criou
o mundo para mim, pensando em mim, para que eu pudesse ser feliz e, muito unida
a Ele, distribuir esta felicidade pelos meus irmãos. O Filho, aquele que o Pai,
num extravasamento de amor, entregou aos homens, e estes não O aceitaram e O
crucificaram. Assim Jesus se entrega, numa doação total, por mim e por toda a
humanidade. E, como consequência do amor do Pai e do Filho, surge o Espírito
Santo. Esse Espírito Santo que o Cristo nos deixou como herança. “No entanto,
eu vos digo a verdade: é de vosso interesse que eu parta, pois, se eu não for,
o Paráclito não virá a vós. Quando eu for, enviá-lo-ei a vós” (Jo 16,7). O Espírito
Santo que me inspira nos momentos difíceis e que está sempre a derramar os seus
dons. Como é bom refletir sobre estas Verdades! E estava a gozar um pouco dessa
tranquilidade que o Triangulo do Amor derramava sobre mim...
- Vamos
rezar um terço pela conversão dos pecadores.
“Meu Deus,
perdoa-me, mas realmente não tenho condição de acompanhar estas minhas irmãs.
Foste Tu mesmo que disseste ‘não quero sacrifício, mas a misericórdia’. Tchau,
meu Deus. Tchau não, porque irás comigo”.
E lá me
fui rumo à praia, olhar o mar. O mar parece que se encontra com o céu. Mas isso
só acontece na minha fantasia; porque o mar nunca se encontra com o céu. O mar,
apesar de toda sua grandiosidade não pode encontrar-se com Deus, - ele não é
capaz de amar. Eu, sim, apesar de toda a minha pequenez, posso encontrar-me com
Deus, porque amo. Só o amor encurta as distâncias.
(ARCO-ÍRIS)
Marília Benício dos Santos
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Marília Benício dos Santos, Itabuna BA - *10/10/1920 +24/05/2014
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