segunda-feira, 1 de junho de 2020
O melhor brinquedo para uma criança de poucos
anos é outra criança: é feliz, curioso e criativo |
Escritor, jornalista, |
O melhor brinquedo para uma criança de poucos anos é outra criança: é feliz,
curioso e criativo.
As telas digitais quando melhoram as qualidades o fazem isoladamente,
aumentando o risco de fragmentar o aprendizado explicou o psiquiatra infantil
Christian Plebst, Coordenador para América Latina da Academy for
Mindful Teaching – AMT Holanda, em artigo para “La Nación”.
Por isso, a reputadíssima American Pediatric Society dos
EUA afirma que antes dos 18 meses de idade, nenhum menino deve estar na frente
de uma tela digital.
O risco da exposição precoce à imagem digital é interferir no desenvolvimento
da mente, do cérebro e do corpo inteiro.
Hoje, distúrbios graves de linguagem, aprendizado, atenção e conexão são
detectados em crianças e adolescentes que são superexpostos a telas virtuais,
diz o Dr. Plebst.
O bom é que limitando as imagens digitais às crianças, elas “se reconectam”
consigo mesmas e com os outros.
O maior perigo das imagens cibernéticas está em entregar-lhes a criança muito
cedo, sem limites ou excessivamente.
Nenhuma criança precisa delas antes dos três anos de idade, insiste o
especialista, apoiado na autoridade da American Pediatric Society.
A tecnologia nos jovens põe em risco o aprendizado
de habilidades sensíveis e fundamentais |
A tecnologia em idades muito jovens põe em risco o
aprendizado de habilidades sensíveis e fundamentais, como a empatia, a
habilidade que nos permite nos colocar no lugar do outro e ajustar nossos
pensamentos, atitudes e ações desenvolvendo nossa capacidade de fazer amigos,
nos relacionar social e profissionalmente.
Muitas vezes em locais públicos vemos jovens mudos, absortos pelo smartphone ou
equivalente, incapazes de manter o convívio com outros jovens que estão a seu
lado também como mortos aos próximos.
Mal sinal que fala da impotência para se relacionar. E mal pressagio para a
vida profissional, afetiva ou familiar.
Através do jogo com outra pessoa, diz o psiquiatra infantil, nós nos
socializamos e estabelecemos os fundamentos da inteligência emocional.
Inteligência emocional, o que é isso? Desde o nascimento, o bebê vai conhecendo
o mundo embora não consiga se expressar, ele aprende a diferenciar, a
relacionar as vozes, gestos, atitudes corporais, intenções e fatos.
Por essa via pega a essência do espírito dos pais e da família, da natureza e
do mundo. Em certo sentido nessa hora se modela tudo o que ele vai ser no
futuro.
Através de múltiplos canais sensoriais, o adulto e o bebê se conectam de um
modo muito profundo, embora menos perceptível.
Da mesma maneira que um Bluetooth, concede o Dr. Plebst para os mais entrosados
na tecnologia mas já com dificuldades para entender as sutilezas da realidade.
O bebê aprende a diferenciar, a relacionar as
vozes, gestos, atitudes corporais, |
Mas, é dessa forma que um mar de
informações sensoriais, emocionais e cognitivas flui entre mãe, pai e filhos.
Essas informações nos modificam o tempo todo na vida inteira sendo vitais para
o desenvolvimento das qualidades humanas mais sutis.
As qualidades assim adquiridas são essenciais para gerar e desenvolver estados
crescentes de amor, empatia, compaixão, alegria e paz, e também para entender e
aprender a domar nossa raiva, tristeza, inveja e egoísmo.
A exposição precoce e excessiva à tecnologia prejudica
os sistemas visual e auditivo, limitando a maturação da atenção, da vontade, da
criatividade, da imaginação e do jogo simbólico, pilares do senso comum e da
inteligência emocional.
Os monitores estão gerando um mar de crianças e jovens com dificuldades em
manter a atenção, a menos que seja algo muito novo e excitante, como nos
videojogos mais violentos. Isso é deformante e danoso.
O mundo puramente virtual está em choque de fundo com a família, a vizinhança,
a natureza, a amizade, o esporte, os grupos em que o jovem deve se inserir na
sociedade.
Os ótimos antídotos para esses perigos começam com o relacionamento com outras
crianças. Vemos que os pequenos pedem insistentemente um pouco mais de tempo de
jogos, até com os pais e outros adultos porque sentem essa necessidade.
O Dr. Christian Plebst, da Academy for Mindful
Teaching – AMT Holanda |
O Dr. Plebst mostra que interagir com
os pequenos não é algo supérfluo e pesado. É uma oportunidade imperdível de
estar presente e vivo enriquecendo a infância das crianças.
O trabalho muitas vezes impede que possamos exercer esse relacionamento
profundamente enriquecedor. Então é preciso garantir que as pessoas
responsáveis, idealmente da família ou educadores, conheçam os riscos das telas
digitais, porque são muito altas.
Os adultos devemos procurar mais intervalos para nos conectarmos com as
crianças.
O mundo precisa mais desse relacionamento fornecedor da verdadeira diversão,
alegria e equilíbrio emocional.
E ninguém é melhor para isso do que os pais para os filhos. Muito melhor do que
qualquer tela de LCD, conclui o especialista.
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