Por alguns dias vivi a doce ilusão de que não havia mais
desigualdade social no Brasil. Creio que é um direito meu sonhar, ou melhor, me refugiar no devaneio de uma situação estressante. O sonho é um mecanismo
de defesa e se não tivéssemos esses mecanismos ficaríamos loucos. Ledo engano,
usei esse mecanismo para não me frustrar.
Todo poeta é utópico, porque sua verdade é a que ele acha
que é, embora não seja. Há coisas que só acontecem na sua imaginação, embora
possam acontecer de fato. A imaginação é o seu limite, dentro dela ele se move
como um deus.
Confesso que não estou decepcionado com o meu sonho e sim
com essa dívida interna que para alguns economistas é impagável. E por esse
motivo muitos brasileiros continuarão sofrendo por causa de suas mazelas. Não
seria apenas a cruel concentração de renda que se repete à exaustão, mas também
a adoção de um comportamento em que "sociabilidade e moralidade" torna
adversários, tudo isso gerando a exclusão social.
Os especialistas advertem que a concentração de riqueza cria
uma situação de "polarização social". Em um extremo há um restrito
grupo que concentra grande parte da riqueza social; no outro, uma numerosa
população de pobres, cerca da metade dos brasileiros. Historicamente, a
exclusão social que caracteriza a população com baixa renda, exposição à
violência, má qualidade de vida é associada ao grau de escolaridade. A má repartição
da riqueza é um grave problema no Brasil, que tem uma das piores distribuições
de renda do mundo, atrás de por exemplo de Serra Leoa e a Suazilândia.
Faltaram na história brasileira momentos de maior
distribuição de renda como uma reforma agrária ou tributária que transferisse
riqueza dos ricos para o grosso da população. Em países desenvolvidos como a
Alemanha, quem ganha mais paga mais impostos, que revertem em bons serviços
sociais como educação, saúde e assistência social à população, o que reduz as
desigualdades sociais.
Há esperança para a solidariedade e honestidade. Essas têm
valor fundamental, são a bússola. Basta pensar que estamos na fase de
julgamento, envolvendo políticos que desviaram o dinheiro público para fins
ilícitos. Uma nova fase no Brasil. Alemães, japoneses e italianos
"carregaram pedras" depois da segunda guerra mundial e estão aí de
novo. Se eles fizeram aquilo, a gente também pode fazer.
*Antônio Baracho, Poeta Psicólogo.
Pertence a Academia Grapiúna de Letras- AGRAL e ao Clube do
Poeta Sul da Bahia.
Tel. (73) 98801-1224 / 99102-7937
E-mail: antoniobaracho@hotmail.com
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