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quinta-feira, 28 de novembro de 2019

DOIS POEMAS DO CAMPO DA DESPORTIVA – Cyro de Mattos


Soneto do Campo da Desportiva
                    
                                        
De zinco era coberta a arquibancada,
a cancha tinha um piso esburacado.
Nem um pouco essa chuva demorada
conseguia deixar desanimado

o torcedor, que curtia a jogada
do seu ídolo na bola passada.
Dos pés a mágica mostrava ser
tudo num sonho pra nunca esquecer.

 O gol de placa do atacante quando
 a partida já chegava ao final,
 a marca da seleção que venceu

 tantas vezes o intermunicipal:
 não se desligaram do torcedor 
de antes pelos estádios do mundo.   

 ..........

Campo da Desportiva


O drible de Puruca
O maior de minha vida,
O gol de Juca
O maior de minha vida,
A defesa de Asclepíades
A maior de minha vida,
A falta batida por Léo Briglia
A maior de minha vida,
O nó de Carrapeta
O maior de minha vida,
A catimba de Tombinha
A maior de minha vida,
A investida de Fernando Riela
A maior de minha vida,
O torcedor Rodrigo Bocão
O mais engraçado de minha vida,
Os roletes de cana da Desportiva
O doce mais gostoso de minha vida.
Esse tiro na memória
O gol mais triste de minha vida.



Cyro de Mattos é ficcionista e poeta. Da Academia de Letras da Bahia. Possui prêmios importantes no Brasil e exterior. Publicado também por várias editoras europeias.  Primeiro Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz.

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