Soneto do Campo da Desportiva
De zinco era coberta a arquibancada,
a cancha tinha um piso esburacado.
Nem um pouco essa chuva demorada
conseguia deixar desanimado
o torcedor, que curtia a jogada
do seu ídolo na bola passada.
Dos pés a mágica mostrava ser
tudo num sonho pra nunca esquecer.
O gol de placa do
atacante quando
a partida já chegava
ao final,
a marca da seleção
que venceu
tantas vezes o
intermunicipal:
não se desligaram do
torcedor
de antes pelos estádios do mundo.
Campo da Desportiva
O drible de Puruca
O maior de minha vida,
O gol de Juca
O maior de minha vida,
A defesa de Asclepíades
A maior de minha vida,
A falta batida por Léo Briglia
A maior de minha vida,
O nó de Carrapeta
O maior de minha vida,
A catimba de Tombinha
A maior de minha vida,
A investida de Fernando Riela
A maior de minha vida,
O torcedor Rodrigo Bocão
O mais engraçado de minha vida,
Os roletes de cana da Desportiva
O doce mais gostoso de minha vida.
Esse tiro na memória
O gol mais triste de minha vida.
Cyro de Mattos é ficcionista e poeta. Da Academia de Letras
da Bahia. Possui prêmios importantes no Brasil e exterior. Publicado também por
várias editoras europeias. Primeiro
Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz.
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