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quinta-feira, 14 de novembro de 2019

CONVITE PARA O LANÇAMENTO DO LIVRO DE CYRO DE MATTOS


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Queridos confrades, confreiras

Reiterando as atividades do calendário alitano, eis uma excelente oportunidade para estamos reunidos. O lançamento do livro de Cyro de Mattos, poeta e escritor que o próprio nome dá a direção da estatura da obra.
Peço, carinhosamente que, além das vossas presenças, possam convidar seus amigos, e grupos para estarem também neste evento.
Certa de que teremos momentos de alegria nesta realização acadêmica e prestando carinho ao nosso confrade, agradeço.

Atenciosamente

Silmara Oliveira
(73) 9110-9540

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Lugar de Encanto
Cyro de Mattos

             Antropólogos e historiadores observam que o homem sempre gostou de brincar com objetos redondos. Pedras, frutas e até mesmo crânios eram usados como coisas que divertiam nas brincadeiras. Em sua evolução neste planeta, o homem inventou diversos esportes, tendo a bola como atração. Mas a bola só alcançou a condição de objeto “sagrado” quando o homem descobriu o futebol.

            Arte que se manifesta com o pé na bola, numa cidade do interior da Bahia, durante cerca de cinquenta anos, o futebol amador fez a vida tomar cores de encantamento. Emergir o ser humano de seus interiores, com empenho e talento, emoção e arte. Todo festivo, ora com a sensação da vida inscrita no pódio da glória, ora com angústia e tristeza. Transformou uma pequena cidade em saga.  Despertou paixões, criou mitos, joias, através de jogadores amadores de ouro e, entre eles, Léo Briglia, Santinho, Fernando Riela, Lua, Déri e Gajé, os meus preferidos.
  
            A cidade ainda adolescente nos anos 50. De poucas ruas calçadas, o trem como uma coisa viva partia e chegava, trazia da vizinha cidade de Ilhéus cargas de peixe, cordas de caju e caranguejo, coco, beiju. Tinha o circo pequeno com a lona furada. A lua derramava prata no areal deixado pela enchente do rio Cachoeira, onde a turma da rua de baixo jogava com a da rua de cima a partida mais empolgante do mundo. Cidade com as tropas carregadas de sacos de cacau, tocando música com chocalho e guizo pelas ruas de poeira ou lama.

            Comemorava o cinquentenário em 1960, acompanhada de sua lavra do cacau por toda a extensão da pele, as veias pulsando no apogeu dos frutos maduros.  No velho Campo da Desportiva, com seu piso irregular, de construção precária para abrigar superlotado cerca de cinco mil pessoas, o futebol operou o milagre de despojar o coração de outras necessidades materiais, conduzindo-o para o terreno dos sonhos. O coração do torcedor na arquibancada ou geral batia diferente quando sentia que seu time de fé entrava no gramado e, em especial, a sua seleção amadora de ouro, que ganhou seis vezes consecutivas o campeonato do intermunicipal, além do torneio Antonio Balbino na Fonte Nova, em Salvador.

            Esse futebol amador ensinou que viver valia a pena mesmo quando o cenário estava armado distante de centros esportivos adiantados.  Conseguia dar   um show de bola quando se afinava num jogo coberto de amor e vingança.

            Perseguiu, nas tardes de domingo e nas quartas-feiras, à noite, quando o campo já tinha refletores, o milagre do branco ser preto, o pobre ser rico, todos juntos numa corrente de irmãos, com o grito de gol irrompendo das gargantas com a força do vento forte na rajada.
  
            Pelo título – No Velho Campo da Desportiva – depreende-se sem esforço que o universo da bola retratado aqui neste livro não vem de apresentações de grandes clubes nacionais no estádio gigantesco. Com seus ídolos, vitórias consagradoras, rendas excepcionais.  Entra no gramado da leitura através de memórias relatadas e inventadas, capazes de revelar o cotidiano e envolvente mundo da bola disseminado no interior brasileiro como uma de suas grandes paixões populares. De boca a ouvido, no recesso dos lares,   barbearia, feira, fazenda de cacau, loja do comércio, largo dos bairros.

            As artimanhas do cartola, as rivalidades dos torcedores, a vibração em vitórias consagradoras, as cenas engraçadas. Busca fazer um gol bonito de ver, oferecendo ao torcedor, agora leitor, a vida revestida de densidade humana, sonho e emoção, sem esquecer a poesia que naqueles idos esportivos do futebol amador fazia com que a cidade de Itabuna soubesse que pisava também no chão de uma pátria em chuteiras.

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Cyro de Mattos é escritor e poeta. Primeiro Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia, Pen Clube do Brasil, Academia de Letras de Ilhéus e Academia de Letras de Itabuna. Autor premiado no Brasil, Portugal, Itália e México.

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