3 de maio de 2019
Plinio Maria Solimeo
Sobre a Coroa de Espinhos que os algozes cravaram na cabeça
de Nosso Senhor Jesus Cristo, São João assim se referiu: “E os soldados,
tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça”. Segundo tradição,
essa relíquia foi recolhida pelos Seus discípulos depois da Paixão e conservada
no monte Sion, em Jerusalém, até o ano de 1063.
Mais tarde foi transferida para Constantinopla, capital do
Império Romano do Oriente, e guardada pelos imperadores bizantinos. No ano de
1239, coube ao rei São Luís IX, da França, a glória de adquirir do Imperador de
Bizâncio essa relíquia inestimável. Para albergar tão precioso tesouro, o forte
rei, cheio de fé, mandou construir a mais bela joia arquitetônica de estilo
gótico existente no mundo: a Sainte Chapelle de Paris.
A relíquia [foto ao lado] podia ser parcialmente venerada às
sextas-feiras do ano e, mais detidamente, na Sexta-Feira Santa na Catedral de
Notre Dame.
Protegida por fino anel de cristal, ela se encontrava sob a
custódia dos Cavaleiros do Santo Sepulcro de Jerusalém.
Quando irrompeu o pavoroso incêndio na catedral, muitos
católicos se perguntaram: “O que acontecerá com o Santíssimo Sacramento e
as sagradas relíquias veneradas na catedral?” Para o capelão-mor do Corpo
de Bombeiros de Paris, o Pe. Jean-Marie Fournier [foto no topo], era preciso
salvá-las! Assim foi ele com os bombeiros ao interior da catedral em chamas,
com risco de perder a vida, a fim de tentar livrar do fogo o Santíssimo e a
Sagrada Coroa de Espinhos.
Pe. Jean-Marie, 50 anos, ordenado pela Fraternidade
Sacerdotal São Pedro, segue a liturgia no rito tradicional. Uniu-se à Diocese
Castrense gaulesa em 2004 como capelão-militar, cargo que exerceu por sete
anos, acompanhando o Exército francês por várias partes do mundo. Em sua
primeira viagem ao Afeganistão, “o medo se apoderou de mim” —
confessa ele —, pois sobreviveu a uma emboscada na qual morreram vários
soldados franceses.
Em 2011, o Pe. Jean-Marie tornou-se capelão do Corpo de
Bombeiros de Paris. Nessa função, acompanhou os soldados do fogo em suas
missões mais perigosas, visando sempre atender religiosamente às vítimas dos
sinistros.
Assim por exemplo, em 2015, quando houve o ataque terrorista
com o maior número de mortos na França desde a Segunda Guerra Mundial, ato
perpetrado por terroristas islâmicos que mataram 90 pessoas com rifles, antes
de serem mortos pela polícia ou se suicidarem.
Como veremos numa próxima matéria, Pe. Jean-Marie
Fournier também desta vez não duvidou e partiu rapidamente para mais um ato de
heroísmo ao enfrentar as chamas de Notre Dame com o objetivo de salvar algo de
valor inapreciável, o Santíssimo Sacramente e a Coroa de Espinhos.
Até breve.
* * *
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