25 de janeiro de 2017
“Não existe mãe solteira. Mãe não é estado civil.” (Papa
Francisco)
Por mais que o tempo passe, alguns ranços teimam em
persistir, permeando os valores sociais, distorcidamente, de forma a emperrar
os avanços necessários e urgentes. Um deles diz respeito às mulheres que
engravidam sem estarem casadas. Sim, por incrível que pareça, ainda existe
muita gente que condena, mesmo que veladamente, esse tipo de atitude,
culpabilizando tão somente a mulher por uma responsabilidade que não é só dela.
É preciso que duas pessoas estejam envolvidas no ato de
procriação, para que se conceba uma criança, pois a mulher sozinha só concebe
filho sem a presença física do homem com a ajuda da medicina, até onde se sabe.
Embora seja a mulher quem abrigará o filho em seu corpo, aquele ser humano que
se desenvolve é resultado do ato de duas pessoas, ou seja, tanto o pai quanto a
mãe têm sua parcela de responsabilidade sobre as consequências do que ambos
fizeram.
Mas, como é a mulher que empresta toda a sua força,
abrigando o filho em seu corpo, é sobre ela que os olhares acusatórios se
voltam, é contra ela que se atiram as censuras, é sobre ela que os comentários
maldosos versam. É como se coubesse somente à mulher os cuidados e
responsabilidades para que a gravidez indesejada fosse evitada, como se o homem
se isentasse naturalmente de qualquer participação na concepção, afinal, não é
a barriga dele que cresce. Quanta injustiça.
E, assim, atrelamos um “solteira” junto à qualidade de mãe,
enquanto os pais, também “solteiros”, parecem sair incólumes frente aos atrasos
que se juntam ao preconceito nos discursos de muitos. O Papa Francisco não poderia
ter sido mais feliz e nobre em sua colocação sobre mãe não ser um estado civil:
mães são pessoas que criam os filhos, acompanhadas ou não, simplesmente porque
mães se assumem desde o início, ao passo que muitos pais se negam a arcar com o
que lhes cabe e, pior, com a conivência de muita gente.
A sociedade necessita urgentemente rever alguns conceitos
que, além de equivocados, trazem dor junto à vida de quem justamente precisa de
apoio e de força para continuar. Existem mulheres que tomam para si a tarefa de
serem mães, tenham ou não gerado a criança em seu ventre, assim como existem
homens que assumem a responsabilidade sobre o filho, ao lado daqueles que fogem
a qualquer coisa que lhes obrigue a crescer. Porque estado civil das pessoas
não diz absolutamente nada a respeito de seu caráter. E ponto.
Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e
Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor
Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas,
chocolate e pela família.
* Saiba como escrever para o site O SEGREDO.
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