MANUEL
ANTÔNIO DE ALMEIDA nasceu no Rio de Janeiro, e, 1831 e morreu no naufrágio do
vapor “Hermes”, nas costas da Província do Rio de Janeiro, em 1861. Pobre e
órfão, estudou Desenho e Medicina. Para sobreviver, trabalhava no jornal
Correio Mercantil como revisor, e escrevia, para o mesmo jornal, um suplemento
literário chamado “A Pacotilha”, de caráter mundano. Neste suplemento é que
saíram, em folhetins, os capítulos de sua obra “Memórias de um Sargento de
Milícias”, com o pseudônimo “um brasileiro”. Tinha então 21 anos. Como
administrador da Tipografia Nacional, conheceu Machado de Assis, ainda aprendiz
de tipógrafo. Convidado para a política quando era oficial do Ministério da
Fazenda, candidatou-se a deputado, vindo a falecer, pouco depois, num
naufrágio.
Sua obra
surgiu quando o público era dominado pelas obras de Macedo e de Alencar, sendo
por isso logo esquecido, embora seja das mais importantes do período romântico.
Dada a sua
despreocupação em fazer obra literária, visto que escrevia apenas para
sobreviver, seu estilo foge das esquematizações românticas, sendo considerado
um precursor do Realismo.
Sua
linguagem é direta e irreverente. Suas ideias são satíricas e atingem todas as
camadas sociais do Rio de Janeiro na época colonial.
“Era no
tempo do rei”: assim ele começa uma série de crônicas de costumes, sem aquele
heroísmo dos protagonistas da época.
A
descrição dos personagens deixa sempre entrever o sabor da ironia, do deboche e
da caricatura. As peripécias do anti-herói Leonardo levam o leitor a entrar em
contato com os mais variados tipos e costumes do Rio. “Memórias de um Sargento
de Milícias”, além de seu valor histórico, é uma crítica social cômica que bem
retrata uma sociedade intermediária entre o colonialismo e o industrialismo
burguês.
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MEMÓRIAS DE UM
SARGENTO DE MILÍCIAS
O
padrinho, idoso e solitário, dá rédeas soltas ao menino, que põe em prática
todas as ideias demoníacas de que é capaz. O padrinho achava graça e, elogiando
sua inteligência, queria fazê-lo padre. Na escola, Leonardo foi um fracasso;
nas festas religiosas, mais perturbava que acompanhava. Tornou-se um perfeito
vadio.
Enquanto
isso, seu pai, o velho Leonardo, viu-se envolvido num romance escandaloso com
uma cigana, a qual o abandonou para ficar com o padre mestre-de-cerimônias.
A comadre
e o compadre frequentavam a casa de uma amiga comum, muito rica, D. Maria,
senhora idosa que tinha a mania das demandas, e sobre este assunto conversava
durante horas. E foi vencendo uma demanda contra um compadre de seu irmão que
D. Maria conseguiu a tutoria de sua sobrinha Luisinha, que veio morar com a
tia. Em uma das visitas do compadre à casa de D. Maria, Leonardo conheceu
Luisinha. A princípio achou-a engraçada, mas depois começou a interessar-se por
ela, acabando completamente apaixonado. Passou a desejar com ansiedade as
visitas que antes detestava, só para conversar com a menina.
Porém como
sua sorte sempre terminava em desventuras, apareceu outro personagem: José
Manuel, um velhaco falante, conhecido de D. Maria e interessado em Luisinha,
que ele esperada ser a única herdeira da tia.
O barbeiro
pediu ajuda à comadre para interceder pelo rapaz junto a D. Maria. A boa
madrinha de Leonardo começou a depreciar José Manuel diante de D. Maria,
acabando por desacreditá-lo perante a amiga, que afastou José Manuel de sua
casa.
Ocorreu então que o padrinho de
Leonardo vem a falecer, tendo este que ir morar com o pai. Depois de muitos
desentendimentos com a companheira do pai, Leonardo fugiu de casa. Encontrou um
amigo, antigo companheiro dos tempos de sacristão e amigo de travessuras, com
uma súcia de malandros, e juntou-se a eles.
Com seu
temperamento amoroso, apaixona-se por Vidinha, que lá morava, provocando ciúmes
em dois primos que o denunciaram como vadio ao Vidigal. O major prendeu-o, mas
ele conseguir fugir, deixando o major furioso. A comadre lhe consegue um
emprego para livrá-lo das garras da lei, mas este não durou muito, e o rapaz
voltou a cair nas mãos do Vidigal. Enquanto isso, Luisinha, que pensava ter
sido abandonada por Leonardo, aceitara as propostas de José Manuel.
Leonardo
reaparece como soldado, porque o major obrigara-o a sentar praça, depois de
havê-lo prendido novamente.
A comadre,
madrinha de Leonardo, juntou-se com D. Maria e mais uma amiga do Vidigal e
foram até ele interceder pelo rapaz. O major atendeu aos pedidos das mulheres,
libertando Leonardo e promovendo-o a sargento. Nesse ínterim, Luisinha fica
viúva e, encontrando-se com Leonardo, casa-se com ele.
(NOVO HORIZONTE -
Português Vol.II)
Izaías Branco da Silva & Braz Ogleari – Companhia
Editora Nacional
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