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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

MANUEL ANTONIO DE ALMEIDA, Um romântico fora do esquema



            MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA nasceu no Rio de Janeiro, e, 1831 e morreu no naufrágio do vapor “Hermes”, nas costas da Província do Rio de Janeiro, em 1861. Pobre e órfão, estudou Desenho e Medicina. Para sobreviver, trabalhava no jornal Correio Mercantil como revisor, e escrevia, para o mesmo jornal, um suplemento literário chamado “A Pacotilha”, de caráter mundano. Neste suplemento é que saíram, em folhetins, os capítulos de sua obra “Memórias de um Sargento de Milícias”, com o pseudônimo “um brasileiro”. Tinha então 21 anos. Como administrador da Tipografia Nacional, conheceu Machado de Assis, ainda aprendiz de tipógrafo. Convidado para a política quando era oficial do Ministério da Fazenda, candidatou-se a deputado, vindo a falecer, pouco depois, num naufrágio.

            Sua obra surgiu quando o público era dominado pelas obras de Macedo e de Alencar, sendo por isso logo esquecido, embora seja das mais importantes do período romântico.

            Dada a sua despreocupação em fazer obra literária, visto que escrevia apenas para sobreviver, seu estilo foge das esquematizações românticas, sendo considerado um precursor do Realismo.

            Sua linguagem é direta e irreverente. Suas ideias são satíricas e atingem todas as camadas sociais do Rio de Janeiro na época colonial.

            “Era no tempo do rei”: assim ele começa uma série de crônicas de costumes, sem aquele heroísmo dos protagonistas da época.

            A descrição dos personagens deixa sempre entrever o sabor da ironia, do deboche e da caricatura. As peripécias do anti-herói Leonardo levam o leitor a entrar em contato com os mais variados tipos e costumes do Rio. “Memórias de um Sargento de Milícias”, além de seu valor histórico, é uma crítica social cômica que bem retrata uma sociedade intermediária entre o colonialismo e o industrialismo burguês.

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    MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS

           
            Leonardo Pataca, descontente com seus negócios em Portugal, resolve vir ao Brasil. Encontra Maria-da-hortaliça e, para chamar-lhe a atenção, dá-lhe uma pisadela no pé e é correspondido com um beliscão na mão. O relacionamento é rápido e completo. Vêm juntos para o Brasil e depois de sete meses nasce o fruto da pisadela e do beliscão: um menino forte, guloso e chorão, o Leonardinho. Depois de sete anos de traquinagens, surras e gulodices, Leonardo é abandonado pelos pais nas mãos do barbeiro, seu padrinho.  Isto porque Leonardo Pataca viu confirmadas suas dúvidas de que estava sendo traído. Surra Maria e esta foge com um capitão de navio.

            O padrinho, idoso e solitário, dá rédeas soltas ao menino, que põe em prática todas as ideias demoníacas de que é capaz. O padrinho achava graça e, elogiando sua inteligência, queria fazê-lo padre. Na escola, Leonardo foi um fracasso; nas festas religiosas, mais perturbava que acompanhava. Tornou-se um perfeito vadio.

            Enquanto isso, seu pai, o velho Leonardo, viu-se envolvido num romance escandaloso com uma cigana, a qual o abandonou para ficar com o padre mestre-de-cerimônias.

            A comadre e o compadre frequentavam a casa de uma amiga comum, muito rica, D. Maria, senhora idosa que tinha a mania das demandas, e sobre este assunto conversava durante horas. E foi vencendo uma demanda contra um compadre de seu irmão que D. Maria conseguiu a tutoria de sua sobrinha Luisinha, que veio morar com a tia. Em uma das visitas do compadre à casa de D. Maria, Leonardo conheceu Luisinha. A princípio achou-a engraçada, mas depois começou a interessar-se por ela, acabando completamente apaixonado. Passou a desejar com ansiedade as visitas que antes detestava, só para conversar com a menina.

            Porém como sua sorte sempre terminava em desventuras, apareceu outro personagem: José Manuel, um velhaco falante, conhecido de D. Maria e interessado em Luisinha, que ele esperada ser a única herdeira da tia.

            O barbeiro pediu ajuda à comadre para interceder pelo rapaz junto a D. Maria. A boa madrinha de Leonardo começou a depreciar José Manuel diante de D. Maria, acabando por desacreditá-lo perante a amiga, que afastou José Manuel de sua casa.

            Ocorreu então que o padrinho de Leonardo vem a falecer, tendo este que ir morar com o pai. Depois de muitos desentendimentos com a companheira do pai, Leonardo fugiu de casa. Encontrou um amigo, antigo companheiro dos tempos de sacristão e amigo de travessuras, com uma súcia de malandros, e juntou-se a eles.

            Com seu temperamento amoroso, apaixona-se por Vidinha, que lá morava, provocando ciúmes em dois primos que o denunciaram como vadio ao Vidigal. O major prendeu-o, mas ele conseguir fugir, deixando o major furioso. A comadre lhe consegue um emprego para livrá-lo das garras da lei, mas este não durou muito, e o rapaz voltou a cair nas mãos do Vidigal. Enquanto isso, Luisinha, que pensava ter sido abandonada por Leonardo, aceitara as propostas de José Manuel.

            Leonardo reaparece como soldado, porque o major obrigara-o a sentar praça, depois de havê-lo prendido novamente.

            A comadre, madrinha de Leonardo, juntou-se com D. Maria e mais uma amiga do Vidigal e foram até ele interceder pelo rapaz. O major atendeu aos pedidos das mulheres, libertando Leonardo e promovendo-o a sargento. Nesse ínterim, Luisinha fica viúva e, encontrando-se com Leonardo, casa-se com ele.


(NOVO HORIZONTE - Português Vol.II)
Izaías Branco da Silva & Braz Ogleari – Companhia Editora Nacional

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