William D. Nordhaus e Paul M. Romer receberam o prêmio por seus estudos sobre economia sustentável e sobre crescimento econômico a longo prazo.
Por G1
08/10/2018
Paul M. Romer e William D. Nordhaus foram reconhecidos por seu trabalho com crescimento sustentável a longo prazo na economia global e o bem-estar da população mundial — Foto: Divulgação
William D. Nordhaus e Paul M. Romer foram premiados nesta
segunda-feira (8) com o Nobel de Economia. De acordo com o anúncio dos
organizadores do prêmio, ambos projetaram métodos que abordam algumas das
questões mais fundamentais e urgentes do nosso tempo: crescimento sustentável a
longo prazo na economia global e o bem-estar da população mundial.
Os economistas compartilharão o prêmio de 9 milhões de
coroas suecas, ou US$ 1 milhão (R$ 3,85 milhões).
O Nobel da Economia celebra este ano o 50º aniversário.
Criado em 1968 por ocasião do aniversário de 300 anos do Banco da Suécia é o
prêmio mais importante para um pesquisador na área de ciências econômicas.
Os dois economistas apareciam há vários anos na lista de possíveis vencedores do Nobel. Os norte-americanos foram pioneiros ao adaptar a teoria econômica para dimensionar melhor as questões ambientais e o progresso tecnológico.
Os dois economistas apareciam há vários anos na lista de possíveis vencedores do Nobel. Os norte-americanos foram pioneiros ao adaptar a teoria econômica para dimensionar melhor as questões ambientais e o progresso tecnológico.
Nordhaus, de 77 anos, fez trabalhos que abordaram métodos
para favorecer o crescimento sustentável e a relação entre economia e clima. Já
Romer, de 62 anos, fez estudos que mostram como o acúmulo de ideias sustenta o
crescimento econômico de longo prazo.
Nordhaus é professor do Departamento de Economia da
Universidade de Yale, nos Estados Unidos. O economista fez estudos que mostram
que o meio mais eficiente para resolver os problemas causados pelas emissões de
gases é um imposto global a todos os países.
Paul M. Romer, ex-economista-chefe do Banco Mundial, foi
reconhecido por estudar sobre como as empresas podem produzir inovações.
Nordhaus criou um modelo quantitativo que descreve a
interação global entre a economia e o clima. Seu modelo foi disseminado e é
usado para examinar as consequências das intervenções de políticas climáticas,
por exemplo, os impostos sobre carbono.
"Suas descobertas ampliaram significativamente o âmbito
da análise econômica por meio da construção de modelos que explicam como a
economia de mercado interage com a natureza e o conhecimento", disse a
academia em um comunicado.
A pesquisa de Romer lançou as bases do que hoje é chamada
teoria do crescimento endógeno. A teoria gerou uma grande quantidade de novas
pesquisas sobre os regulamentos e políticas que incentivam novas idéias e
prosperidade a longo prazo.
A premiação pegou Romer de surpresa. "Recebi duas
ligações hoje de manhã, e não respondi nenhuma porque achei que eram
telemarketing, então não estava esperando o prêmio", disse ele,
comemorando a chance de expandir sua teoria.
"Acho que... muitas pessoas acreditam que proteger o
meio ambiente será tão caro e difícil que querem ignorá-lo...", disse, em
uma entrevista à imprensa por telefone.
"(Mas) com certeza podemos fazer um progresso
substancial protegendo o meio ambiente, e fazê-lo sem desistir da chance de
sustentar o crescimento."
Horas antes do anúncio do prêmio, o Painel
Intergovernamental sobre Mudança Climática das Nações Unidas (IPCC) alertou
para o risco de ondas de calor mais frequentes, enchentes e secas em algumas
regiões, além da perda de espécies, sem uma mudança radical na maneira como as
sociedades operam.
O anúncio do último Prêmio Nobel de 2018 nesta segunda-feira
também ocorreu menos de um mês depois do 10º aniversário da quebra do banco de
investimento Lehman Brothers. Seu colapso desencadeou uma crise econômica, da
qual muitos avaliam que o sistema financeira mundial ainda se recupera.
No ano passado, o
prêmio foi atribuído ao americano Richard Thaler por seus estudos
sobre a influência de certas características humanas, como a racionalidade
limitada, as preferências sociais e a falta de autocontrole, nos comportamentos
dos consumidores ou investidores.
Biografias
Paul Romer é professor de economia na Stern School of
Business da New York University (Escola de Administração Stern da Universidade
de Nova York).
Ele é diretor fundador do Projeto de Urbanização na NYU,
onde realiza pesquisas aplicadas sobre as maneiras que é possível usar o rápido
crescimento das cidades para criar oportunidades econômicas e empreender uma
reforma social.
Antes, Romer lecionou na Graduate School of Business da
Stanford University, nos departamentos de economia da Universidade da
Califórnia, Berkeley, da Universidade de Chicago e da Universidade de
Rochester. Ele é pesquisador associado no National Bureau of Economic Research
e membro da Academia Americana de Artes e Ciências.
William D. Nordhaus é professor da Universidade de Yale
desde 1967, professor titular de economia desde 1973 e também professor na
Escola de Silvicultura e Estudos Ambientais de Yale.
O economista é membro da Academia Nacional de Ciências e da
Academia Americana de Artes e Ciências, além da equipe de pesquisa do
Departamento Nacional de Pesquisa Econômica. O professor Nordhaus é editor de
várias revistas científicas. Ele faz parte ainda do Painel de Peritos
Econômicos do Escritório de Orçamento do Congresso e foi o primeiro presidente
do Comitê Consultivo do Escritório de Análise Econômica.
Em 2004, ele recebeu o prêmio de "Integrante
Distinto" da Associação Americana de Economia. Nordhaus é autor de vários
livros, entre eles Invention, Growth and Welfare, Is Growth Obsolete?
(Invenção, Crescimento e Bem-Estar, Crescimento Obsoleto?), The Efficient Use
of Energy Resources (Uso Eficiente de Recursos Energéticos), Reforming Federal
Regulation (Reforma da Regulamentação Federal), Managing the Global Commons
(Administração de Bens Globais), Warming the World (Aquecimento do Mundo) e, em
conjunto com Paul Samuelson, o livro didático Economics (Economia).
Último Nobel
O prêmio de Economia, oficialmente chamado de "Prêmio
do Banco da Suécia em Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel", foi
criado em 1968. A homenagem não fazia parte do grupo original de cinco prêmios
estabelecidos pelo testamento do industrialista sueco Alfred Nobel, criador da
dinamite. Os outros prêmios Nobel (Medicina, Física, Química, Literatura e Paz)
foram entregues pela primeira vem em 1901.
O Nobel de Economia é o último concedido este ano. Os
prêmios de Medicina, Física, Química, Literatura e Paz foram concedidos na
semana passada.
Últimos ganhadores do Nobel de Economia
2017: Richard
Thaler (Estados Unidos), por sua pesquisa sobre as consequências dos
mecanismos psicológicos e sociais nas decisões dos consumidores e dos
investidores.
2016: Oliver
Hart (Reino Unido/Estados Unidos) e Bengt Holmström (Finlândia), por suas
contribuições à teoria dos contratos.
2015: Angus Deaton (Reino Unido/Estados Unidos) por seus estudos sobre "o consumo, a pobreza e o bem-estar".
2013: Eugene
Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller (Estados Unidos), por seus
trabalhos sobre os mercados financeiros.
2012: Lloyd
Shapley e Alvin Roth (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre a melhor
maneira de adequar a oferta e a demanda em um mercado, com aplicações nas
doações de órgãos e na educação.
2011: Thomas
Sargent e Christopher Sims (Estados Unidos), por trabalhos que permitem
entender como acontecimentos imprevistos ou políticas programadas influenciam
os indicadores macroeconômicos.
2010: Peter
Diamond, Dale Mortensen (Estados Unidos) e Christopher Pissarides (Chipre/Reino
Unido), um trio que melhorou a análise dos mercados nos quais a oferta e a
demanda têm dificuldades para se acoplar, especialmente no mercado de trabalho.
2009: Elinor
Ostrom e Oliver Williamson (Estados Unidos), por seus trabalhos separados
que mostram que a empresa e as associações de usuários são às vezes mais
eficazes que o mercado.
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