Desde sempre prestigiei a Bienal do livro, como visitante —
este evento cinquentenário, que a cidade de São Paulo promove. Neste ano, de 03
a 12 de agosto, presenciei o encontro das principais editoras, livrarias e
distribuidoras do país por um lado novo e diferenciado, ou seja, lá estive como
autora, credenciada, levando na lapela um botão de prestígio. Passei de uma
para outra margem.
Assisti à adesão de muitos, que me cercam, e apoiam a
atividade em torno do livro e da poesia.
O Casa onde habitamos, SP: Scortecci, 2016, publicado em
janeiro de 2017, e agora relançado na Bienal, aborda a incomunicabilidade, o
luto moral e as relações possíveis no mundo contemporâneo. Seu conteúdo resulta
de vivências sociais e intelectuais, e a metáfora ‘casa’ surge como imagem
feminina, da qual me aproprio, ampliando-a para o elemento Terra. O livro
destina-se a público cuja insatisfação com a realidade leve a buscas
complementares. Creio que leitoras, principalmente, se beneficiarão, pois há um
forte apelo a imagens femininas.
Outro livro, do qual participei, como coautora, também veio
a público durante a Bienal; trata-se do sugestivo título O silêncio das
palavras. SP, Scortecci, 2018, uma Antologia que reúne vozes de todas as
regiões do país. Sei que me encontro naturalmente ligada à área de Letras e
lido profissionalmente com a literatura. Aliás, sempre privilegiei a leitura e
a escrita como meios complementares de aperfeiçoamento; a escrita me completa e
traduz anseios de comunicação subjetiva e intelectual. Defendo que quem lê,
gosta de si, e privilegia o tempo dedicado ao desejável objeto livro. Acredito,
por isso mesmo, no trabalho contínuo de conquista de leitores, acolhendo a
poesia com amorosidade e esperança.
O livro que me levou à Bienal é a minha segunda coletânea de
poesia. A primeira, ensaios, data do início dos anos 2000; o segundo, poemas,
Pequena história (PRAZERES, 2014), o mais recente Arcos de sentidos,
literatura, tradução e memória cultural (2018), venho, pois, lidando com temas
como solidão/comunhão/tempo e espaço, que resultam de experiências subjetivas e
profissionais.
Faço este relato por sugestão da cara amiga, Eglê Machado,
porque, ao ocupar, como disse, um novo lugar, no imenso pavilhão que abrigou
expositores, levei comigo a multidão que me traduz; além de que, essa vivência
iniciou-se a 03/8, dia dos anos do meu pai, a quem homenageio e reverencio sua
memória. Vida e poesia.
Heloísa Prazeres é natural de Itabuna, BA. Citada
no Dicionário de autores baianos. Salvador: Secult, 2006, e no Dicionário
de escritores contemporâneos da Bahia, Cepa, 2015. Medalha de Bronze do I
Concurso Literário da AECALB, Rio de Janeiro, 2016. Publicou, em livro, Temas
e teimas em narrativas baianas do Centro-Sul. Fcja; Unifacs; Secult,
2000; Pequena história, poemas selecionados. Salvador: Quarteto,
2014; Casa onde habitamos. Poesia. SP: Scortecci, 2016. Arcos de
sentidos, literatura, tradução e memória cultural. Itabuna: Mondrongo,
2018. Participou das Antologias Outros riscos do Prêmio Damário
DaCruz de Poesia. Salvador: FPC/ Secult, BA e Quarteto, 2013; Poetas
da Bahia, III. Salvador: Expogeo, 2015, Antologia 5º Prêmio Literário de
Poesia, Portal Amigos do Livro, São Paulo: Scortecci, 2015, O silêncio das
palavras, São Paulo: Scortecci, 2018.
Bacharel e Mestre em Letras pela UFBA.
Cumpriu doutorado em Literatura na University of Cincinnati, Oh. EUA.
Professora adjunta, aposentada do IL da UFBA. Foi titular na Universidade
Salvador, Unifacs. Coordenou o Núcleo de Referência Cultural da Fundação
Cultural do Estado da Bahia.
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