A Academia Brasileira de Letras elegeu, quinta-feira, dia 30
de agosto, o novo ocupante da Cadeira 7, na sucessão do Acadêmico e cineasta
Nelson Pereira dos Santos, falecido no dia 21 de abril deste ano. O vencedor
foi o também cineasta Cacá Diegues, que recebeu 22 votos. Participaram da
eleição 24 Acadêmicos presentes e 11 por cartas (três não votam por motivo de
saúde). Os ocupantes anteriores da cadeira 7 são: Valentim Magalhães (fundador)
– que escolheu como patrono Castro Alves –, Euclides da Cunha, Afrânio Peixoto,
Afonso Pena Júnior, Hermes Lima, Pontes de Miranda, Dinah Silveira de Queiroz e
Sergio Corrêa da Costa.
O NOVO ACADÊMICO
Carlos (Cacá) Diegues nasceu em Maceió, Alagoas, no dia
19 de maio de 1940, filho do antropólogo Manuel Diegues Jr. e de Zaira Fontes
Diegues. Cinéfilo desde a adolescência, também era poeta e trabalhava como
jornalista.
Em 1958, aos 18 nos de idade, teve seus poemas publicados no
Jornal do Brasil pelo ensaísta e crítico Mario Faustino, que o apresentou como
uma revelação na poesia brasileira. Por essa mesma época, participou ativamente
do movimento cineclubista no Rio de Janeiro, quando se integrou à nova geração
de cineastas que buscava registrar a verdadeira imagem do Brasil, num movimento
que seria conhecido como Cinema Novo, sob a liderança de Nelson Pereira dos
Santos.
Depois de realizar alguns curta-metragens, Cacá estreou
profissionalmente em 1962, dirigindo um dos episódios do filme “Cinco vezes
Favela”, produzido pelo Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE – um filme que
se tornaria uma das obras inaugurais do Cinema Novo.
Ao longo de sua carreira de cineasta, realizou mais de 20
filmes de longa-metragem, entre os quais “Ganga Zumba” (1964), “Os herdeiros”
(1969), “Joanna Francesa” (1973), “Xica da Silva” (1976), “Chuvas de verão”
(1978), “Bye Bye Brasil” (1980), “Quilombo” (1984), “Um trem para as estrelas”
(1987), “Tieta do Agreste” (1995), “Orfeu” (1999), “Deus é brasileiro” (2003),
“O maior amor do mundo” (2005) e agora “O grande circo místico” (2018), inspirado
na obra do poeta Jorge de Lima. Todos esses filmes foram lançados
comercialmente em diferentes países do mundo, nas salas de cinema e na
televisão, além de sua presença e de prêmios nos festivais internacionais mais
importantes, como Cannes, Veneza, Berlim, San Sebastian, Toronto, Nova York,
Mar del Plata e outros.
Cacá publicou alguns livros, nem sempre sobre cinema,
tendo começado com “Ideias e Imagens”, de 1988. Seus livros mais recentes são
"Vida de Cinema”, mais de 600 páginas sobre o Cinema Novo, e “Todo
Domingo”, uma coletânea de seus textos publicados semanalmente no jornal Globo.
Recebeu homenagens de diversas naturezas, no Brasil e no mundo, entre as quais
o titulo de Officier de l’Ordre des Arts et des Lettres, do governo francês; o
Prix de la Célebration du Centenaire du Cinématographe, do Instituto Lumière de
Lyon; o Golden Reel Award, do Grupo HBO; o Lifetime Achievement Award,
concedido pela cidade de Chicago; o Prêmio Roberto Rosselini, pelo conjunto de
sua obra, dado pela Associação Nacional dos Críticos de Cinema da Itália;
eleito Personalidade do Cinema Latino-Americano, pela Associação Internacional
de Críticos (Fipresci); Ordem do Mérito Cultural de Portugal; Comendador da
Ordem de Rio Branco, do governo brasileiro; Comendador da Ordem do Mérito
Cultural do Brasil; e outros.
Casado com a produtora de cinema Renata Magalhães, Cacá tem
um filho e 3 filhas.
30/08/2018
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