Estudo vespertino
A tarde no dorso do rio
Pelo intervalo de uma brisa
Ou parece encurralada
Se redoma é o mormaço
Vapor da última chuva
Gestação da nuvem próxima.
Estou no jardim da prefeitura
Continente de sombra onde a tarde
Exalará sua beleza eficaz
Para enredar os mitos da vida.
Sei que múltipla é a tarde
Repertório e fusão de imagens
Uma tarde de caixeiros-viajantes
A pasta vazia de pedidos
Das lavadeiras que ensinam à pedra
A força do seu trabalho
Do poeta insano, os pés descalços
Embarcado às pressas para a Bahia
Tarde
de ciganos desavindos
Sangue
derramado no poente
Tarde-dançante,
que ouvimos
Tarde,
quase noite de afagos
É
tarde.
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Renato de Oliveira Prata, natural de Itabuna, é membro da
Academia de Letras de Itabuna, ALITA, cadeira nº 20, desde 2011. Além do
premiado Mar interior, contemplado no Edital do Selo João Ubaldo Ribeiro
da Fundação Gregório de Mattos, na categoria poesia. Salvador: ADM, 2015 −
e Sob o cerco de muros e pássaros, Poesia, Prêmio Braskem Cultura e Arte.
Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado; Braskem, 2003 − Renato de Oliveira
Prata teve publicados os livros A quinta estação. Salvador: Ed. do A.
2007, A pulseira do tempo. Ilhéus: Mondrongo, 2012 e Pequena
Antologia Poética. Itabuna: Mondrongo, 2017.
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