29 de Maio de 2018
De pacato a feroz, em que grau o brasileiro está hoje?
“Os pacatos toleram tudo, exceto que se lhes perturbe a
pacatez. Pois então facilmente se fazem ferozes…”
Pedro Pinheiro da Cunha
Com estas palavras Plinio Corrêa de Oliveira, há 36 anos,
encerrava seu artigo na “A Folha de São Paulo” (14 de dezembro de 1982).
No artigo, considerado uma das peças históricas da
sociologia e análise da Opinião Pública, ele discorre a respeito da pacatez tão
característica do povo brasileiro, fazendo entretanto um alerta logo no
título: “Cuidado com os pacatos!”.
Por brevidade, não reproduziremos aqui o artigo em sua
íntegra, que pode ser lido neste endereço https://bit.ly/2sfpFsG. Mas,
como aplicá-lo para o dia de hoje? Não falamos de amanhã, do futuro, dos
próximos anos. Não. Vamos falar do dia de HOJE.
Enquanto a grande mídia procura focar seus comentários sobre
o que chamam de “greve dos caminhoneiros”, desabastecimento dos supermercados,
impedimento de mobilização por falta de combustível, efeitos sobre a economia,
sobre a saúde e a educação, como se aplica a análise do ilustre pensador
católico e líder da autêntica direita — quiçá única — da época?
De 2014 para cá o pacato povo brasileiro viu desvendado pela
Lava Jato uma torrente de denúncias de corrupção ocorridas nos últimos 13 anos
de governo da esquerda. Isso mesmo, daquela esquerda que gostava tanto dos
pobres que procurou saquear o país para aumentar o número deles. Cartéis
monumentais de corrupção operando com organização e desfaçatez mesmo durante as
investigações e inquéritos da Lava Jato. Algum fator misterioso lhes dava essa
segurança.
Pacatamente os brasileiros saíram às ruas do Brasil inteiro
para protestar contra o governo e pedir o impeachment da presidente
Dilma. Os políticos, em sua maioria com “culpa no cartório”, mas pressionados
pela estrondosa manifestação, votaram o impeachment imaginando que,
fazendo isso, o pacato cidadão brasileiro voltaria para seu chinelo, seu sofá e
administraria sua vidinha.
Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
na manifestação a favor
do impeachment da presidente Dilma
na manifestação a favor
do impeachment da presidente Dilma
Mas o pacato já estava caminhando em direção à ferocidade.
Diante de seus olhos o espetáculo diário de novas denúncias, novas delações, o
circo judiciário com uma verdadeira pirotecnia de defesas, agravos, recursos,
sem contar as novas mazelas envolvendo o novo presidente eleito na coalizão com
o PT.
Na sua pacatez os brasileiros assistiram animados o
desmantelamento das esquerdas, mas o festival de habeas corpus e de
justiça alternativa não serviu para interromper seu caminho rumo à ferocidade.
A velocidade aumentou quando novos espetáculos foram protagonizados pela
esquerda moribunda, como a teatral prisão de Lula, o ridículo acampamento
diante da Polícia Federal de Curitiba, que se foi esvaziando naturalmente, sem
que qualquer medida de força fosse tomada.
E, agora, o pacato brasileiro, em sua casa, sem poder sair
por falta de gasolina e vendo os mercados esvaziarem-se, assistem à última
tentativa de serem enganados pela grande mídia: “a culpa é dos
caminhoneiros, a culpa é do preço do óleo diesel”.
A esquerda sucumbiu à tentação, alertada por Plinio Corrêa
de
Bandeira anticomunista posta no Corcovado,
no início deste mês
no início deste mês
“Se a esquerda for açodada na efetivação das reivindicações
‘populares’ e niveladoras com que subiu ao poder; — se mostrar-se abespinhada e
ácida ao receber as críticas da oposição; — se for persecutória através do
mesquinho casuísmo legislativo, da picuinha administrativa ou da devastação
policialesca dos adversários, o Brasil se sentirá frustrado na sua apetência de
um regime ‘bon enfant’ de uma vida distendida e despreocupada. Num primeiro
momento, distanciar-se-á então da esquerda. Depois ficará ressentido. E, por
fim, furioso. A esquerda terá perdido a partida da popularidade.”
A tudo isso assistimos e a algo mais. Talvez o articulista
na época tenha evitado falar da cachoeira de corrupção — normal em todos os
governos de esquerda — que esmagaria o Brasil. Teria tido ele o receio de
parecer fora da realidade para os ainda pacatos que o liam? Mas seus
discípulos, conhecendo-o, sabem perfeitamente que todo esse panorama estava
certamente previsto e bem avaliado.
Agora, entramos na guerra das pesquisas eleitorais, quem é
ficha suja, quem é limpa (como se isso houvesse!). A direita, outrora excomungada,
tornou-se grife. E surge uma com uma nova agenda, impossível de se pensar há
alguns anos atrás: economia de mercado, valores morais, segurança, fim da
ideologia de gênero nas escolas, e tudo o mais que o Brasil pacato quer ouvir.
Quem ganhará: a direita? o centro? a esquerda? — perguntava
Plinio Corrêa de Oliveira e respondia — ganhará “quem conhecer as
verdadeiras fibras da alma brasileira e souber entrar em diálogo pacato com
essas fibras. Seja governo, seja oposição, pouco importa. A influência será de
quem saiba fazer isto.
Se a nova direita que desponta (muitas vezes ainda
envergonhada e se autodenominando de centro-direita), “não souber
manter-se no clima de pacatez, e passar para a violência física, legal ou
publicitária contra a esquerda, os pacatos lhes dirão: mas, afinal, qual é a
sinceridade, qual a dignidade de vocês, que quando eram oposicionistas [fracos,
fraquíssimos, omissos, diga-se de passagem] reclamavam para si liberdade e
respeito, e agora que são governo usam da perseguição e da difamação para quem
é hoje oposição?”
“E se os pacatos notarem acrimônia nos de centro e de
direita, dir-lhes-ão: está bem provado que é impossível conviver com vocês,
porque, nem vencedores, sabem ser de um trato distensivo”.
Assim, Plinio Corrêa de Oliveira finaliza seu alerta:
“E cuidado com os pacatos que se indignam, senhores da
esquerda, do centro e da direita. A hora não é para carrancas, mas para as
discussões arejadas, polidas, lógicas e inteligentes. Os pacatos toleram tudo,
exceto que se lhes perturbe a pacatez. Pois então facilmente se fazem ferozes…”
Os outrora pacatos caminhoneiros que o digam.
Comentário para Uma análise a propósito da paralisação
dos caminhoneiros
CostaMarques
29 de Maio de 2018 à 11:20
Estava também eu na minha pacatez, vendo o noticiário sobre
a “greve dos caminioneiros”, focalizando aspectos como a falta de mercadorias
nos supermercados ou gasolina nos postos etc. E pensava de mim para comigo:
isso não explica nada, porque essa manifestação-reação dos caminhoneiros tem
aspectos saudáveis até que encontro e leio de um só fôlego esse excelente
artigo de Pedro Pinheiro reproduzindo com felicidade e adaptando às recentes
manifestações o famoso: CUIDADO COM OS PACATOS!
Meus parabéns à ABIM e minhas congratulações a Pedro Parente que acertou no alvo.
Afinal descobri porque também eu sou um PACATO, mas cuidado com os Pacatos!
CostaMarques
Meus parabéns à ABIM e minhas congratulações a Pedro Parente que acertou no alvo.
Afinal descobri porque também eu sou um PACATO, mas cuidado com os Pacatos!
CostaMarques
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário