O problema é nosso
Basta alguns dias fora do Brasil para notar o tamanho dos
nossos problemas. Basicamente, bem menores do que parecem e fruto de um imenso
desamor pelo País. Em especial, por parte dos políticos e das elites,
responsáveis por nosso sucesso meia-boca, pela demora em produzir resultados e
por permitir que imensas corporações se apoderarem do Brasil. Traficantes e
milícias controlam as favelas. Burocratas controlam a administração pública.
Políticos controlam as verbas. Jornalistas controlam narrativas enviesadas. A
universidade foi capturada por corporativistas de uma esquerda arcaica.
A cidadania sofre e nem sabe direito por quê. Sabe apenas
que está ruim e, se pudesse, se mandava daqui. No final das contas, Thomas
Hobbes está certo. O homem é o lobo do homem e o que o homem quer é paz e
sossego para obter e desfrutar os ornamentos da vida. No Brasil não há nem paz
nem sossego. Salvo se você pagar taxas extras de segurança. Os riscos vão desde
os riscos físicos até os jurídicos e burocráticos – o velho conhecido “risco
Brasil”. O Brasil é um risco e a agenda política e midiática está toda errada,
já que ela não trabalha a favor da cidadania visando a minimizar os riscos.
Trabalha em favor de projetos de poder que misturam ideologia, corporativismo,
fisiologia e clientelismo.
As eleições de 2018 não devem resolver tais problemas.
Continuaremos a ter ilhas de excelência em meio a um mar de mediocridade. Elas
hoje não estão nem na política nem na imprensa, setores críticos para que um
país seja livre, forte e democrático. A política, como disse, está capturada
por projetos de poder. A imprensa, em parte expressiva, padece de um
esquerdismo infantilóide em sua memória residente que corre atrás de um sonho
juvenil. Para se salvar do tsunami das redes sociais, tende a ficar mais
sensacionalista e superficial e, lamentavelmente, menos relevante.
Por que, no final das contas, digo que nossos problemas são
menores do que parecem? Em primeiro lugar, porque são nossos problemas não
estão submetidos a condições externas. Em segundo lugar, porque existem ilhas
de excelência no País que podem contaminar positivamente os demais setores. Em
terceiro lugar, porque somos um povo resiliente e trabalhador. Por fim, porque
Deus é brasileiro e nos colocou ao lado dos argentinos e venezuelanos. Imaginem
se fôssemos vizinhos da China, da Rússia, da Síria ou da Coreia do Norte?
Imaginem se fôssemos palco de lutas religiosas entre sunitas e xiitas? Ou se
tivéssemos encravados em nós uma disputa milenar entre judeus e muçulmanos? Os
problemas estão postos e são nossos. Apenas nossos. Já é bem mais do que a
metade do caminho.
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