Estar cansado é um grande privilégio! Quando estamos
cansados somos capazes de filtrar os sentimentos por relevância e não por
carência. Somos capazes de dar valor ao que, realmente, merece e não ao que
julgamos merecer.
Nem todos irão entender a sua vontade de desistir.
Provavelmente, irão julgar seus caminhos, seus passos, suas escolhas e dizer
que você deveria ter “tido mais paciência”. Levando em consideração o quanto
você aguentou, o quanto relevou e o quanto perdoou para manter esse
relacionamento até aqui, você não deveria se importar com os conselhos alheios.
A vida seria mais simples (e chata) se tudo o que sentimos
coincidisse com o que outros pensam, não é? Mas a vida não é assim. É tanto
esforço, tanta insistência, tantos pedidos de desculpas aceitos que, um dia, a
gente cansa. Como diz Carpinejar “a gente não cansa de amar, a gente cansa de
não ser amado”.
A gente cansa de esperar por mudanças de quem não está
disposto a mudar, cansa de se esperar iniciativas de quem nunca as teve, cansa
de ser culpado de atitudes que não cometeu.
A gente cansa de ser uma versão resumida de si mesmo e de
tentar se encaixar na vida dos outros. A gente cansa de esperar carinho, de
cobrar a presença e de exigir respeito. Cansa de relevar as grosserias diárias
e de considerar apenas, as poucas, que nos fazem sorrir.
A gente cansa, sem poesia alguma, de ser trouxa. E quer
saber? Estar cansado é um grande privilégio! Quando estamos cansados somos
capazes de filtrar os sentimentos por relevância e não por carência. Somos
capazes de dar valor ao que, realmente, merece e não ao que julgamos merecer.
Aprendemos a fazer escolhas maduras e a arcar com as consequências dos nossos
atos com a seriedade que a vida exige.
Acontece exatamente assim: quando o cansaço nos abate, o
amor próprio nos levanta. A partir daí, somos capazes de caminhar sem culpas,
sem rancores, sem frustrações. Paramos de encontrar culpados e apenas seguimos
em frente.
Começamos a entender que amor cansado não sobrevive, mas que
pessoas cansadas se regeneram. Começamos a não aceitar relacionamentos mornos,
pessoas indecisas e ligações nos domingos a noite. Enxergamos o próprio valor e
aprendemos a respeitar os próprios limites.
Começamos a ver a vida colorida e a perceber que, por mais
que queiramos muito alguém, conseguimos viver sem. Constatamos que ninguém
morre de amor e que, toda dor, intensa ou não, passa.
Um dia, em alguma fase da vida, a gente percebe que precisa
assinar a própria carta de alforria e entender que, se nem o amor é eterno,
imagine o número de chances que damos aos outros.
Imagem: Pexels
Professora por vocação, escritora por paixão e teimosa por
natureza. Criadora e colunista do site o site ¨Entrelinhas Literárias¨, costuma
transformar em textos palavras que, nem sempre, deveriam ser ditas..
© obvious: http://obviousmag.org/conversa_literaria/2017/vai-por-mim-uma-hora-a-gente-cansa.html#ixzz5Fvw7m31h
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