2 de Maio de 2018
Plinio Maria Solimeo
Neste mundo tão egoísta, no qual só se pensa em gozar a vida, os filhos são
vistos quase sempre como empecilhos. Por isso deve-se tê-los no menor número
possível, ou nenhum, para evitar preocupação.
Por isso é edificante ver uma família que aceita como dom de
Deus todos os filhos — já vieram 14 e, surpreendentemente, todos varões.
O casal norte-americano Jay e Kateri Schwandt está disposto
a receber outros, “tantos quanto Deus mandar”. A singularidade de ter
todos os filhos homens chamou a atenção até da mídia nacional na primavera de
2017, quando Kateri esperava mais um filho. A revista People, por exemplo,
perguntou: “Menino ou menina? Família com 12 filhos espera o seu bebê nº.
13”. A resposta veio com a chegada de mais um menino em 13 de maio último,
a quem deram o nome de Francisco, em louvor do santo pastorzinho de Fátima.
Conhecendo-se desde o ginásio, ao se casarem aos 18 anos em
1993, Kateri e Jay não planejaram uma grande família. Claro, eles desejavam ter
filhos, mas Jay, que só tem uma irmã, julgava que três ou quatro filhos seria
uma grande família. Já Kateri, de uma família de 14 filhos, esperava ter pelo
menos cinco.
Durante os primeiros anos de casados, os esposos tinham
pouco dinheiro. “Mas não precisávamos de muito para ser felizes”, afirmam.
À medida que a família crescia, Kateri voltava à escola para mestrado em
serviço social, enquanto Jay frequentava a Faculdade de Direito e administrava
seu próprio negócio de agrimensura. Kateri afirma: “Eu sempre senti que
Deus nos aparelha com o que precisamos na situação em que nos coloca.” Quer
dizer, como expressa muito bem velho dito brasileiro, “cada filho que nasce,
traz consigo o seu pão”.
Quando se aproximava a vinda de mais uma criança, os pais
depositavam sua confiança em Deus, acolhendo com atenção a nova vida. Ao
chegarem os dois filhos mais novos, a atenção da mídia apresentou a família
Schwandt para os comentários públicos, que incluíam palavras de apoio, mas
também algumas críticas.
Jay lembra-se distintamente de um e-mail enviado por um
grupo de catequistas logo após o nascimento de Tucker, o penúltimo: “Quantos
filhos uma família católica deve ter?” Jay não titubeou: “Tantos
quanto Deus quer que você tenha”.
Sua residência, aninhada nos bosques a poucos quilômetros do
centro de Rockford, é o local perfeito para os meninos fazerem seus jogos,
construírem fortes e andarem com segurança em suas bicicletas.
O grande número de filhos não é pretexto para essa família
religiosa deixar de cumprir o preceito dominical. O casal escolheu a Missa das
11 da manhã, para dar tempo de preparar todo o rancho. Eles moram a poucos
minutos da igreja Nossa Senhora da Consolação. Diz Jay: “Temos uma rotina
muito boa. Quando todo mundo se levanta, eu saio com os que estiverem prontos,
geralmente os mais novos. Pego um dos garotos mais velhos para me ajudar, e
vamos para a igreja, onde temos um banco garantido”. “E eu trago a parte de
trás”, diz Kateri, que vai chegar um pouco mais tarde com os filhos mais
velhos, mais dorminhocos.
Na igreja, “quando eles têm 4 ou 5 anos e é hora de
ficar em pé, eles ficam de pé; quando é hora de se ajoelhar, eles se ajoelham”,
diz Jay. “Eles aprendem fazendo como você age na igreja”.
O casal confessa que a fé é a engrenagem que faz funcionar
toda a família. Os pais mostram à sua prole o caminho a seguir, com lições de
amor, paciência, serviço e perdão no dia-a-dia.
Evidentemente, diz Jay, “cada um deles tem sua
personalidade, e uma das melhores coisas que fizemos foi enviá-los a uma escola
católica, porque vão à igreja e começam todos os dias com uma oração”.
Frequentemente perguntam ao casal o que há de bom em ter uma
família grande. Eles respondem: “É o tempo em que passamos juntos, nos
querendo e nos animando. […] As crianças sempre foram uma parte de nós”,
acrescenta Jay. “Seja financeiramente ou oportunamente, nós administramos
a família. E quando eles têm idade suficiente para tomar suas próprias
decisões, pelo menos mostramos a eles o caminho certo espiritual e fielmente”.
Para reforçar a sua fé e adquirir novas forças para cuidar
bem de tantos filhos, o casal recorre à oração. Jay se refere à esposa como
o “pilar espiritual” da família. Ela é catequista da paróquia há dez
anos, e tanto ela quanto Jay participam da adoração perpétua. “Fico
ansiosa por isso, por causa da criação de uma família com tudo o que a
acompanha”, diz ela. “Quando sinto falta da adoração perpétua, sinto que
estou correndo baixo”, acrescenta.
Jay, para não descuidar dos filhos, costuma fazer sua hora
de adoração às 2 da madrugada de segunda-feira, quando provavelmente não será
interrompido.
Agora, com pouco mais de 40 anos, bem-humorados e
apoiando-se mutuamente, Jay e Kateri reservam para si o que eles chamam de “momentos
roubados” aos filhos. São os pequenos passeios a sós pela calçada, ou os 10
minutos que passam juntos na varanda dos fundos, enquanto os mais velhos
observam os mais jovens.
“O casamento, como qualquer outra coisa, evolui”, diz
Kateri. “Assim como os profissionais têm que fazer sua educação
continuada, você precisa constantemente alimentar seu casamento.” Por isso
eles têm o propósito de reservar um tempo para se ampararem mutuamente, e
tentar fazer tudo de maneira a incluir sua fé.
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Referências:
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