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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

DOM CESLAU STANULA – Do Laicato e dos Leigos (7)

25/01/2015
As Viagens Apostólicas do Papa Francisco

Sentimento de orfandade > solidão

O Papa ao falar aos bispos do Chile tocou o assunto que está bem próximo das nossas meditações ligadas com o Ano do Laicato no Brasil. Ele disse: “um dos problemas, que enfrentam atualmente as nossas sociedades, é o sentimento de orfandade, ou seja, sentir que não pertencem a ninguém”.  Muito falamos hoje sobre a comunidade, sobre a paróquia renovada, mas no fundo no fundo, o discurso não nos toca. Cada um leva a sua vida “sozinho”. E o Papa chama atenção que esta solidão pode atingir também os bispos e os padres. E ele disse: “Este sentir” pós-moderno pode penetrar em nós e no nosso clero; (...) esquecemo-nos que somos parte do santo povo fiel de Deus é que a Igreja não é, e nunca será, uma elite de pessoas consagradas, sacerdotes e bispos. Não podemos sustentar a nossa vida, a nossa vocação ou ministério, sem esta consciência de ser povo.

O Papa, “confirmando os irmãos na fé” também os previne sobre o perigo do mal que pode afetar tanto os pastores como, consequentemente as ovelhas. Sublinha fortemente, neste importante pronunciamento, sobre o mal moderno: a solidão, orfandade. Todos somos o povo querido por Deus, todos formamos uma só família que é a Igreja de Jesus, cada um segundo a sua vocação, tem o lugar determinado dentro deste povo de Deus. O Papa nos questiona: temos a consciência disto. Se todos compreendêssemos esta verdade em grande parte desapareceria a depressão, a doença provocada pelo “sentimento de orfandade”, pela solidão.

Com o abraço fraterno e a benção especial junto com a oração, desejo uma boa noite.
Dom Ceslau.

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26/01/2018
O clericalismo

No mesmo pronunciamento para os Bispos de Chile, o papa falando sobre a falta da consciência de fato de que todos somos o povo fiel de Deus, sublinha, o que nós estamos procurando desenvolver no Ano do Laicato: A Missão do leigo na Igreja. Falando sobre o “clericalismo” que é para ele a “caricatura da vocação recebida”, diz “os leigos não são os nossos servos, (bispos, padres...) nem nossos empregados. Não precisam de repetir, como 'papagaios' o que dizemos. O clericalismo (...) apaga pouco a pouco o fogo profético da qual a Igreja inteira está chamada a dar testemunho no coração dos seus povos. O clericalismo esquece que a visibilidade (...) da Igreja pertence a todo o povo fiel de Deus - (Conf. LG, 9-14) e não só a poucos e iluminados”.

Primeiro o que é o clericalismo. No entender do papa, é a tentação que reduz a experiência eclesial à operação do clero. Tudo depende do padre, do bispo... Tudo depende deles. Esta questão o Papa Francisco já várias vezes antes apontou nos encontros com os bispos, com os padres e com os funcionários do Vaticano.

Segundo, o Papa sublinha a importância do povo fiel de Deus. Por eles Deus também está agindo. A hierarquia na Igreja existe, mas não como superioridade sobre os fiéis leigos, mas, como também membros do mesmo  Povo fiel de Deus, a serviço, precisamente deste povo de Deus, para caminhando, juntos construir o Reino de Deus. Que lindo ensinamento para todos nós. Puxão de orelhas para os que se estão deixando levar pela tentação de clericalismo, mas também ressaltando a importância dos fiéis leigos.

Com a benção e a minha oração. Uma noite tranquila.
Dom Ceslau.

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29/01/2018
A tentação do clericalismo

Procurei deter-me sobre pronunciamento do Papa para os Bispos no Chile, porque vai ao encontro das nossas reflexões sobre o Ano do Laicato.

O Papa, para prevenir contra a tentação do clericalismo e diminuição da consciência da dignidade dos leigos, está preocupado também com o futuro. Por isso diz: “Por favor, vigiemos contra esta tentação, especialmente nos Seminários e em todo o processo formativo. Confesso-vos, que me preocupa a formação dos seminaristas: que sejam pastores ao serviço do povo de Deus; (...) que tenham esta consciência do povo. E continua dizendo: Os sacerdotes de amanhã devem formar-se, olhando o amanhã: o seu ministério desenvolver-se-á   num mundo secularizado. (...) prepará-los para realizar a sua missão neste cenário concreto e não nos nossos ‘mundos ou situações ideais’. A missão que se realiza em união fraterna com todo o povo de Deus. (...) Não ao clericalismo e mundos ideais, que só entram nos nossos esquemas, mas não tocam a vida de ninguém”.

O Papa toca aqui o calcanhar-de-aquiles da questão. Será que os nossos seminários estão formando pastores do povo de Deus? Às vezes se tem a impressão, do que se vê que os seminaristas estão mais preocupados com as vestes (batina, barrete, túnicas com forros e bordados sofisticados) do que com o serviço do povo fiel de Deus. Da impressão que mais celebram a “liturgia de panos”, do que o Mistério de Deus. É uma infiltração do mundanismo e vaidades, às vezes, contra a vontade dos formadores... “Depois, eu me arrepio pensando, diz o Papa, que esses pequenos monstros é que vão formar o povo de Deus!” (Papa Francisco aos Superiores Maiores em 29.11.14).

Todos somos responsáveis pela formação, os leigos também. Rezemos pelas vocações, para que tenhamos santos sacerdotes e pastores do Povo fiel de Deus.

Com a benção e oração.
Dom Ceslau.

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30/01/2018
Papa visita presídio feminino

As viagens Apostólicas do Papa não deixam ninguém excluído. No Chile visitou o presidio feminino. A mensagem que dirigiu para elas podemos sintetizar em duas palavras: dignidade e esperança.

Ele disse: “Ser privadas da liberdade não é o mesmo que ser privadas da dignidade, não! Não é a mesma coisa, A dignidade não se toca, em ninguém. Zela-se, defende-se, nutre-se. Ninguém pode ser privado da dignidade. Vós estais privadas, sim, mas da liberdade”.

O Papa não justifica erros cometidos. Mas afirma que ninguém pode privar a quem quer que seja da dignidade. Se por um momento a pessoa perdeu a dignidade cometendo o erro ou crime, como consequência fica privada da liberdade. Esta privação da liberdade tem o objetivo não só pagar a dívida para com a sociedade (castigo, pena), mas também restabelecer a dignidade da pessoa. A pena deve visar a correção e a futura reintegração na sociedade.

A reflexão: os nossos presídios respeitam e visam restituição da dignidade da pessoa? Numa cela programada para 4 ou 6 presos, abriga 12 ou mais. No Brasil não temos presídios, temos depósitos dos objetos humanos. O Papa, como Vigário de Cristo, condena o crime, mas denuncia a violação da dignidade humana.

Com a oração, para que Deus nos livre de todos os males da alma e corpo, e com a benção.
Um boa Noite.
Dom Ceslau.
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31/01/2018
Papa Francisco falou da esperança.

Para as presidiárias em Chile (e para todo o mundo), o Papa Francisco falou da esperança. Esperança de no futuro perto ou longe, reintegrar-se a sociedade. Ele disse: “...a vida se constrói olhando para o futuro, e não para trás. Hoje estais privadas da liberdade, mas isto não significa que esta situação é definitiva. Levantai o olhar sempre para frente...”. Uma pena sem futuro, uma condenação sem futuro não é uma condenação humana: é tortura”. (...) "Isto, exigi-o de vós mesmas e da sociedade. (...) olhai sempre para a frente, para a reintegração na vida normal da sociedade”.

O objetivo da Pastoral Carcerária, uma das pastorais mais difíceis, é este.  Manter a esperança nos presos, mas deva estender-se à família do preso e também da (das) vítima (as) prejudicada(as) com o crime. A todos levar a esperança da misericórdia de Deus e esta, renovará a face da terra. Com a oração e a minha benção.
Boa Noite.

Dom Ceslau.

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01/02/2018
Papa Francisco na América latina

Nas suas andanças apostólicas pela América Latina o Papa Francisco quis encontrar-se com o povo Amazônico. Aconteceu isto em Puerto Maldonado, em Peru. Expressou a alegria deste encontro, ouviu o “clamor do povo amazônico” e expressou o desejo de “plasmar nesta região uma Igreja com o rosto amazônico e uma Igreja com o rosto indígena”. Disse: “com este espírito, convoquei o Sínodo para a Amazônia no ano 2019. O Papa considerou como a primeira sessão deste sínodo, o encontro agora realizado. No seu discurso disse: reafirmamos uma opção sincera em prol da defesa da vida, defesa da terra e defesa das culturas”. No seu entender, a defesa da terra não tem outra finalidade senão a defesa da vida”.

O Evangelho não destrói a cultura nativa. Sublima-a. Jesus também se encarnou numa cultura, hebraica, e a partir dela ofereceu-se- nos. Cada cultura que recebe o Evangelho não a destrói, mas enriquece, e a Igreja por meio dela,  apresenta uma nova face do mesmo rosto de Cristo.
Com a minha oração e benção. Boa e repousante noite.

Dom Ceslau.
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02/02/2018
A Oração Missionária

Na viagem Apostólica ao Peru, o Papa Francisco encontrou-se com as Religiosas Contemplativas -Monjas. (Quem é o Monge (a)? É aquele que vive em Deus e em busca do Divino. O silêncio, o estudo e a oração, são os elementos que fazem parte do cotidiano do monge. A casa onde eles vivem chama se o Mosteiro).

Nesta ocasião, o papa num tom muito cordial fala a elas sobre a oração, mas a oração não aquela “que esbarra no muro do convento e volta para trás”, fala da oração missionária. “A oração que sai e parte...”.
E o Papa explica: “a oração missionária é uma oração que consegue unir-se aos irmãos nas mais variadas circunstâncias em que se encontram, pedindo que não lhes falte o amor e a esperança”. Desta forma a “vida na clausura consegue ter o alcance missionário e universal, um papel fundamental na Igreja. Através da oração de dia e de noite aproximais do Senhor as várias situações da vida humana. Através da oração a miséria dos homens se aproxima ao poder de Deus. (...) “podemos afirmar que a vida de clausura não algema, nem restringe o coração; antes o alarga”.

Reflexão: A vida dos monges e monjas não está compreendida na sociedade. Para a sociedade cada mosteiro envolve um ar de mistério.
O Papa abre a cortina do segredo da vida dos mosteiros e da vida contemplativa. Mostra que esta vida enclausurada é muito útil para todos. Eles “tem o papel fundamental na Igreja”.-  “Através da oração a miséria dos homens se aproxima ao poder de Deus”. - O Papa Francisco, nesta “cultura de descarte” mostrou o valor e a importância da oração, da intercessão. Os Monges (as) sem cessar intercedem a Deus pelo mundo. Se não rezo por qualquer motivo, sei que alguém esta rezando por mim. Não estou abandonado nesta sociedade materialista.
Existe a gratuidade, a virtude que Jesus nos revelou e a qual nós esquecemos. Alguém gratuitamente intercede por nós. São os Monges e Monjas.

Um abraço e uma boa noite. Com a minha benção e a oração.
Dom Ceslau.

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Dom Ceslau Stanula - Bispo Emérito da Diocese de Itabuna-BA, escritor, Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL

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