7 de Fevereiro de 2018
Ítalo Nóbrega (*)
Mas, ao acompanhar algumas notícias sobre toda a reação da
opinião pública brasileira contra a blasfêmia, e os comentários de muitos
articulistas a tal respeito, foi-me impossível não me lembrar do referido
conto. O leitor o conhece?
Alice é uma menina que certo dia se aborrece com a falta de
atenção de sua irmã mais velha. Por conta disso, resolve passear no jardim de
sua casa. Lá, encontra um coelho que chama sua atenção pelo fato de estar
portando um relógio de bolso. Ela resolve persegui-lo até sua toca.
O que ela não imaginava é que a toca era a porta de entrada
para outro mundo — o País das Maravilhas — em que os animais, as plantas e
outras coisas inanimadas podiam falar, coisas inusitadas aconteciam etc.
A menina desfrutava alegremente sua aventura até que um fato
interrompe tudo: ela acorda e percebe que aquilo não passara de um sonho. Todo
aquele mundo, aquelas criaturas, suas aventuras… Tudo fora um sonho.
Apesar de esse conto ser censurável em certos aspectos, seu
autor o é mais ainda, mas sua narrativa pode servir-nos de comparação para o
atual cenário político da esquerda brasileira.
“O país das Maravilhas da esquerda”
Protesto conservador diante do Sesc Pompeia, em São Paulo,
contra a presença de Judith Butler, ideóloga da revolução de gênero
A partir de meados dos anos 1980 partidos de esquerda
começaram a crescer. Seus líderes julgavam que se iniciava para eles uma “era
de ouro” no Brasil, diante de uma opinião pública fatigada com o regime
militar. Na verdade, tal “era de ouro” apenas se consolidou com a eleição de
Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, e a permanência de seu partido (PT) no
poder.
Foi o “país das maravilhas” para a esquerda. A partir desse
marco, o Brasil ia ganhando cada vez mais semelhanças com regimes socialistas,
tanto no campo econômico como no social.
No campo econômico poderiam ser citadas muitas medidas e
leis que interferiam — e muitas ainda interferem — nas relações
patrão-empregado, nas relações familiares, na livre iniciativa, no ensino etc.,
todas elas de cunho socialista.
Já no campo social caberia ressaltar toda a disseminação dos
falsos conceitos de liberdade e igualdade, tendo como resultado a propagação do
aborto, do homossexualismo, e de outras formas de mutilações morais.
Com todas essas transformações somadas ao fato de o PT
financiar outros governos socialistas, seria inteiramente lícito supor que em
mais algumas décadas o Brasil se tornaria a União Soviética da América do Sul.
E tudo caminhava para esse desfecho.
Algo, porém, interrompe tudo: a esquerda acorda e vê que
aquilo não passara de um sonho. Explico.
As pessoas que perseguiam esse objetivo estavam tão
inebriadas com a disseminação de seus valores anticristãos, que não perceberam
que a opinião pública já não os suportava havia tempo.
As manifestações instigadas pelo governo petista em 2013, a
propósito do “Passe livre”, tiveram um efeito boomerang e
constituíram para ele o início do fim, pois a opinião pública começou a gostar
da rua… Contudo, o fato culminante que a meu ver fez a esquerda realmente
sobressaltar-se foi a recente e imensa reação do povo brasileiro contra a
blasfêmia e a pornografia presentes na mostra do “Queermuseum”. As
seguintes reações contra outras “mostras de arte” terminaram de “tocar o
despertador”.
O povo brasileiro não aceitou a agenda homossexual propagada
pelo PT e pelos partidos de sua base aliada, que não contavam com essa
esmagadora recusa.
O relato de muitos jornalistas simpáticos às ideias
rejeitadas tão fortemente pelos brasileiros ilustra bem o quadro. “Absurdo”,
“retrocesso”, “atraso”, “volta à Idade Média” foram expressões muito
utilizadas, reveladoras do desapontamento que tiveram.
O Brasil autêntico e cristão mostra a sua face
O que convém lembrar a toda essa gente, desejosa de impor a
todo transe tais agendas ao povo brasileiro, é que nem seus discursos
igualitários e falaciosos, nem a dissolução moral difundida pela mídia e congêneres poderão exterminar a herança
religiosa e moral de um Brasil autêntico e cristão.
De um Brasil que a partir de 2013 vem se erguendo contra o
socialismo petista em gigantescas manifestações de rua — das quais a mais
memorável foi aquela de 15 de março de 2015 —, e cuja verdadeira grandeza se
revelará no dia não longínquo em que, regenerado pelas bênçãos de Nossa Senhora
Aparecida e envolto nos braços do Cristo Redentor, ele cumprir com a vocação
histórica que a Divina Providência lhe concedeu.
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(*) Fonte Revista Catolicismo, Nº 804, Dezembro/2017.
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