Céu Estrelado
Quando olho
o céu cheio de estrelas, fico a pensar: “Qual será a minha?” Os teólogos, os
católicos intelectuais, dirão: “Que bobagem! O céu é um estado de espírito.”
Sei disso. Mas como é bom não ter compromisso com a teologia, nem com a
ciência. E deixar que meu eu criança domine o meu mundo. E é isso que faço
agora.
Um dia, o
Pai do Céu chamou uma estrelinha e disse: “Estrelinha, você vai descer à terra
e tomar conta de uma criança que vai nascer hoje. Não perturbe sua liberdade. Deixe
que ela lhe descubra. Aos pouquinhos ela vai unindo-se a você. E quando eu
determinar, você a trará junto de mim.” E assim, minha estrelinha foi
ajudando-me na caminhada. Com o meu Batismo, ela começou a nascer dentro de
mim. Com a minha Primeira Comunhão, tornou-se mais nítida. E, apesar de muitas
quedas, sempre consigo encontrá-la. Depende da minha união com ela para que sua
luz me ilumine. Sei que enquanto eu estiver aqui na Terra, esta união não
poderá ser perfeita. Aqui, vivo como naqueles brinquedos de armar, um
quebra-cabeça. Não há acomodação perfeita, há sempre um desequilíbrio, ora um
aborrecimento ou uma incompreensão, dores ou uma preocupação, uma dúvida, tanta
coisa!
Depois da
missão cumprida, quando o Pai do Céu disser que está na hora, então a minha
estrelinha me levará ao meu lugar certo. Então, eu e ela passaremos a ser a
mesma estrela. É o lugar certo no brinquedo de armar.
Espero em
Deus não perder minha estrela de vista. E com a “certeza na frente e a minha
estrela na mão chegarei lá”.
Hoje, o
meu eu criança, fitando o céu, tenta identificar cada estrela, reconhecer em
cada uma os meus queridos que já se foram. “Aquela estrela é o papai, aquela
outra de mamãe e a de lá de cima, bem pequenina e brilhante é a de Chiquinho.” E
por aí eu vou brincando com as estrelas.
O mais
gostoso é imaginar a festa das estrelas
com a minha chegada no céu.
(ARCO ÍRIS)
Marília Benício dos Santos
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