Rio mudo
Para Eglê Machado
-Mãe D'agua do Cachoeira
Velho Cachoeira, hoje, rio mudo.
Perdeu o seu sonoro cascatear
sobre pedras que o faziam tonar,
numa mistura de tons grave e agudo.
Agora, assombroso rio surdo-mudo,
não ouve das lavadeiras o cantar,
nem da criançada o som do mergulhar.
Será que ainda enxerga, velho sisudo?
Ou cerra os olhos intencionalmente
para não ver o hipócrita que mente,
– que se diz protetor da natureza –,
mas que, na calada da fria noite,
lança ao rio seu lixo, que, qual açoite,
flagela as águas com sua impureza.
Bahia, Salvador
Oscar Benício Dos Santos
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário