Nobel de Química para três cientistas pela invenção das "máquinas moleculares"
05/10/2016
Nobel de Química foi
atribuído em conjunto ao francês Jean-Pierre Sauvage, o britânico Fraser
Stoddart e o holandês Bernard Feringa, pais das minúsculas "máquinas
moleculares" que prefiguram os nano-robôs do futuro.
Os três vencedores
"conduziram os sistemas moleculares para estados nos quais, ao serem
preenchidos de energia, podem controlar seus movimentos", explicou o júri
do Nobel.
"O motor molecular
está hoje na mesma fase que o motor elétrico nos anos 1830, quando os
cientistas exibiam várias manivelas e rodas, sem saber que isto conduziria aos
trens elétricos, às máquinas de lavar, aos ventiladores e aos processadores de
alimentos", completa.
Jean-Pierre Sauvage, 71
anos, professor na Universidade de Estrasburgo (leste da França), foi o
primeiro a imaginar as 'nanomáquinas', que apresenta como uma "montagem
molecular capaz de colocar-se em movimento de forma controlada em resposta a
diversos sinais: luz, mudança de temperatura, etc".
"Tais sistemas
existem, muito numerosos, nas células vivas e intervêm em todos os processos
biológicos importantes", ele explicou em 2008.
Na origem de sua descoberta
ele uniu duas moléculas em forma de anel para formar uma cadeia, chamada
"catenano".
Esta experiência foi
desenvolvida depois por Fraser Stoddart, 74 anos, professor na Northwestern
University (Estados Unidos), e que criou um "rotaxano": ele enfiou um
anel molecular em um fino eixo molecular e demonstrou que o 'anel' poderia
deslocar-se ao longo do eixo.
A descoberta permitiu criar
um 'elevador molecular' e um 'músculo molecular'.
Fraser Stoddart passou a
infância em uma fazenda de sua família na Escócia.
Sem energia elétrica ou as
comodidades da vida moderna, ele se divertia com quebra-cabeças, um passatempo
que o ajudou a desenvolver uma qualidade essencial para um químico: reconhecer
as formas e observar como podem ser unidas", recordou a Academia Real de
Ciências da Suécia.
O fascínio com as formas
prosseguiu durante o seu trabalho de pesquisa. Stoddart
Bernard "Ben" Feringa,
65 anos, professor na Universidade de Groningen (Holanda), foi o primeiro a
desenvolver um "motor molecular", o que permitiu desenvolver um
"nanoveículo".
Entrevistado ao vivo pela
Academia Sueca, ele disse "ter a impressão de ser um pouco parecido aos
irmãos Wright, que voaram (de avião) pela primeira vez há 100 anos. As pessoas
perguntaram 'para que precisamos de máquinas voadoras?' E agora temos o Boeing
747 e o Airbus".
"Se pensarmos nos
materiais que podemos criar hoje graças à química, em nossa capacidade para
introduzir funções dinâmicas e construir máquinas, ou produzir materiais que
podem mudar de função, então as possibilidades são infinitas", afirmou.
"As máquinas
moleculares serão muito provavelmente utilizadas no desenvolvimento de objetos
como os novos materiais, os sensores e os sistemas de armazenamento de
energia", explicou o júri do Nobel.
A criação de computadores
moleculares, que permitiriam armazenar e tratar a informação a nível molecular,
ou robôs microscópicos com capacidade para cumprir uma grande variedade de
funções, na Medicina ou na vida diária, estão entre as potenciais aplicações
destas máquinas.
O prêmio de 8 milhões de
coroas (832.000 euros) será dividido entre os três. No ano passado, o Nobel de
Química foi concedido a Aziz Sancar (Turquia/Estados Unidos), Paul Modrich
(Estados Unidos) e Tomas Lindahl (Suécia) por suas pesquisas sobre a reparação
do DNA.
A categoria Química foi a
última dos Nobel científicos a ser anunciada este ano.
gab/fp
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